10 filmes sobre transtorno de personalidade múltipla
Giselle Costa Rosa
Transtorno dissociativo de identidade ou Transtorno de personalidade múltipla é um estado mental caracterizado por duas ou mais identidades ou personalidades que controlam o comportamento de uma pessoa, acompanhados de perda de memória.
Muitos filmes usaram esse estado psicológico para criar fascinantes reviravoltas e personagens bem peculiares e marcantes. Ele tem sido usado desde as primeiras adaptações como em “O Médico e o Monstro” (1941), e mais especialmente nas últimas décadas.
Aqui está uma pequena lista daqueles que conseguiram fazer consideravelmente um bom trabalho:
1 – Eu, Eu Mesmo & Irene (Me, Myself & Irene), 2000. De Peter Farrelly, Bobby Farrelly, com Jim Carrey, Renée Zellweger
Quando os irmãos Farrelly estão no comando, você sabe o que está em uma comédia com um roteiro sólido, cheio de humor negro e situações politicamente incorretas. Assim, este era uma película perfeita para Jim Carrey, permitindo-lhe fazer o que ele faz de melhor, criando seu personagem ao lado Fletcher Reede e Lloyd Natal.
Ele faz parte da força policial de Rhode Island há 17 ano, cuja bondade tem sido abusada e aproveitada inúmeras vezes ao longo de sua vida. Após anos de raiva reprimida, ele sofre um colapso nervoso, desencadeada pela infidelidade de sua esposa, criando assim Hank, um alter-ego violento e rude. Hank não tem nada em comum com Charlie: beberrão, agressivo e grosso com todos. Até que ambos conhecem e se apaixonam por Irene Waters (Renée Zellweger) e passa a lutar consigo mesmo para terem o domínio do mesmo corpo.
Esta comédia em ritmo acelerado permitiu Carrey explorar o seu talento ao máximo, e ele fez isso através da demonstração de transformações gloriosas do boa índole Charlie ao rude Hank, deliciosamente perverso. Altamente recomendado pra quem é fã do ator.
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2 – A Janela Secreta (Secret Window), 2004. De David Koepp, com Johnny Depp, Maria Bello
Johnny Depp tem um bom desempenho como um escritor em apuros, com base em fonte literária de Stephen King. Mort Rainey é um escritor em crise, que acaba de se separar de sua esposa (Maria Bello) após tê-la flagrado com outro homem, tornando-se cada vez mais violento ao longo do tempo. Mort decide se isolar em uma cabana à beira do lago Tashmore, em busca de tranquilidade. Porém lá aparece John Shooter (John Turturro), que começa a atormentá-lo ao acusá-lo seguidamente de plágio.
Não é de se estranhar que papéis de personagens desequilibrados e mentalmente instáveis sejam interpretados por Depp, sempre muito à vontade neste tipo de trabalho. É uma delícia de assistir Depp aceitar a realidade distorcida e terrível de seu personagem, forçando assim os espectadores a tomar um outro olhar para a alma do escritor em questão.
Infelizmente, enquanto Depp é excelente, o filme em si não tem um desfecho satisfatório nem impactante para qual apontava inicialmente. No entanto, mesmo que o final seja previsível, os fãs de Johnny Depp ficarão satisfeitos em vê-lo nesta trama. Sua maneira tipicamente peculiar é completamente apropriada para este filme.
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3 – Vestida para Matar (Dressed to Kill), 1980. De Brian De Palma, com Michael Caine, Angie Dickinson
Neste thriller erótico, numa Nova York dos anos 80, Michael Caine está na pele de um psiquiatra que tem problemas em avançar com o tratamento de um dos seus pacientes. Aqui Caine desempenha o papel completamente atípico para ele, provando mais uma vez o quão versátil é como um ator.
Ele assume um papel muito complexo em um sentido emocional e o faz com grande facilidade, embora seja um pouco subjugado às vezes. Caine faz o que pode para trazer o suspense e a tensão necessária, mas isso nem sempre é fácil com o material dado, uma vez que esta é uma homenagem direta a “Psicose”, apesar de ser inferior à obra mencionada. Assim, mesmo que tenha passagens satisfatórias, o final surge como clichê e previsível.
No entanto, Caine está entre os personagens mais convincentes do filme, e ele rouba quase todas as cenas que se encontra, fazendo com que o espectador o desejasse mais tempo na tela. O filme em si é se configura apenas como uma uma diversão barata, enquanto ele oferece um desempenho sólido como um médico em conflito com algumas questões altamente complexas sobre sua sexualidade. Especialmente nas cenas em que seu lado feminino prevalece.
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4 – Síndrome de Caim (Raising Cain), 1992. De Brian De Palma, com John Lithgow, Lolita Davidovich
Carter Nix (John Lithgow) é um famoso psicólogo infantil que esconde alguns segredos terríveis que emergem ao descobrir a infidelidade de sua esposa. Brian de Palma ataca novamente com outro thriller psicológico, que, apesar de ter um script muito incoerente, é acelerado, às vezes engraçado e, ocasionalmente, realmente assustador.
Ele consegue entregar uma quantidade maior de suspense e agitação emocional e o crédito disso se deve principalmente para o personagem principal verdadeiramente cativante, John Lithgow. Ele carrega o filme através do seu personagem atormentado (que é, obviamente, concebido para ser um vilão) uma dimensão humana, de modo que suscita nos espectadores uma empatia, apesar de seus problemas mentais óbvios.
Cada personagem que ele interpreta é diferente na fala, movimentos, modos e gestos, que vão desde um pequeno bebê a uma pessoa adulta. Se você é fã de Lithgow e De Palma, você estará diante de uma criação de atuação hipnotizante.
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5 – O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll and Mr. Hyde), 1931. De Rouben Mamoulian, com Fredric March, Miriam Hopkins
Esse filme foi o primeiro a mencionar o Transtorno dissociativo de identidade. Para se ter ideia do quanto é intrigante e interessante foi para os cineastas esse longa, já houve 123 adaptações de até agora dele. Fredric March é brilhante interpretando um médico que acredita que há um lado bom e mau em todos, e que faz uma poção para separá-los. Ele acaba deixando seu lado selvagem solto e comete crimes horríveis. Uma vez que este filme foi inovador, foi necessário um ator forte para jogar ambas as partes de forma convincente. Ele equilibra bem entre o médico respeitado e seu bizarro alter-ego assassino que começa a prevalecer ao longo do tempo.
Enquanto ele teve que trocar o diálogo florido, romântico com Rose Hobart como Jekyll (e torna-se chato depois de um tempo), não há restrições para ele como Hyde. Sua transformação, tanto física, devido à fantástica maquiagem e efeitos, quanto artística, é a parte fundamental deste filme.
6 – Identidade (Identity), 2003. De James Mangold, com John Cusack, Ray Liotta
Pouco antes da execução de um assassino condenado, verifica-se há alguns novos elementos de prova a serem considerados, e o processo tem que ser adiadas, pois ele é supostamente insano. Nós também seguem uma história paralela, cerca de dez pessoas presas em um motel decadente no deserto de Nevada durante uma chuva torrencial. Um agressor desconhecido começa a matar os hóspedes do motel.
São as duas histórias conectadas. Será que as mortes têm algo a ver com o homem que espera para ser executado? As respostas serão entregues tensas, cheias de ação em noventa minutos e, embora o final seja um pouco de um previsível, a grande atuação do elenco deve ser mencionada. Alguns dos atores realmente tem performances fantásticas, incluindo John Cusack e Ray Liotta.
Quando as peças começam a se encaixar no filme, os personagens tornam-se progressivamente assustadores. Você poderia ter esperado tudo o que aconteceu antes dos créditos finais, mas os seus olhos estavam certamente colados na tela.
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7 – Ilha do Medo (Shutter Island), 2010. De Martin Scorsese, com Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo
Em sua quarta colaboração com Martin Scorsese, Leonardo DiCaprio, é Teddy Daniels, designado para investigar o desaparecimento de um paciente no Shutter Island Ashecliffe Hospital, em Boston. Como ele recebe pouca ou nenhuma ajuda dos médicos, com mais e mais coisas bizarras acontecendo, ele começa a duvidar de tudo e de todos, até mesmo de sua própria sanidade.
DiCaprio carrega o filme inteiro em suas costas, apoiado pelo restante do elenco. Seu desempenho é forte e convincente, mas afetado pelo resultado previsível do roteiro. Ele retrata com sucesso o homem emocionalmente arruinada que vem para investigar por motivos pessoais, intercalando sorriso de satisfação, quando ele está indo bem na investigação, e o olhar de desespero genuíno quando ele percebe que seu mundo está desmoronando.
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8 – O Operário (The Machinist), 2004. De Brad Anderson, com Christian Bale, Jennifer Jason Leigh
A devoção maníaca de Christian Bale para preparação de um papel já é bem conhecida. Mas ele realmente chegou ao limite aqui, uma vez que ele reduziu seu peso para miseráveis 55 kg, a fim de desempenhar um operário de fábrica com uma insone psicossomática. Seu personagem regularmente sai com prostitutas, e, simultaneamente , encontra-se obcecado por uma jovem garçonete. Num dado momento, ele se convence de que alguém quer eliminá-lo e começa a coleta de evidências.
No entanto, os conspiradores parecem estar sempre um passo à frente, e assim ele afunda mais e mais em sua paranoia delirante. Ele terá que enfrentar seus maiores medos, a fim de responder às perguntas que incomodam. Graças à direção inteligente, Bale é capaz de explorar seu imenso talento para mostrar a complexidade de seu caráter conflituoso. Apenas um ator com sua habilidade poderia oferecer uma ampla gama de emoções, em um personagem tirado diretamente das obras do grande Dostoiévski, mais notavelmente “O Duplo” e “Crime e Castigo”. Este filme, de Trevor Reznik, leva-nos por um túnel de percepção distorcida da realidade, causada principalmente pela falta de sono.
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9 – Clube da Luta (Fight Club), 1999. De David Fincher, com Brad Pitt, Edward Norton
“Clube da Luta” é um clássico de Hollywood instantânea que alcançou o status cult em apenas 15 anos após a seu lançamento. Até mesmo o escritor do livro em que o filme foi baseado, Chuck Palahniuk, disse que seu trabalho era inferior ao longa. As razões para isso são numerosos, mas é principalmente graças ao alto nível de atuação de todos os envolvidos, especialmente Edward Norton. Seu personagem na trama é apenas um pequeno parafuso na maquinaria da América corporativa, cuja insônia faz ele ir a lugares estranhos e conhecer diferentes pessoas, até que uma delas vira sua vida de cabeça para baixo.
Essa pessoa, vivida por Brad Pitt, vai atentá-lo para os males do capitalismo, oferecendo-no uma oportunidade para combatê-lo de uma maneira muito emocionante. Jack (Edward Norton), começa a se sentir vivo pela primeira vez, mas isso lhe traz um conjunto de consequências. Norton realmente brilha aqui, porque muitos dos telespectadores acabaram se identificando com seu personagem. Ele é um epítome de um homem moderno, sempre com pressa, trabalhando horas a fio com a finalidade de ganhar dinheiro para comprar coisas que ele não quer e impressionar as pessoas que ele não gosta.
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10 – Psicose (Psycho), 1960. De Alfred Hitchcock, com Anthony Perkins, Janet Leigh
“Psicose” é um dos melhores thrillers psicológicos / horrores de todos os tempos. Ele já foi dito inúmeras vezes como impecável por sua direção e roteiro, mas de certa forma subestimaram o desempenho de Anthony Perkins, apesar de ter sido sutil e cheio de nuances. O melhor papel de sua carreira como um proprietário motel modesto com uma mãe dominadora. Ele pode não ser um homem de muitas palavras, mas suas expressões faciais, movimentos e as coisas que ele não diz falam sobre ele. Norman não é um típico vilão altivo, ele consegue ser assustador e estranhamente fascinante ao mesmo tempo, fazendo e dizendo coisas completamente normais.
Não importa quantas vezes você assistir a este filme, Perkins sempre consegue surpreender você, entregando tanto a loucura e como a ternura. É praticamente impossível imaginar qualquer outra pessoa como Norman Bates. O desempenho icônico de Anthony Perkins marcou a história do cinema, criando um dos personagens de filmes mais influentes de todos os tempos. Um dos melhores personagens de um filme de terror/suspense na história do cinema em geral.
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