1899 crítica da série da Netflix 2022

Foto: Netflix / Divulgação

‘1899’, um celeiro de comparações

Pedro Marco

A espera acabou e finalmente pudemos conferir se “Dark”, o grande sucesso de Baran Bo Odar e Jantje Friese foi um grande acerto de principante ou mesmo uma estreia de uma grande dupla na cultura pop. Na trama da série 1899, um navio desaparecido e uma gama de personagens com estilos, vidas e nacionalidades diferentes abrem espaço para uma nova aventura da equipe que revolucionou as séries de língua não-inglesa na Netflix.

1899 é um grande celeiro de comparações. Isto vai desde a mais eminente, com a antecessora de seus criadores, onde um novo mistério viciante acaba perdendo força pela ausência de carisma e de profundidade de seus personagens. Ainda brincando com questões de tempo, destino, fendas e mistérios além da compreensão, a nova série acaba patinando em uma trama de complexidade exacerbada. Este fator, acaba aparentando um certo receio da produção em querer o murmúrio do mistério e teorias (quebrado pelo padrão Netflix de soltar toda a temporada no mesmo dia) e não tanto na sua qualidade básica do plot.

Outra comparação curiosa acaba sendo com o clássico de James Cameron, “Titanic”. Não apenas pela obviedade de um navio perdido com quatro chaminés, mas todo o clima que havia entre o final do século 19 e início do século 20 com estes gigantes de metal. A imponência naval, inicialmente dominada por Alemanha e Inglaterra, acaba sendo um símbolo da segunda revolução industrial, e principalmente de uma cruel divisão de classes, mesmo em terras que não pertencem a ninguém.

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1899 é plágio?

Ainda neste meio, a segunda grande investida de Baran e Jantje pode ser comparada ao início de carreira das irmãs Watchovsky, com “Matrix” em “1999”, e a pressão que havia em suas produções seguintes. No caso dos alemães, uma escolha segura de se manter no mesmo gênero e formato acabou sendo um ponto a favor – por conta do conforto com a fórmula -, e contra, pela expectativa de ter algo de fato surpreendente, como foi “Dark” e não um simples ‘mais do mesmo’.

Por fim, é inevitável citar a comparação com a revista em quadrinhos da brasileira Mary Cagnin, intitulada “Black Silence”, e que vem causando um grande murmúrio nas redes sociais e reascendendo fortes discussões de plágio e diminuição do artista independente. As obras compartilham diversos elementos visuais (como a pirâmide e os símbolos oculares), além de uma ‘embarcação’ à deriva com uma tripulação multinacional com mortes misteriosas e vozes guias. A quadrinista, que prova ter distribuído a publicação em Gotemburgo para diversos editores e produtores, tem o seu quadrinho disponibilizado gratuitamente na internet.

Mas voltando para a série…

1899 consegue dar continuidade aos fãs órfãos de “Dark”, utilizando bem de seu orçamento elevado, mas pecando em sua força de confiança própria. Ao encerrar a temporada, que provavelmente não será a única, vemos que o mesmo pecado que maculou sua antecessora perdura, sendo uma série muito melhor aproveitada com lançamentos semanais.

Onde assistir à série 1899?

A saber, a série 1899 estreou em 17 de novembro no catálogo da Netflix.

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Trailer da série 1899, da Netflix

https://www.youtube.com/watch?v=hxGXPirkFGU

1899: elenco da série da Netflix

Emily Beecham

Aneurin Barnard

Andreas Pietschmann

Miguel Bernardeau

Ficha técnica da série 1899, da Netflix

Título original da série: 1899

Temporada: 1

Episódios: 8

Duração: 50 minutos

Criação: Jantje Friese e Baran bo Odar

Direção: Baran bo Odar

Roteiro: Jantje Friese, Dario Madrona López Gallego, Emma Ko, Jerome Bucchan-Nelson, Juliana Lima Dehne, Emil Nygaard Albertsen

País: Alemanha

Gênero: ficção científica

Ano: 2022

Classificação: 16 anos

Pedro Marco

Pedro Px é a prova de que ser loiro do olho azul e com cabelos e barbas longas, não te garantem ser parecido com o Thor. Solteiro, brasiliense e cozinheiro, se destaca como autor de 7 livros, host do Pipocast, membro da Academia de Letras de sua cidade, fundador de Atlética universitária, padrinho da Helena, e nos tempos livres faz 40h semanais como engenheiro civil. Escreve sobre cinema desde que tudo aqui era mato, sendo Titanic seu filme favorito
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