‘1899’, um celeiro de comparações
Pedro Marco
A espera acabou e finalmente pudemos conferir se “Dark”, o grande sucesso de Baran Bo Odar e Jantje Friese foi um grande acerto de principante ou mesmo uma estreia de uma grande dupla na cultura pop. Na trama da série 1899, um navio desaparecido e uma gama de personagens com estilos, vidas e nacionalidades diferentes abrem espaço para uma nova aventura da equipe que revolucionou as séries de língua não-inglesa na Netflix.
1899 é um grande celeiro de comparações. Isto vai desde a mais eminente, com a antecessora de seus criadores, onde um novo mistério viciante acaba perdendo força pela ausência de carisma e de profundidade de seus personagens. Ainda brincando com questões de tempo, destino, fendas e mistérios além da compreensão, a nova série acaba patinando em uma trama de complexidade exacerbada. Este fator, acaba aparentando um certo receio da produção em querer o murmúrio do mistério e teorias (quebrado pelo padrão Netflix de soltar toda a temporada no mesmo dia) e não tanto na sua qualidade básica do plot.
Outra comparação curiosa acaba sendo com o clássico de James Cameron, “Titanic”. Não apenas pela obviedade de um navio perdido com quatro chaminés, mas todo o clima que havia entre o final do século 19 e início do século 20 com estes gigantes de metal. A imponência naval, inicialmente dominada por Alemanha e Inglaterra, acaba sendo um símbolo da segunda revolução industrial, e principalmente de uma cruel divisão de classes, mesmo em terras que não pertencem a ninguém.
Leia também:
‘Inside Man’ só se salva pelo elenco
Sexta temporada de ‘Elite’ é um novo ciclo para a série
Quinta temporada de ‘The Crown’ sugere um final apressado da série
1899 é plágio?
Ainda neste meio, a segunda grande investida de Baran e Jantje pode ser comparada ao início de carreira das irmãs Watchovsky, com “Matrix” em “1999”, e a pressão que havia em suas produções seguintes. No caso dos alemães, uma escolha segura de se manter no mesmo gênero e formato acabou sendo um ponto a favor – por conta do conforto com a fórmula -, e contra, pela expectativa de ter algo de fato surpreendente, como foi “Dark” e não um simples ‘mais do mesmo’.
Por fim, é inevitável citar a comparação com a revista em quadrinhos da brasileira Mary Cagnin, intitulada “Black Silence”, e que vem causando um grande murmúrio nas redes sociais e reascendendo fortes discussões de plágio e diminuição do artista independente. As obras compartilham diversos elementos visuais (como a pirâmide e os símbolos oculares), além de uma ‘embarcação’ à deriva com uma tripulação multinacional com mortes misteriosas e vozes guias. A quadrinista, que prova ter distribuído a publicação em Gotemburgo para diversos editores e produtores, tem o seu quadrinho disponibilizado gratuitamente na internet.
Mas voltando para a série…
1899 consegue dar continuidade aos fãs órfãos de “Dark”, utilizando bem de seu orçamento elevado, mas pecando em sua força de confiança própria. Ao encerrar a temporada, que provavelmente não será a única, vemos que o mesmo pecado que maculou sua antecessora perdura, sendo uma série muito melhor aproveitada com lançamentos semanais.
Onde assistir à série 1899?
A saber, a série 1899 estreou em 17 de novembro no catálogo da Netflix.
Aliás, está de olho em algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.
Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:
Trailer da série 1899, da Netflix
https://www.youtube.com/watch?v=hxGXPirkFGU
1899: elenco da série da Netflix
Emily Beecham
Aneurin Barnard
Andreas Pietschmann
Miguel Bernardeau
Ficha técnica da série 1899, da Netflix
Título original da série: 1899
Temporada: 1
Episódios: 8
Duração: 50 minutos
Criação: Jantje Friese e Baran bo Odar
Direção: Baran bo Odar
Roteiro: Jantje Friese, Dario Madrona López Gallego, Emma Ko, Jerome Bucchan-Nelson, Juliana Lima Dehne, Emil Nygaard Albertsen
País: Alemanha
Gênero: ficção científica
Ano: 2022
Classificação: 16 anos