1999: duas décadas do ano que marcou o cinema

*Texto originalmente publicado no Medium do colaborador Fabio Rodrigues

Quase chegando ao fim do ano de 2019, precisamos lembrar um ano icônico para o cinema de duas décadas atrás. De fato, 1999 marcou uma geração de cinéfilos. Diria que foi o último ano a marcar a sétima arte dessa forma. Depois disso, tivemos 2001, 2004, 2007. Mas nenhum deles chegou perto do que a virada do milênio proporcionou. Foram variadas produções de alto nível, diversos gêneros (até invenção de novos) e obras que sobreviveram e ainda hoje têm relevância na cultura pop.

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Você duvida do que foi dito acima? Então vamos começar citando “A Bruxa de Blair”, que revolucionou a forma de fazer terror. Faça o favor de não confundir com o remake. Apostando num marketing pesado, o longa de Eduardo Sánchez e Daniel Myrick fez um estrondoso sucesso, conseguindo ficar no Top 10 de maiores bilheterias. As pessoas acreditaram que o que se passava na tela realmente era verdade. Para se ter uma noção, os atores desapareceram. Tudo isso contribuiu para passar um ar de veracidade que provocou um pavor coletivo na época.

E aí, sentiu um gostinho do que foi 99? Então senta que lá vem história. Além disso, o ano também ficou marcado com diversos filmes adolescentes e românticos. O primeiro da franquia “American Pie”, “Ela é Demais”, “Um Lugar Chamado Nothing Hill”, “10 Coisas Que Odeio Em Você”, com o eterno Heath Ledger, entre outros. Dentre esses, eu destaco “Segundas Intenções”, que mostra uma aposta arriscada de dois meio-irmãos e conta com uma bela trilha sonora.

Por falar em franquia, entre começos e voltas, além do já mencionado “American Pie”, tivemos a estreia de “A Múmia”, “Toy Story 2” e a volta mais esperada que levou milhões de fãs aos cinemas: Star Wars. O filme de George Lucas subintitulado “A Ameaça Fantasma” foi o primeiro da trilogia de prequel (narrativa que mostra a história antes das obras originais), mas o quarto levando em consideração o todo da série. O longa foi um sucesso comercial. No entanto, sofreu com duras críticas.

Então, agora que você já tem um pouco de background sobre o que foi o ano de 1999 para o cinema, numa ordem crescente, vamos ao supra-sumo: OS MELHORES FILMES DO ANO!

MAGNOLIA

Maravilhoso. Emocionante. Mágico. Intenso. Faltam adjetivos para qualificar a obra-prima de Paul Thomas Anderson. Com um elenco recheado de grandes atores do calibre de Tom Cruise e Julianne Moore, PTA conta a história de nove personagens que moram aos arredores da rua Magnolia, em Los Angeles. Por coincidência ou não, as histórias acabam se cruzando. Tem um momento crucial no filme que é bem tocante. Redenção, aceitação, perdão, frustração, “Magnolia” fala sobre como são as pessoas.

BELEZA AMERICANA

O grande vencedor do Oscar 2000: Melhor Filme, Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia, Melhor Diretor e Melhor Ator para o, hoje, persona non grata Kevin Spacey. O longa-metragem foi a estreia de Sam Mendes na direção. Fortes críticas à sociedade americana e seu american way of life, explorando temas como amor romântico e paterno, sexualidade, materialismo, alienação e libertação social. Chocante, provocativo e satírico, já começa com uma revelação bombástica que ronda toda a trama.

O SEXTO SENTIDO

Um dos maiores filmes – talvez o maior – do diretor M. Night Shyamalan. Certamente, um dos finais mais surpreendentes da história do cinema mundial. A reviravolta é tão marcante quanto Luke Skywalker descobrindo que Darth Vader era seu pai. A saber, o terror psicológico gira em torno de Cole Sear (Haley Joel Osment) e Bruce Willis na pele do psicólogo Malcolm Crowe. O menino sensitivo encontra em Malcolm um alguém que possa ajudá-lo a enfrentar os seus medos.

https://www.youtube.com/watch?v=29nOhat6agw

CLUBE DA LUTA

Dirigido pelo célebre David Fincher, o filme é baseado no livro homônimo de Chuck Palahniuk, publicado em 1996 – três anos antes da obra ir às telonas. Aliás, Edward Norton e Brad Pitt dão um show de atuação. Norton, que tem nome creditado como “O Narrador”, é um homem comum que está cansado da sua rotina e sofre de insônia (informação importante!). Já Tyler Durden, interpretado por Pitt, é um vendedor de sabonetes. A dupla cria uma espécie de clube, onde homens vão para lutar entre si num combate estilo vale-tudo. Reflexões sobre consumismo e capitalismo marcam presença na trama. É válido destacar que temos mais um plot twist, com uma surpreendente revelação ao final do longa. Não fez tanto sucesso quanto merecia naquela época. Entretanto, ao longo dos anos, foi ganhando seu valor. Hoje é considerado cult!

MATRIX

“Inovador”. Se tem uma palavra que consegue sintetizar o que foi o primeiro filme da trilogia das irmãs Wachowski, certamente, essa resume a obra em sua essência. Então, sabe aquela cena que o Neo, personagem interpretado por Keanu Reeves, desvia de balas? É um efeito especial chamado de bullet time que ficou eternizado no longa. Além disso, mais do que revolucionar, “Matrix” trouxe questionamentos filosóficos e existenciais. Vemos referências a “Alice no País das Maravilhas” (que, curiosamente, também teve uma versão em 1999); “Alegoria da Caverna”, de Platão; bem como “Simulacros e Simulação”, de Jean Beaudrillard; além de uma gama de animes cyberpunk como “Ghost In The Shell” e “Akira”. Por fim, o sucesso que reverbera até nos dias atuais, teve, recentemente, a continuação da história confirmada com Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss reprisando os papéis de Neo e Trinity, respectivamente.