20 anos do lançamento de ‘O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel’

Vanderlei Tenório

Os fãs de O Senhor dos Anéis esperaram todo o ano de 2001 pelo lançamento do primeiro de três filmes baseados no romance de 1.300 páginas de J.R.R. Tolkien (1892-1973). Há 20 anos, o primeiro trailer de O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel apareceu em janeiro. O vídeo prometia um espetáculo de fantasia exorbitante completo com dragões, monstros e batalhas.

Em junho, uma prévia de 26 minutos foi exibida no Festival de Cinema de Cannes, fornecendo mais impressões do épico que se aproximava, que retrataria a busca de uma pequena criatura semelhante a um humano, o hobbit Frodo Bolseiro, para destruir um anel incrivelmente poderoso a fim de salvar o ficcional mundo da Terra-Média.

Ele deve lutar contra o malvado necromante Sauron e também contra a atração do anel mágico. Ao longo do ano, a foto do hobbit segurando um anel de ouro nas mãos foi o anúncio do filme e teve uma impressão mais duradoura do que bestas míticas cuspidoras de fogo.

A trilogia

Em 10 de dezembro de 2001, há exatamente 20 anos, Senhor dos Anéis: Sociedade do Anel, o primeiro filme da trilogia, estreou em Londres, chegando aos cinemas em todo o mundo nos dias que se seguiram. Ao todo, arrecadou US$ 897 milhões (algo em torno de R$ 5 bilhões na cotação atual). As Duas Torres, por outro lado, foi lançado um ano depois, arrecadando US$ 947 milhões nas bilheterias (R$ 5,4 bi); enquanto O Retorno do Rei arrecadou mais US$ 1,15 bilhão em 2003 (R$ 6,5 bi).

A trilogia recebeu, ao todo, 30 indicações ao Oscar, tendo conquistado 17 estatuetas. Os três títulos foram finalistas ao prêmio de Melhor Filme, mas somente o último, O Retorno do Rei, foi vitorioso. E a estes se somaram mais de 250 prêmios, o que comprova sua excelência técnica e artística.

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Foto: Divulgação

Rotten Tomatoes

O Rotten Tomatoes apurou que todos os filmes possuem avaliações superiores a 90% de aceitação, sendo As Duas Torres o com a melhor cotação (96%). De acordo com o Box Office Mojo, apenas quatro filmes fizeram mais que O Retorno do Rei: O Rei Leão (1994), de Rob Minkoff e Roger Allers; assim como Jurassic Park (1993), de Steven Spielberg; Star Wars – Episódio 1 (1999) de George Lucas; e, por fim, Titanic (1998), de James Cameron.

E a trilogia Senhor dos Anéis não é sucesso somente entre os experts da linguagem cinematográfica. De acordo com o olhar da indústria de Hollywood, todos os três segmentos são também obras muito populares, tendo faturado, em conjunto, mais de US$ 3 bilhões nas bilheterias de todo o mundo. O Retorno do Rei, sozinho, atingiu o seletíssimo grupo dos filmes que superaram a marca do um bilhão.

Aplaudidos pelos fãs, elogiados pela crítica e recebidos com entusiasmo pelo público em geral. Poucas franquias cinematográficas foram levadas às telas com tanto cuidado, atingindo resultados tão positivos. A obra inspirou outras produções de fantasia igualmente populares, incluindo Jogos Vorazes (2012-2015), bem como a longa série Game of Thrones (2011-2019).

Primeiras adaptações

J.R.R. Tolkien (1892-1973) nunca esperou que alguém transformasse sua história épica em um filme. Mesmo assim, o escritor vendeu os direitos por uma pequena quantia para um estúdio de produção independente chamado United Artists, porque ele não queria que fossem para a poderosa corporação Disney. O autor não gostava das versões Disney de contos de fadas e lendas.

A United Artists passou os direitos para Saul Zaentz (1921-2014), um produtor de sucesso (One Flew Over the Cuckoo’s Nest e Amadeus), que apoiou a primeira tentativa de filmar a trilogia O Senhor dos Anéis, um filme de animação dirigido por Ralph Bakshi. Mas o projeto parou praticamente no meio do livro e não foi continuado por falta de interesse.

Dois anos depois, uma versão televisiva da segunda parte foi feita como anime japonês, para os mercados japonês e americano. Uma adaptação para o cinema foi exibida na  televisão soviética em 1991. O filme Chraniteli foi rodado em um estúdio de Leningrado, baseado na primeira parte da história, Sociedade do Anel. O filme ficou perdido por muito tempo, apenas para ser redescoberto este ano e colocado no YouTube.

Peter Jackson

Mas então o diretor Peter Jackson mostrou interesse. Um excêntrico cineasta da Nova Zelândia com cabelo despenteado e uma barba desalinhada que gostava de efeitos especiais. Experimentando câmeras Super 8 desde criança, ele arrastava amigos e familiares na frente das câmeras para fazer curtas-metragens.

Sua primeira produção de longa-metragem foi um filme de terror chamado Bad Taste, completo com motosserras, alienígenas e canibais, que ganhou vários prêmios de fantasia e ficção científica e alcançou o status de cult.

Sua indicação ao Oscar de melhor roteiro original do drama psicológico Almas Gêmeas (1994) foi sua descoberta na indústria do cinema convencional. O mundo do cinema percebeu os estranhos depois que seus filmes de gênero foram exibidos em festivais de prestígio como Cannes e Veneza.

No início da década de 1990, Jackson e sua esposa Fran Walsh redigiram um roteiro que ele entregou à produtora New Line Cinema, que se convenceu da ideia e lhe deu um orçamento de cerca de US$ 150 milhões. Assim, há cerca de 20 anos, o diretor começou a filmar O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel em sua terra natal a Nova Zelândia, onde encontrou as paisagens que deram vida à Terra-Média. Lindas colinas e vales férteis, assim como cadeias de montanhas geladas e formações rochosas acidentadas, vulcões e florestas.

Harry Potter

As filmagens dos três filmes aconteceram entre 11 de outubro de 1999 e 22 de dezembro de 2000, com cenas adicionais sendo filmadas posteriormente. Um projeto muito ambicioso e sem precedentes.

Na época, Hollywood apenas filmava uma sequência após o sucesso do filme original, incluindo os filmes O Exterminador do Futuro; bem como Indiana Jones; e até mesmo Star Wars, de George Lucas.

Então, há 20 anos, quando foi lançado, O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel estava competindo com a primeira adaptação para o cinema de Harry Potter, que havia estreado algumas semanas antes e tinha um sucesso estrondoso.

A franquia Harry Potter reúne nove filmes e supera as cifras de outras sagas, como Star Wars, James Bond e a própria O Senhor dos Anéis. Com bilheteria de US$ 8,5 bilhões, só perde para o Universo Cinematográfico da Marvel, que, por ora, agrega 27 longas. Ao todo, a saga atraiu 14 indicações ao Oscar, sempre em categorias técnicas, como trilha sonora, direção de arte e efeitos visuais. O primeiro prêmio só veio em 2017 com o troféu de melhor figurino para Animais Fantásticos e Onde Habitam.

Sucesso

Por fim, a trilogia O Senhor dos Anéis, que acabou totalizando cerca de US$ 270 milhões em custos de produção, recuperou suas despesas na velocidade da luz.

A próxima adaptação de Tolkien de Peter Jackson não foi menos bem-sucedida. De 2012 a 2014, ele filmou a trilogia Hobbit, que se passa cerca de 60 anos antes dos eventos em O Senhor dos Anéis e conta a história de como Bilbo Bolseiro (Ian Holm/Martin Freeman) adquiriu o poderoso anel em primeiro lugar. Esses três filmes arrecadaram pouco menos de US$ 3 bilhões.

Além disso, a partir de setembro de 2022, a Amazon planeja transmitir uma série de TV relacionada que remonta ainda mais, cerca de mil a três mil anos, envolvendo personagens familiares e um vilão ainda mais perverso do que Sauron.

Turismo na Nova Zelândia

Aliás, o merchandising, de bonecos de pelúcia Gollum a mapas turísticos, é outra fonte de receita que se tornou indispensável para a indústria cinematográfica.

Os filmes desencadearam um boom no turismo na Nova Zelândia. Até hoje, fãs entusiasmados reservam passeios para, por exemplo, o conjunto da vila hobbit de Hobbiton perto de Matamata na Ilha do Norte. O local foi preservado desde que foi construído para o filme.

O Monte Doom também é um ímã turístico. Assim como o Monte Ngaurohoe eleva-se acima do Parque Nacional de Tongariro, também na Ilha do Norte.

Além disso, a Ilha do Sul também oferece muitas atrações turísticas para os fãs de O Senhor dos Anéis. O fascínio pela história, suas filmagens e as locações não diminuiu nem mesmo 20 anos após a estreia de A Sociedade do Anel. É, de fato, uma obra atemporal.

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Vanderlei Tenório

Vanderlei Tenório é colunista dos jornais Tribuna do Sertão e Gazeta Regional de Jaguariúna, dos portais 082 Notícias e JB Notícias, do Web Jornal O Estado RJ – OERJ, colaborador do portal Repórter Nordeste, da Revista Alagoana, do jornal Tribuna de Itapira e do site português Cinema7Arte, além de editor da página Cinema e Geografia. Siga o jornalista no perfil pessoal, como colunista e em Cinema e Geografia.
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