CRÍTICA | Nova roupagem do clássico infanto-juvenil ‘O Escaravelho do Diabo’ sai do óbvio para atrair o público jovem
Silvia RC Almeida
Baseado na obra homônima de Lúcia Machado de Almeida, a adaptação de Carlo Milani para o cinema, irá enfrentar grandes desafios. Mas ao contrário do que alguns poderiam pensar, nenhum deles está ligado com a qualidade do filme. O livro que dá origem a esse suspense é da coleção infanto-juvenil Vagalume e está fortemente gravada na cabeça de alguns fãs que não querem aceitar as necessárias transformações e modernizações do clássico. Entretanto Milani não teme esses desafios e encarou o desafio de fazer um filme para um mercado pouco explorado na indústria cinematográfica brasileira: os adolescentes. O diretor disse em entrevista coletiva que espera opiniões divergentes sobre suas mudanças e que isso não é algo ruim, pelo contrário enriquece a discussão e ensina mais ao próprio que faz seu debut nas telonas.
Originalmente focado em um estudante de medicina que busca vingança pelo assassinato de seu irmão mais novo, nessa versão vemos o estreante Thiago Rosseti como um Alberto agora com 13 anos, usando de sua imaginação, tecnologias e muita cultura pop, para ajudar o Inspetor Pimentel, Marcos Caruso, a desvendar o assassino de seu irmão. A escolha de inverter os papéis para que o público alvo se identificasse com o protagonista, apesar de ousada, funcionou na minha opinião de quem já leu o livro no colégio, afinal devemos lembrar que a classificação etária do filme é 12 anos. O que me leva a outro problema que filmes nacionais podem encontrar: será que o público jovem irá ao cinema para ver um filme como O Escaravelho do Diabo? Gostaria de acreditar que sim, mas temo pelo embate do longa com os blockbusters de heróis americanos, e nem gosto de pensar na falta de espaço nas salas de Multiplex, que repetem exaustivamente os mesmos filmes. Por favor, eu não tenho nada contra os tais filmes, mas acredito que já aconteceu mais de uma vez o famoso “já assisti tudo o que está passando aqui” e não conseguir horário para aquele filme menos famoso que passa somente em uma sala da sua cidade. Milani utiliza da fotografia e de recursos visuais de maneira excelente, minha única crítica seria o uso de um efeito especial de animação para representar uma sequencia estilo video game. Não sou expert no assunto mas os gráficos pareciam um Nintendo 64 quando acredito na qualidade dos nossos animadores, e sei que eles estão mais para PS4. A trilha sonora composta para o filme é excelente e o tema do vilão é bem interessante durante o longa. Infelizmente quando chegamos nos créditos e ela toca por inteiro, algo parece desalinhado, eu não sei explicar muito bem, mas acho que Paulo Miklos sobrou na parceria de Black Alien e Don L. Talvez a música sozinha, sem estar em no filme, fique mais interessante, mas não é o tipo de som que me atrai particularmente. Da minha parte detesto dar spoilers, mas posso dizer que o filme me surpreendeu e muito positivamente, inclusive no quesito do desenrolar da história que não lembrava muito. Eu levaria um filho, minha sobrinha pré-adolescente ou o meu marido ao cinema (a verdade é que eu adoraria ver o filme novamente, risos!). As cenas de violência não são muito pesadas, elas existem mas Carlo tomou cuidado para que a força estética do vilão estivesse em outros momentos e não nos assassinatos em si, aliás a cena mais perturbadora para mim foi uma cena que envolve apenas crianças. Temas como Bullying, DDA e um tipo de Mal de Alzheimer são levantados no filme e, se for levar uma criança, talvez seja interessante conversar com ela sobre o assunto depois.
E lógico não perca em breve o Blah TV 13 e as entrevistas exclusivas com os atores Marcos Caruso, Thiago Rosseti e o diretor Carlo Milani que nos contaram um pouco mais sobre ‘O Escaravelho do Diabo’.
FICHA TÉCNICA