CRÍTICA | ‘A Incrível Jornada de Jaqueline’ entrega um desfecho apressado, exagerado e açucarado demais
Thiago de Mello
A Incrível Jornada de Jaqueline é um filme simples. A história, os personagens, as piadas, o drama, a mensagem, tudo é descomplicadamente leve. Mas a partir do momento que a história dá uma guinada para um tom mais dramático, o filme apresenta problemas determinantes.
O maior sonho do fazendeiro argelino Fatah (Fatsah Bouyahmed) é participar da grande feira de Agricultura, de Paris. Lá ele poderia apresentar Jaqueline, sua amada vaca, e concorrer ao prêmio de melhor bovino. Até que um dia chega o estimado convite e Fatah, com a ajuda de sua comunidade, pega um barco para Marselha e parte para uma jornada pela França, a pé e ao lado de Jaqueline. No caminho, Fatah conhece novas pessoas e vive inusitadas situações.
Trata-se de um road e feel good movie descomplicado e com uma certa originalidade. O filme francês consegue, em poucos minutos, cativar o espectador. Principalmente por conta de Fatah. O personagem é um homem simples, trabalhador e sonhador. Fatah não busca glórias com prêmio. Para ele, é o curso natural de uma vida de trabalho. “A Feira é a Meca do camponês”, diz o personagem. Fatsah Bouyahmed realiza um belo trabalho, entregando ao espectador uma atuação à altura cativante do personagem.
O filme encontra interessante forma de narrar a jornada da dupla. Através das aulas da professora da comunidade de Fatah, as crianças (e nós, espectadores) entendem um pouquinho mais da região francesa e como e onde está o protagonista. É uma montagem interessante.
Fatah é fascinado pela França. E esse fascínio sempre acompanha o personagem, que observa as paisagens, povo e situações cotidianas sempre boquiaberto. Enquanto esse encanto o acompanha, o filme funciona muito bem, fazendo rir e emocionando na medida certa. A partir do momento que ele acaba é onde A Incrível Jornada começa a apresentar alguns problemas.
Quando Fatah conhece Philippe (Lambert Wilson) – um milionário divorciado, depressivo e à beira da falência –, o filme toma outro rumo. Embora o trabalho de Wilson não seja ruim, Philippe pouco acrescenta na história. O mesmo acontece quando Hassan (Jamel Debbouze), cunhado de Fatah, se torna parte da trama. O personagem é implicante e sem qualquer carisma. É, talvez, o ponto mais negativo.
O terceiro arco do filme, muito por conta dos personagens citados acima, é o que impede que A Incrível Jornada de Jaqueline seja, de fato, incrível. A conclusão do filme não possui o frescor de outros momentos do longa, entregando um desfecho apressador, exagerado e açucarado demais. Ainda assim, é filme de três arcos distintos onde apenas o último não cumpre com a expectativa. Ou seja, é um bom filme.
A Incrível Jornada de Jaqueline estreia em 28 de julho.
FICHA TÉCNICA