Crítica de Filme: Os Instrumentos Mortais – Cidades dos Ossos

Stenlånd Leandro

Caro leitor…Fico me questionando o que vocês me responderiam se soubessem que o longa Os Instrumentos Mortais – Cidades dos Ossos é simplesmente algo para adolescentes e teria como protagonista uma jovem linda, um triângulo amoroso, vampiros e lobisomens? Vem algo em sua mente? Crepúsculo talvez ou quem sabe True Blood? Ah, sim! Esqueci de The Vampire Diaries!

Sinto dizer, mas sou totalmente contra a Saga Crepúsculo, ainda que afirmem que gosto não se discute. Então convenhamos que preguiça intelectual para trazer a vocês esta crítica foi o que mais me surgiu!

cidade dos ossos pôsterA história, fatídica premissa, é baseada em uma jovem cujo nome é Clary (de longe o que melhor o filme tem a oferecer) que tem um dia-a-dia normal até que tudo começa a ficar ‘’torto’’ e estranho. A mesma começa a desenhar um símbolo misterioso, uma espécie de runa, que não faz a menor ideia do que significaria. O desenho aparece em tudo que é lugar, incluindo na espuma do café?! Cadê o sentido nisso?!

Tal elemento (Runa) é um prenúncio de memórias reprimidas da protagonista que começam a aflorar na cabeça da mesma. E assim, começam a aparecer coisas estranhas como o apartamento da jovem ser atacado e destruído por um cão demoníaco. Se algumas coisas se salvam neste filme, logo começam a aparecer outras que, sinceramente, me irritaram no decorrer do longa, como a atuação paupérrima de Jamie Campbell Bower (Jace) – digna de Robert Pattinson -, que se faz passar como amigo enigmático da jovem, e também o amigo Simon, fazendo deste um triângulo amoroso.

O que você faria se descobrisse que é de uma linhagem de caçadores das sombras e que teria  “poderes” sobrenaturais? No atual momento do filme, vê-se que os Shadowhunters não se preocupam em levar o demônio para um galpão para poder matá-lo, pois eles não têm piedade e matam aonde estiverem. Claro, afinal, se eles não podem ser vistos pelos seres humanos, não haveria porque ir até um galpão para isso.

Assim, o longa perde o tom de normalidade, levando à vida de Clarry algo paranóico, um tom mais sombrio. Os Instrumentos Mortais – Cidades dos Ossos começa realmente a ganhar uma fotografia cada vez mais escura e sombria, chegando em alguns momentos a ser um ponto negativo. A equipe de arte conceitual fez um excelente trabalho (ao menos alguém fez). Das marcas dos Shadowhunters até os cenários, tudo perfeito. O instituto dentre outros detalhes podem ser vistos com clareza. A equipe de efeitos visuais e mixagem também está de parabéns. Pelo menos isso é algo de bom em produções do tipo.

Clary Fray com Simon, um dos participantes do "triângulo amoroso"

Clary Fray com Simon, um dos participantes do “triângulo amoroso”

Se enredo é o problema na sua opinião, posso dizer que o filme deve satisfazer aqueles fãs que querem ver uma película quase copiada do livro. Herald Zwart fez algo ‘’legal’’ em questão de adaptação, e isso, acrescido à toda precisão da equipe técnica, fez com que o longa passasse a ser algo singular à obra da autora.

Por ser adaptação, Os Instrumentos Mortais – Cidades dos Ossos tem lá suas discrepâncias com o livro, mas todas as mudanças, adiantamento de fatos que só ocorrem apenas nos volumes sequentes da série, por exemplo, exemplificaram a preocupação do diretor em não agradar apenas os fãs de Cassandra Clare, mas também todos os espectadores que vão ter o primeiro contato com o mundo dos Caçadores de Sombras através das telas de cinema.

cidade dos ossos cena

Clary Fray e Jace, o “outro” namorado

A tentativa de adaptar é sempre perigosa já que pode ser perdida a essência e acabar desagradando aos fãs. Os Instrumentos Mortais – Cidades dos Ossos, felizmente, não se enquadra nessa categoria e todo o roteiro mostra o empenho de tornar o filme “comercial” suficiente. Do primeiro ao último minuto é notável, para quem leu, a mudança de vários acontecimentos do livro. Além disso, o final deixa claro que houve uma preocupação com o público-alvo do filme e o quão os espectadores que não conhecem a história poderão sair satisfeitos da sala de cinema, sem lamentar o dinheiro gasto no ingresso.

Portanto, o primeiro filme da série Os Instrumentos Mortais cumpre o que promete (para os fãs), ou seja, por não ser um apreciador da saga terei de ser justo no meu ponto de vista e dar uma nota de acordo com o que penso da franquia num todo (livro e longa). Tem ação suficiente para entreter e mistérios para que o espectador não desgrude o olho da tela do cinema e perca alguma informação preciosa ou cena imprescindível para o bom entendimento do contexto. Porém, posso dizer que o longa é desses que você não vai ter vontade de rever (caso não seja fã), pois um dos maiores problemas do filme, no meu ponto de vista, foi o fato de não decidir se quer ser um uma aventura para agradar a todos ou um “romancezinho” mixuruca para adolescentes… Não odiei, mas não gostei tanto quanto parece. Mesmo assim está muito longe de ser bom, apesar de também estar distante de ser tão ruim quanto se imagina.

BEM NA FITA: Efeitos Especiais e adaptação fiel ao livro.

QUEIMOU O FILME: “Lenga Lenga” batido de triângulo amoroso em filmes do gênero a que se propõe o longa.

FICHA TÉCNICA:

Nome: Os Instrumentos Mortais – Cidades dos Ossos (The Mortal Instruments: City of Bones)
Gênero: Drama
Direção: Harald Zwart
Roteiro: I. Marlene King, Jessica Postigo
Elenco: Aidan Turner, CCH Pounder, Chad Connell, Chris Ratz, Elyas M’Barek, Godfrey Gao, Harry Van Gorkum, Jamie Campbell Bower, Jared Harris, Jemima West, Jonathan Rhys-Meyers, Jonathan Seinen, Kevin Durand, Kevin Zegers, Lena Headey, Lily Collins, Robert Maillet, Robert Sheehan, Stephen R. Hart
Produção: Don Carmody, Robert Kulzer
Fotografia: Geir Hartly Andreassen
Montador: Joel Negron
Trilha Sonora: Atli Örvarsson
Duração: 130 min.
Ano: 2013
País: Alemanha / Estados Unidos
Cor: Colorido
Estreia: 23/08/2013 (Brasil)
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: Constantin Film Produktion / Sony Pictures Entertainment / Unique Features
Classificação: 12 anos
Informação complementar: Baseado em obra de Cassandra Clare

Stenlånd Leandro

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
NAN