CRÍTICA | ‘Prova de Coragem’ é um drama que foge um pouco do padrão “Globo”
Demétrius Carvalho
Um casal e suas crises. Hermano (Armando Babaioff) médico bem sucedido, Adri (Mariana Ximenes) artista plástica na iminência de apresentação de seu trabalho. Sabotados por eles mesmos (inconscientemente ou não), colocam o futuro do casal em perigo quando ela engravida após deixar de usar o contraceptivo sem avisar seu companheiro. Este que já não desejava a gravidez e tem que conciliar o período com uma viagem com Renan (Daniel Volpi) para escalar na Terra do fogo. Cada um disposto a seguir em frente, força a barra. Ela trabalha pesado em uma gravidez de risco e não descansa mesmo após complicações com a gestação. Ele mantém o desejo da viagem mesmo chocando a data com o nascimento do filho e sentindo vertigem nos meses anteriores enquanto se prepara para a escalada. Um amor antigo aparece no cume da crise entre o casal para complicar ainda mais a situação. O drama se utiliza do recurso de contar a história de Hermano no passado paralelamente à sua vida presente para que se possa entender quais são os seus temores que envolve acontecimentos em sua vida muitos anos antes e tem um desfecho no qual ele omite a verdade para os seus amigos. Isso marca seu passado de tal forma que ele precisa por toda a sua vida provar a si mesmo quanto à sua coragem.
Para quem gosta de natureza ou esportes, temos belas paisagens em função do esporte de Hermano. O ponto fraco talvez seja a previsibilidade do desenrolar das tramas em cada momento. Nada que você não pudesse antecipar se lhe dessem pistas para que apostasse nos desfechos de cada caso.
O filme é uma adaptação de Roberto Gervitz do livro “Mãos de cavalo” de Daniel Galera. Enquanto o original trabalha com Hermano como protagonista principal, o diretor do longa coloca Adri, sua companheira para a divisão dos papéis no filme. A escolha de Mariana Ximenes mais a co-produção da Globo, pode fazer com que você ache que já sabe o que vem pela frente, o tal “padrão Globo” de produção, mas temos aqui um drama que foge um pouco do padrão de seus filmes e coloca um pé nos longas europeus onde costumam mostrar filmes de pessoas normais como eu e você e seus problemas, sem que eles sejam magnânimos ou bombásticos como costumam ser os filmes americanos por exemplo.
Certamente essa obra não entrará na lista dos maiores filmes brasileiros de todos os tempos, mas temos uma boa pedida e com um desfecho em aberto para que o espectador saia dos cinemas pensando o que vem pela frente.
FICHA TÉCNICA