50 Anos de James Bond – Parte 22: “007 – Quantum of Solace”

Pedro Lauria

007 – Quantum of Solace é uma obra medíocre. O segundo filme da era Craig serve como um grande fechamento para Cassino Royale – e faz isso de uma forma extremamente competente. Mas só isso.
A cena inicial (pré-título) dá toda a tônica da obra. Uma perseguição de carros que conta com uma das montagens mais problemáticas de toda a série – os cortes são excessivos e na tentativa de se criar um ritmo fulminante, o diretor Marc Forster entrega uma sequência confusa e de difícil compreensão, algo que irá se repetir durante todos os momentos de ação.
Em contrapartida, são as cenas lentas – de diálogos e com a câmera parada, que impedem Quantum of Solace de se tornar um filme esquecível. Procurando fechar todos os laços em aberto do primeiro filme, Quantum of Solace traz um bom número de personagens da obra anterior (tornando quase necessário que o espectador assista o em sequência). Inclusive, é no final dessa obra que temos o verdadeiro desfecho do caso entre Bond e Vesper – e o mais importante, a definição do James Bond que conhecemos.

Um vilão... hunf.

Um vilão… hunf.


Entretanto, é importante levantar que determinadas características dos novos tempos deixam claro que o novo Bond está longe de ser aquele ser quase mítico estabelecido pela franquia. Aqui Bond suja seu terno, machuca o rosto (algo que nunca aconteceu com Connery ou Moore, por exemplo) e se fere gravemente. E é essa humanização do personagem que torna Craig o mais polêmico de todas as encarnações de Bond. O caráter quase paternal do Bond de Craig com suas mulheres (primeiro com Vesper, e agora com Camille, interpretada por Olga Kurylenko) é outro ponto que chama atenção para essa nova abordagem do herói.
Kurylenko, por sua vez, dá ar a uma Bond Girl decente, mas que peca pela falta de grandes cenas – mesmo problema pelo qual padece o vilão Dominic, interpretado por Mathieu Amalric. Aliás, a própria falta de excentricidades ou deformidades físicas (uma constante dos vilões presentes nos filmes do agente) ajuda a suportar a tese de que Quantum of Solace foi um filme feito de forma apressada e que teve como consequência, uma tremenda falta de personalidade.
Os cenários desérticos são quase uma metáfora da falta de conteúdo de Quantum of Solace.

Os cenários desérticos são quase uma metáfora da falta de conteúdo de Quantum of Solace.


Talvez as únicas duas cenas que fiquem na cabeça do espectador após assistir a obra, sejam a segunda perseguição de Craig – envolvendo andaimes e lutas penduradas em cordas, e a lindíssima homenagem a Goldfinger: com uma mulher encharcada de ouro (negro). E talvez essa seja a mais óbvia prova – passando pela transição ouro do Fort Knox (mote do filme de 1964), para o petróleo dos dias atuais – de que se trata de um verdadeiro reboot da série. Porém, tal comparação nos faz lembrar que nenhum filmes do agente pode funcionar senão tivermos vilões carismáticos como Auric Goldfinger, histórias grandiosas e Bond Girls apaixonantes.
Por fim, se falta o aspecto marcante e épico que esperamos dos filmes da franquia, Quantum of Solace acerta o fechar todas as pontas abertas por Cassino Royale, marcando a verdadeira transformação de Bond s e pavimentando a estrada para o futuro da franquia.
 
BEM NA FITA:
O filme fecha os arcos narrativos abertos por Cassino Royale;
Giancarlo Giannini, interpretado por Rene Mathis;
A linda homenagem a Goldfinger
QUEIMOU O FILME:
A falta de um vilão marcante;
Uma Bond Girl apenas correta;
A história é desinteressante;
As cenas de ação são mal montadas e extremamente confusas
FICHA TÉCNICA:
Marc Forster
Elenco: Daniel Craig, Judy Dench, Olga Kurylenko, Mathieu Amalric, Jeffrey Wright e Giancarlo Giannini.
Produção: Barbara Broccoli
Roteiro: Neal Purvis, Robert Wade e Paul Haggis
Fotografia: Roberto Schaefer
Montador: Matt Chesse e Richard Pearson

Pedro Lauria

Em 2050 será conhecido como o maior roteirista e diretor de todos os tempos. Por enquanto, é só um jovem com o objetivo de ganhar o Oscar, a Palma de Ouro e o MTV Movie Awards pelo mesmo filme.
NAN