Crítica de Filme | Morangos Silvestres

Marcello Alves

O filme “Morangos Silvestres” originalmente de 1957 e indicado ao oscar de melhor roteiro na época, tem uma linguagem um pouco mais simples e fácil de digerir do que algumas outras obras do mestre Ingmar Bergman, como “O sétimo selo” ou “Persona” por exemplo, mas que não muda em nada em sua qualidade, profundidade reflexiva, sensibilidade e fotografia soberba.

Logo de inicio acompanhamos a narração em off do personagem principal Isak Borg (Victor Sjöström) e vemos um alguém vazio, desesperançoso, meticuloso e solitário. Isak Borg precisa fazer uma viagem para receber um título pelo seu trabalho. Viagem esta que seria de avião, mas após um estranho sonho, seguido por uma forte sensação que a vida estaria perto do fim, Isak decide viajar de carro, dando assim oportunidade para uma reavaliação do seu próprio ser e de sua vida e do expectador conhecer melhor o personagem, fazendo junto com ele essa mesma viagem no seu interior.

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Durante sua viagem, o professor Borg encontra não somente lembranças da sua vida mas como outras pessoas, que, de uma forma ou de outra, representam desejos e medos, que o fazem refletir mesmo que de forma auto destrutiva muitas vezes,  melancólica, rancorosa, sobre sua vida e existência, sobre quanto o personagem havia se distanciado das pessoas, menosprezando o tempo que tinha, e voltando apenas a si.

Morangos Silvestres pode muito bem ser considerado um “road movie existencial” e que mexe com a psique não só dos personagens, mas também do espectador como a grande maioria dos filmes do Bergman. Definitivamente uma grande obra prima de um gênio como diretor e que merece ser vista e revista.


FICHA TÉCNICA
Gênero: Drama
Direção: Ingmar Bergman
Roteiro: Ingmar Bergman
Elenco: Bibi Andersson, Folke Sundquist, Gunnar Björnstrand, Ingrid Thulin, Victor Sjöström
Produção: Allan Ekelund
Fotografia: Gunnar Fischer
Montador: Oscar Rosander
Trilha Sonora: Eric Nordgren
Duração: 90 min

Marcello Alves

NAN