CRÍTICA | Com ar de leveza ‘Supergirl’ engana e traz um season-finale fraco

Stenlånd Leandro

Ter poderes e suas responsabilidades tanto pode ser algo bom quanto ruim. O simbolo de Esperança ou o S estampado no peito de Kal-El é uma forma de atrair sempre encrenca. O rostinho lindo de Melissa Benoist pode enganar aqueles que não leem tanto os quadrinhos da DC.

Assim que o trailer de Supergirl foi liberado, muito se comentou a respeito do ar mais leve e cômico que a série adotaria para representar a prima do Superman. Não é nada comparado ao Arrow, mas ganha tons similares a Flash e Legends of Tomorrow. Tudo que envolve o homem de aço fez, faz e fará sucesso, e, com uma boa produção envolvida, a aposta da CBS é certeira. Se nas telonas seu primo anda tomando chá de kryptonita e caindo nas bilheterias, Supergirl tem tido ótimos números de audiência, dada as circunstâncias que a atriz além de bonita é simpática até como a prima do herói de aço.

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Ela é doce, cativante, engraçada, desajeitada, bem ao estilo Clark Kent vivido por Christopher Reeves. Kara acabou optando por viver uma vida “normal” e foi trabalhar para Cat Grant na esperança de mudar o modo que as pessoas pensam, ou seja, fazer algo interessante e que pudesse ajudar as pessoas, mas não foi nem de perto isso que ela conseguiu. É muito legal ver a euforia de Kara ao saber que suas proezas acabam bem sucedidas, mas quando as coisas não vão muito bem, vem aquela crise chata de identidade. Será que sirvo pra ser supergirl? E se o mundo não me merece? Sabe…aquelas coisas chatas que tem em todo filme e que é bem piegas. Tudo bem que ela apenas está curtindo o momento, está curtindo poder enfim, usar seus poderes para ajudar os outros, mas que já virou uma certa papagaiada, virou!

Se formos reparar em detalhes da série em comparação aos quadrinhos, a presença de James – e não Jimmy – Olsen é um dos elementos vindos diretamente sim, das hq’s. Vale lembrar que a série aposta numa versão jamais vista do personagem. Geralmente Jimmy Olsen, o amigão do Superman, é retratado como um jovem enérgico, inseguro que vive sobre a gritaria de Perry White, editor do Planeta Diário. O James Olsen interpretado pelo ator Mehcad Brooks traz uma versão adulta, segura de si e confiante e que não é do planeta diário, mas da Catco. Ele é chato, assim como outros personagens vividos na série.

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Depois de tantos episódios enfrentando desde inimigos como Curto-Circuito e até mesmo Tornado Vermelho (Que deve voltar à Série como membro de uma possível Liga da Justiça) é então chegado o momento do esperado Crossover entre Kara e Barry Allen ou melhor, Supergirl e The Flash. Kara ja enfrentou de tudo, mas jamais poderia imaginar que alguém nesta terra teria um poder muito próximo ao seu. Esse episódio é descartável como já dissemos numa resenha anterior. É legal, divertido, mas não acrescenta em nada à série.

Na verdade o seriado não oferece nada de originalidade quanto a sua respectiva narrativa, nada daquilo que você nunca viu antes numa série de TV,afinal o tom cômico já existiu na série da Mulher Maravilha estrelada por Linda Carter que aparecerá na série na segunda temporada de Supergirl. Vale mencionar que este seriado tão pouco te engana em suas pretensões. Supergirl deseja ser divertida e agregar um público muito mais diversificado (na verdade tem um papel bem teen), diferentes da audiência de Arrow e The Flash. Muito se falou e ainda se fala a respeito de Supergirl existir no mesmo mundo de Legends of Tomorrow, Flash e Arrow, e  dificilmente é uma verdade, pelo menos por enquanto. Apesar do Crossover ter existido, é no episódio final da temporada que pode existir um eixo para uma possível participação de Kara na série de Arrow e The Flash. Com a recém-chegada do Multiverso, podemos estar encarando uma outra realidade, que em determinado período poderá cruzar com a do Barry e Oliver Queen.

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Supergirl, enquanto personagem, tem o potencial de sair da sombra do primo famoso, tem força para ganhar representatividade, tem de tudo para voar alto e chegar a horizontes jamais alcançados, mas preferencialmente sozinha.. Nossa heroína não se restringiu em “apenas” salvar a humanidade de desastres naturais, crimes, enfim, foi forçada a combater inimigos fortíssimos (até mesmo mais fortes que ela), vindo também do espaço, de uma prisão galáctea que era comandada por sua mãe, dentre muitos outros.

Esta não é uma série criada para nerds, mas sim familiar, para ser vista pelas crianças, adolescentes e adultos após o jantar. Só que tal como “Gotham” ou “Minory Report”, é preciso que toda uma temporada leve a série para uma outra dimensão, o que não parece ser claramente o caso desta.

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Pode soar confuso, toda a trama a princípio é bem escrita e bem elaborada. Melissa atua com certa perfeição, perdendo apenas com suas fortes expressões que faz parecer com que sejam forçadas, algo que já víamos em Glee. Mas isso não é nem de longe um problema. O problema aqui foi reunir os ‘supers’ novamente em uma única série. Dean Cain já viveu seu momento Superman quando esteve na série As Aventuras de Clark e Lois, e nesta série é o pai adotivo de Kara. Também Laura vandervoort (Índigo na série) viveu a Supergirl em Smallville. E quando você pensar que Helen Slater (Mãe adotiva de Kara) seria um rostinho novo na série, deixa bem claro vossa ingenuidade. A primeira aparição de Supergirl na TV foi a atuação de Helen vivendo a heroina no filme de 1984. Ai você já sabe que ano que na próxima temporada teremos Linda Carter (que viveu a Mulher-Maravilha em 1975) será provavelmente a presidente dos Estados Unidos. Com toda essa fusão, é preciso afirmar que há uma louvável tentativa de unir roteiros adolescentes e orientados para o público feminino com o que já deu certo em outras séries da DC Comics. Esse tom ala Diabo Veste Prada é constante.

Enfim e por fim, a expectativa é que, inicialmente, por se tratar de uma série da DC, não agrade a todos, especialmente ao público mais velho e masculino. Contudo, com o interesse crescente das meninas por uma super-heroína que as represente e com a ligação com as outras séries irmãs, é possível que “Supergirl” sobreviva a esta primeira temporada para aqueles que ainda vão assistir.

Stenlånd Leandro

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!

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