Crítica de Filme | Ela Volta na Quinta
Adolfo Molina
A simbiose sentimental e a estrutura familiar são elementos tidos como honrarias para muitas pessoas. A construção de uma família e, sua manutenção, é um processo lento e ‘garimpístico’, ou seja, há a necessidade de dissecar e fazer a separação de pontos negativos dos positivos, descartando os primeiros e ficando com os segundos.
André Novais de Oliveira é um diretor mineiro e sócio da produtora “Filmes de Plástico”, inaugurada em 2009. Consolidou-se em meio a universo dos curtas-metragens, como “Pouco mais de um mês”. No ano de 2016, ele estreia no circuito nacional de filmes nacionais com seu primeiro longa-metragem, “Ela Volta na Quinta”. O filme baseia-se no relacionamento de Norberto e Malute, que estão casados e juntos há mais de trinta anos. O casal têm dois filhos, André e Renato, que procuram sair da casa dos pais e morarem sozinhos com suas respectivas companheiras, Élida e Carla. No entanto, uma crise atinge seus pais e com isto, ambos passam a repensar sobre a relação e a convivência.
Mesmo com um roteiro sem grandes audácias e ambições, o longa estabelece uma rígida coesão em relação a abordar a essência de cada personagem, suas perspectivas perante o fato que está sendo cada vez mais edificado na família e, como buscam a liberdade do desgaste psicológico e os efeitos colaterais.
A direção e o uso da câmera sugere uma prospecção e auras documentaristas, devido ao fato de que todo o elenco ser a família de André, que também atua, e a casa onde se passam os eventos serem a casa do diretor e roteirista. No entanto, André estabelece contatos com a ficção, com a ajuda do roteiro e da inserção de escapes narrativos e linguísticos, como aderir a trilhas sonoras para entrelaçar o sentimento do personagem retratado, além de manusear o entorno do mesmo.Ao mesmo tempo que soa real e intimista, manifesta-se igualmente como uma análise social e generalista. Há a notória possibilidade de identificação para o público, que baseando-se nesta elaboração pluralista, adere à história com mais facilidade.
É uma singela condução, delicada mas que compete a sua identidade emocional, de ilustrar a reação de cada pessoa e seu desprendimento com a situação, valorizando uma condição ideal em que todos possam ser beneficiados.
FICHA TÉCNICA