‘O Abraço da Serpente’ retrata de forma peculiar, o embate de interesses políticos, sociais e religiosos que assombraram a cultura indígena durante décadas
Everton Duarte
Na direção do seu terceiro longa metragem, Ciro Guerra imerge na ainda desconhecida e fascinante floresta Amazônica. O Abraço da Serpente é o primeiro filme colombiano, com uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Ciro retrata de forma peculiar, o embate de interesses políticos, sociais e religiosos que assombraram a cultura indígena durante décadas, e até mesmo nos presentes dias.
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O roteiro (Ciro Guerra, Jacques Toulemonde Vidal) baseia-se nos diários de Theodor Koch-Grünberg e Richard Evans Schultes em meados do século XX. Theodor foi um respeitado etnologista e explorador alemão, que dedicou parte de sua vida, aos estudos da vida indígena na América do Sul, enquanto Richard foi um renomado biólogo e etinobotânico, cujo os estudos focavam no poder de cura e efeitos alucinógenos das plantas de cultivo dos povos indígenas.
O filme costura a sua linha do tempo de forma paralela, a passagem de Theo (Jan Bijvoet) e 40 anos depois a de Evans (Brionne Davis), pela floresta amazônica, onde um dos pontos de convergência da história, é a ambígua busca por uma planta denominada Yakruna que é cultivada por uma das tribos retratadas no longa. Já o outro ponto, e não menos importante, é a presença do xamã Karamakate (Nilbio Torres e Antonio Bolivar), que vive sozinho e isolado de sua tribo, mas que acaba encontrando sentido em guiar ambos exploradores em suas jornadas.
Os pontos fortes
A interpretação dos atores e dos indígenas, a linguagem nativa das tribos e a constante crítica aos abusos do homem branco a cultura indígena e sem contar a magnífica floresta amazônica, são os pontos fortes nessa obra. Vale ressaltar todas as dificuldades técnicas, de se gravar em um ambiente tão inóspito ao homem comum, fazendo com que Ciro Guerra considerasse a desistência do projeto por diversas vezes durante as gravações.
A fotografia fica a cargo de David Gallego e levando em conta esses fatores dificultosos, nota-se uma fotografia natural e com poucos artifícios de iluminação externos nos planos de filmagem, fazendo com que muitas das cenas tenham um nível de granulação elevado, para os padrões de cinema considerados normais, levando a pensar se o uso do P&B adotado como abordagem, não foi exatamente a proposta inicial, mas sim, uma elegante e acertada correção na pós-produção.
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