CRÍTICA | ‘Orphan Black’ e a importância da sensibilidade humana na ciência

Gabby Soares

A premissa de que clones humanos representa não apenas uma possibilidade da ciência genética, como uma realidade no submundo científico é o plot básico de Orphan Black. A história, que começa quando Sarah Manning (Tatiana Maslany) encontra por acaso uma de suas clones, chega em sua conclusão com a promessa de dar aos fãs as respostas de mistérios e dúvidas que rondam a série desde o início. Mas seu quinto e último ano também apresenta tramas e personagens que conquistaram público e crítica. ‘Orphan Black’ trata não apenas de ciência, como também de família, ética, diversidade, construção da personalidade e tantas coisas mais.

A narrativa é retomada após o clímax da quarta temporada, em que Rachel (Maslany) apunhala sua mãe, Susan Duncan (Rosemary Dunsmore), e Cosima (Maslany) e Sarah estão na ilha sob o comando do fundador da Neolution, P.T. Westmoreland (Stephen McHattie). Finalmente, o Clone Club está próximo de dar um fim à perseguição por parte dos cientistas e descobrir uma cura para a doença que elas correm o risco de desenvolver. Assim, a última temporada gira em torno do confronto “criadores versus criação” e dos dilemas e consequências que os experimentos científicos em humanos acarretam para as vítimas.

É nesse ponto que a série encontra a sua maior força. A carga dramática de cada uma dessas questões unida com personagens que, apesar de muito bem estabelecidas, ainda apresentam complexidades a serem exploradas resultam em mais uma temporada que envolve o espectador e o transporta para o clima tenso da narrativa. O dilema de até que ponto a existência e personalidade de Cosima, Alison (Maslany), Helena (Maslany), Sarah e Rachel são elementos próprios e quais são os limites éticos e humanos da ciência no que diz respeito à dignidade do indivíduo perpassam todo o roteiro.

Entretanto, se as tramas e diferentes facetas de seus personagens continua a ser o ponto mais forte da série, o erro dessa temporada se encontra na personificação dos problemas e das possíveis respostas na figura de P.T. Westmoreland. Apesar da narrativa desse personagem ser muito interessante, ele não consegue carregar todo o antagonismo da história; ele não parece à altura de tudo o que Sarah e companhia já enfrentaram. Essa escolha do roteiro também levou à uma perda do ritmo narrativo. Obviamente, era necessário que diversos fatores fossem explicados através do núcleo Westmoreland, Duncan e Coady (Kyra Harper), já que eles idealizaram toda a Neolution, mas isso não é realizado com dinamicidade, o que atravanca um pouco o início da temporada.

Esses problemas, entretanto, não atrapalham a obra e nem sua conclusão. As emocionantes atuações, o roteiro envolvente e bem escrito e a retomada de questões que encantam em Orphan Black fazem de sua despedida um misto de prazer e saudade antecipada. Além da ciência, essa ficção científica trata de forma sensível e eficaz do desenvolvimento da personalidade dessas mulheres e a demonstração de seu lado humano, independentemente de se tratarem de clones ou não; e esse foi o maior atrativo de toda a série.

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::: FICHA TÉCNICA

Criadores: Kim Coghill, Andrew De Angelis, Jeff Detsky
Diretores: John Fawcett, David Frazee, Ken Girotti, T.J. Scott, Grant Harvey, Helen Shaver, Aaron Morton, David Wellington, Brett Sullivan, Chris Grismer, Vincenzo Natali, Peter Stebbings
Elenco: Tatiana Maslany, Dylan Bruce, Jordan Gavaris, Maria Doyle Kennedy, Siobhan Sadler, Kristian Bruun, Kevin Hanchard, Skyler Wexler Skyler Wexler, Josh Vokey, Ari Millen, Evelyne Brochu

Gabby Soares

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