REVIEW | ‘Terra-Média: Sombras da Guerra’ é muito melhor que o antecessor, mas repete falhas

Stenlånd Leandro

Há exatos três anos nascia o action RPG chamado “Terra-Média: Sombras de Mordor”. Para a época, o título contava uma história que se passa entre O Hobbit e O Senhor dos Anéis. Referências sempre foram usadas e quem realmente conhece a saga de Tolkien sabe que o início da franquia era recomendável, mesmo que no decorrer da narrativa o jogo tenha virado algo meia boca. Agora temos Terra-Média: Sombras da Guerra, que é a continuação ‘direta’ de Sombras de Mordor, ainda que o jogo possa ser aproveitado mesmo por quem não é familiarizado com a história dos anéis, quem já conhece, porém, certamente irá curtir muito mais a experiência.

A narrativa começa de forma impactante, especialmente com a cena do sacrifício de Talion e sua família, na qual o jogo começa com Talion, um patrulheiro de Gondor, narrando sua história, dizendo que já teve família e com uma bela esposa enaltecendo uma flor dada pelo protagonista, e tanto ela como seu filho foram enterrados na narrativa anterior (Sombras de Mordor), basicamente sacrificados em um ritual. O espírito de Talion não morre e isso é mostrado em sequência, permanecendo eternamente em Mordor, até que a maldição seja quebrada. Basicamente, como outrora, nosso ‘herói’ é acompanhado por um espectro que o ajuda a trilhar durante a trama do jogo. A cutscene mostra que houve uma forja dos anéis do poder e que foi aparentemente feito por Celembrimbor, o maior artesão da segunda era. Talion menciona que desejaria que o tal espectro tivesse morrido com sua família, mas ele estaria ali para ajudar o herói a se vingar. Ao andarmos um bocado pelo jogo, logo encontramos uma mulher denominada ‘Aracna’ que está de posse desse espectro em total agonia e para que possamos libertá-lo, ela solicita que entreguemos à ela o Anel. Então Talion entrega o anel e é ai que tudo começa. O espectro furioso, reclama muito dizendo que colocou a energia vital dele naquele anel e diz que ela já tem muito poder e que de posse do Ring será praticamente impossível pará-la. Para início de conversa, a atuação dos personagens é bem fraca e nenhum deles sai de forma memorável, mesmo após terem seu momento em cena. O protagonista, Talion, tem atuação sofrível e não convence nem um pouco.

CONFIRA ABAIXO NOSSO GAMEPLAY COMPLETO:

Saindo da narrativa e indo para a jogabilidade, o sistema não fica muito diferente do que vimos no jogo anterior da franquia. A ideia é explorar, escalar, correr e lutar em certos momentos lembrando “Assassin’s Creed”. Apesar de parecer um mundo aberto, não temos aqui um bom Sandbox nesse quesito. O maior problema de um jogo que se denomina Sandbox, é andar por aí em busca de colecionáveis. É sério: é muito cansativo ficar caminhando em busca de coisas muitas vezes insignificantes para acúmulo de horas jogadas. Enquanto exploramos o universo em que se passa o jogo, só há como se perder, se estivermos diante de um ambiente muito escuro, diferente do que acontece em “The Witcher 3”, que qualquer deslize o fará ficar perdidinho no mapa. Aqui o game fornece uma coisa que lembrou Jornada nas Estrelas (Star Trek). Assim como os Klingons, os Orcs são muito orgulhosos de suas vitórias e se formos derrotados em combate por um adversário qualquer, este será promovido, ficará mais poderoso e da próxima vez que o encontrarmos vai lembrar que nos derrotou e ai a luta fica mais complicada. É algo legal se olharmos pelo lado de uma realidade possível, afinal sempre que perdemos na vida, ela acaba de uma forma ou outra nos recordando de que fomos derrotados. Os capitães não mudaram tanta coisa assim. Dentro de cada uma das regiões exploráveis pelo jogador, existem hierarquias de orcs que dominam certo território. Cada região possui chefes e vários capitães, cada qual com um nível de poder diferente. Talion pode caçá-los tanto para conseguir experiência quanto para obter novas runas para suas armas, além do loot ser bem generoso.

A exploração segue um estilo furtivo e com Orcs para todo lado, o que me lembrou de imediato foi o jogo “Styx”, da Focus Home Interactive. A forma de andar vagarosamente, escalar ao melhor estilo “Assassin’s Creed”, entre outras semelhanças de grandes jogos do gênero, foi o que mais trouxe lembranças a esse game. Nosso guerreiro é capaz de escalar qualquer coisa, de modo que ele é um corredor praticamente incansável e pode se jogar de alturas absurdas sem sofrer um arranhão. Isso é visto de imediato, uma vez que não há barras de estamina nem nada parecido. Mas se engana caso pense que nosso protagonista tem fôlego infinito. Em alguns momentos, depois de muito correr, o personagem logo parou de correr e não conseguíamos mais essas façanhas.

A noção de que você tem de se unir aos inimigos com intuito de derrotar o vilão principal para sobrevivência de seu personagem é outro elemento que está severamente evoluído. Em sua jornada terá aliados, mas também inimigos que se juntarão à sua causa ao derrota-los e humilha-los. E então o que acontece depois? Praticamente nada. Supostamente você pode ter esse povo se aliando, mas não muda tanta coisa assim, sinceramente.

O sistema de combate não deixou uma impressão muito positiva e também é perceptível influência de outros jogos. Para um título tão aguardado, se esperava algo mais inovador, só que não foi o que ocorreu. Embora inicialmente bastante simples, esse formato ganha variedade à medida que desbloqueamos pontos para comprar novas habilidades para nosso protagonista. Ainda que haja várias modificações, incluindo as animações para tornar o jogo mais violento e brutal – e mesmo que os momentos altos dos combates venham a ser as execuções – ainda assim tudo poderia ter sido feito com um certo esmero. Gostamos do que vimos quando Talion usa o arco de flechas espirituais, habilidade especial que ganhou quando o seu corpo ficou unido ao espírito do espectro que aparece no início do jogo durante a cutscene.

O maior problema desse tipo de jogo é que após horas de gameplay, já é possível sentir a repetitividade e essa é a maior falha do gênero. Apesar de uma certa variada na jogabilidade e com muitas possibilidades, temos uma mecânica condicionada pela estrutura das missões. O game consegue surpreender verdadeiramente, mas em outras ocasiões nem tanto quanto o esperado. As missões estão longe de serem tão bem elaboradas e muito menos com capacidade para impressionar tanto quanto deveriam.

No que está polido, ao menos levando em conta todo o resto, é o gráfico. Os cenários apresentam uma qualidade gráfica superior ao jogo anterior, com texturas detalhadas e a possibilidade de enxergar grandes distâncias sem pesar no desempenho. Apesar de cenários devastados pela dor e caos, o polimento visual é realmente muito melhor que outrora ao mostrar diretamente o contraste do bem e do mal. O título deixou muita gente que comprou um PS4 PRO irritada. Simplesmente não há suporte a 60 quadros por segundo nos consoles. Somente os donos de um bom PC conseguem rodar com fluidez essa taxa de quadros.


O VEREDITO

Terra-Média: Sombras da Guerra é um jogo bom com uma narrativa muito boa. Embora o combate não seja o que há de melhor, temos algo ao menos divertido, com uma movimentação mesmo que complicada vai fluir em sua jogatina. Pelo visto, a Warner Bros. tem intenções de transformar este jogo numa franquia e isso é bom, afinal, de “Sombras de Mordor” até este houve muita evolução. Temos o melhor game da saga até o momento e esperamos que o terceiro título, se houver, venha ainda melhor.

Terra-Média: Sombras da Guerra foi analisado pela equipe do Blah Cultural no console Xbox One. O game foi gentilmente cedido WB Games.

Stenlånd Leandro

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
NAN