CRÍTICA | ‘A Origem do Dragão’ é uma empolgante história da vida de Bruce Lee

Paulo Cardoso Jr.

Mesmo depois de mais de 40 anos da morte de Bruce Lee, ainda somos surpreendidos com filmes que de alguma forma contam sua trajetória ou de personagens que fizeram parte da sua vida, mais recentemente a trilogia “Yip Man” sobre seu mestre. Em A Origem do Dragão, vemos Bruce Lee (Philip Ng) dando suas aulas de Kung Fu e sem muito da filosofia oriental, pois, para ele, a arte marcial é um produto que pode ser vendido como qualquer outro e que vai garantir seu sucesso, base do capitalismo e do “Sonho Americano”. Para Bruce Lee, a filosofia oriental do Kung Fu não te salvará de um beco escuro durante a noite e com cinco ou seis marginais querendo te roubar e bater, o que vai te salvar é saber dar porrada e isso ele sabe ensinar melhor do que ninguém. Sim, essa é a propaganda que ele passa da sua academia.

Nos primeiros 20 minutos ficamos até decepcionados com tamanha frieza com que é tratada a filosofia do Kung Fu, e essa frieza é o que mais incomoda um de seus discípulos mais antigos, Steve McKee (Billy Magnussen). O jovem vive um conflito interno que seu mestre não está muito preocupado em ajudar a resolvê-lo, afinal, é preciso fazer propaganda da academia e ainda se concentrar nos programas de televisão. Com a chegada do mestre de Kung Fu Wong Jack Man (Yu Xia), o desejo por mais conhecimento e paz interior parece ter finalmente se resolvido. Apesar de Wong ter vindo para a América em busca de um retiro espiritual, Bruce Lee sabe que há outros motivos em jogo e que a simples presença do mestre shaolin pode gerar conflitos e pôr tudo a perder.

Confesso que esperava uma sessão da tarde para meninos, mas tive uma grata surpresa com A Origem do Dragão. É claro que você não vai precisar quebrar a cabeça para entender a trama, mas é um filme que diverte, além do fato de conhecer um lado do astro Bruce Lee mais sombrio e egoísta que não deve ser muito conhecido para seus fãs. Um lutador que humilha seus oponentes, faz pouco caso de filosofias orientais e que, na verdade, está mais preocupado com o “show me the money”, bordão usado por Rod Tidwell, personagem de Cuba Gooding Jr. no filme “Jerry Maguire – A Grande Virada”, do que com o que os outros pensam.

Como Bruce Lee não é muito de fazer rodeios, 1h40min de filme é a conta certa e você não vai nem sentir o tempo passar. Como o final de ano está cheio de lançamentos, dificilmente ficará em cartaz por mais que três semanas.

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