A primeira família da Marvel está de volta!

Pedro Marco

A primeira família está de volta para casa. Mas não completamente ainda. O Quarteto formado pelos Fantásticos Reed Richards, Sue Storm, Coisa e Tocha Humana foi criado (como de praxe) por Stan Lee e Jack Kirby como a primeira família de super-herói dos quadrinhos. Considerada o início definitivo do universo Marvel, a família de cientistas influenciou a criação dos Vingadores, X-Men, Liga da Justiça, e segue como um dos títulos mais queridos da editora até hoje.

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O Quarteto Fantástico sempre foi o grande tesouro de Stan Lee. Junto com Kirby, os dois ficaram 103 edições seguidas a frente da equipe (recorde que só foi batido por Brian Bendis em Ultimate Spider-Man). Durante estes anos, surgiram clássicos como a impactante trilogia “Galactus”, “Se Este For O Juízo Final!” e o drama “Esse Homem… Esse Monstro”.

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Um universo próprio era desenhado em volta da casa da equipe, o Edifício Baxter. Personagens como o príncipe submarino Namor, o filosófico Surfista Prateado e a raça alienígena dos Skrulls tornavam o título um dos mais surpreendentes da época. Sem falar, é claro, do grande soberano da Latvéria Victor Voom Doom.

Uma revista de herói não é nada sem um bom vilão e, principalmente após a mega saga “Guerras Secretas” (onde nosso Dr. Destino enfrenta um ser com poderes divinos), o antagonista do Quarteto alçou o posto de um dos mais temidos no universo 616.

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Não obstante, a excelente fase de seus criadores, o Quarteto caiu nas mãos de John Byrne. Ele trouxe um filho para o casal fantástico, com a promessa de ser o herói mais poderoso que já existiu; um julgamento digno para Galactus, desenvolvendo de forma magnífica o gigantesco devorador de mundos; e até mesmo novos integrantes à equipe, como uma marcante substituição da Mulher Hulk no lugar do Coisa durante algumas edições.

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Walt Simonson, a mente mais amada pelos fãs do Thor, também deixou sua marca na equipe. Substituindo a equipe por Hulk, Aranha, Motoqueiro Fantasma e Wolverine, Simonson fez o que a revista do Quarteto mais permite aos autores: experimentar. As surpresas e os testes de coisas novas com o pé na ficção científica é o que torna o título da revista único, atemporal e sem faixa de idade definida.

Mark Waid também seguiu uma fase marcante pela revista. Com sua capacidade incomparável de modernizar os heróis clássicos, a fase de Waid junto a Mike Weringo é chamada de “a sucessora espiritual de Lee/Kirby”. Entre Imaginautas, Inconcebível e Ações Autoritárias, a fase põe a família em lugares onde nunca imaginaram ir, chegando encontrar com Deus em pessoa em seu auge (genialmente desenhado com a feição de Jack Kirby).

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Sem os fãs aceitarem a saída da dupla, a Marvel se viu obrigada a criar um título paralelo para a família no selo adulto Marvel Knights. Roberto Aguirre-Sacasa deixou o Quarteto sem bens, sem lar e sem esperanças. As aventuras experimentais de Sacada ajudaram a tornar os fãs do grupo cada vez mais adeptos a qualquer coisa que pudesse ser testada, sem limites.


 
 

O visionário Mark Millar, no entanto, fez os fãs terem receio de ver histórias mais violentas e de linguagem chula, como habitual do roteirista. No entanto, as 15 edições de Millar ao lado de Bryan Hitch remeteram a família de volta ao clássico de suas origens, com tramas íntimas e pessoais, reviravoltas inéditas como Jhonny Storm namorando uma super-vilã, a descoberta que Dr. Destino tinha um mestre, e uma porta de entrada para algo que os fãs ainda não estavam preparados.

Várias tramas mais alternativas tangenciavam o título principal dos heróis. Alan Davis decidiu imaginar como seria o final definitivo da equipe, com um drama densa, mostrando um quarteto fragmentado e tendo de enfrentar consequências do seu passado. Grant Morrison, em 1234 (na imagem acima), trouxe a faceta mais humana dos heróis, com questões de adultério, amor próprio e um clima mais pé no chão e reflexivo. O Quarteto ainda assim, tinha grande participação no universo Marvel em geral. Ao lado dos heróis na “Guerra Civil”, “Invasão Secreta” e afins, a interação da equipe trouxe Reed aos Illuminatis e lembrou que todos ali estão sob um mesmo céu.

Com a iniciativa Ultimate da Marvel estourando em vendas com Supremos, Homem-Aranha e X-Men, já era em tempo do Quarteto ter sua origem atualizada. Com os personagens rejuvenescidos e suas ligações amarradas de forma mais orgânica, o quarteto de Bendis e Millar presenteava os fãs com um título alternativo à altura do principal. Do outro lado, Jonathan Hickman assumia o título base e mais uma vez fazia os fãs explorarem o que há de melhor na ciência.

Com uma trama cheia de plots paralelos, se amarrando em um texto uno e conciso, a fase de Hickman rapidamente se tornou uma das mais complexas e amadas pelos fãs. Com consequências drásticas, como a morte do Tocha Humana, Hickman fez a família abandar seu uniforme e nome, se tornando a grandiosa Fundação Futuro. Com participação do Aranha e até mesmo de Destino, o título da Fundação mostrava a esperança do mundo na mão dos mais jovens no fantástico mundo da ciência, sem perder a essência crucial da equipe.

Passando por constantes zeramentos da revista, Matt Fraction continuou a ideologia experimental de Hickman. O Quarteto perde a guarda de seus filhos, Coisa é preso e Jhonny perde seus poderes, mostrando que nada nunca estava fácil para os heróis.

Sai o uniforme branco e entra o vermelho na derradeira passada de James Robinson pelo título. Rumores apontava que a Marvel boicotava a revista por conta de não possuir seus direitos cinematográficos, além dos filmes da FOX sobre a equipe não irem nada bem. Sai o vermelho, retorna o azul, mas nem mesmo a nostalgia e amor dos fãs impediu que a revista fosse cancelada na edição 645 de junho de 2015.

Ao lado dos heróis mais poderosos da Terra, Hickmann mostrava que nada da sua passagem, seja pelo Quarteto ou pelos Vingadores, havia sido em vão. Com uma construção gigantesca de anos a fio, chegava às bancas a tão esperada e nova “Guerras Secretas”. Para a surpresa dos fãs do clássico, a trama teria Dr. Destino como seu grande vilão e uma união dos Reeds do universo habitual e Ultimate, enchia os olhos dos leitores de um brilho imenso. Até ser substituído por lágrimas na última edição da saga.

Nem Alan Davis, Stan Lee ou Mark Waid dariam um final tão digno, coerente emocionante, e porque não, fantástico para a equipe. O duro fim da primeira família conseguiu ser tão belo e tocante, com uma construção armada por tanto tempo, que não teve espaço para reclamações. O Quarteto salvou a Marvel, mas, no fim, a deixou incompleta. Ao menos, até agora.

Após dois anos de “choramingos”, Dan Slott e Sara Pichelli trazem de volta a primeira equipe de heróis dos quadrinhos! Em um mega evento planejado para julho desse ano, o Quarteto Fantástico retornará ao seu lugar de direito em um título próprio e com direito a toda sua roupagem clássica. Chega de Tocha Humana nos Inumanos. Chega de Coisa nos Guardiões da Galáxia. Está na hora do pau!


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Pedro Marco

Pedro Px é a prova de que ser loiro do olho azul e com cabelos e barbas longas, não te garantem ser parecido com o Thor. Solteiro, brasiliense e cozinheiro, se destaca como autor de 7 livros, host do Pipocast, membro da Academia de Letras de sua cidade, fundador de Atlética universitária, padrinho da Helena, e nos tempos livres faz 40h semanais como engenheiro civil. Escreve sobre cinema desde que tudo aqui era mato, sendo Titanic seu filme favorito
NAN