EXCLUSIVA | “São histórias transformadoras”, diz Du Moscovis sobre ‘Berenice Procura’
Giovanna Landucci
Parte do elenco, produção e direção do filme Berenice Procura recebeu o BLAH CULTURAL para entrevistas individuais no Hotel Belas Artes, na Frei Caneca, em São Paulo, onde aproveitamos para entrar um pouco mais em detalhes sobre o longa dirigido por Allan Fiterman. Durante a conversa, tivemos a oportunidade de fazer perguntas com uma exclusividade maior e gravar vídeo-chamadas com atores do elenco convidando os seguidores do site a assistir ao longa que estreia nesta quinta-feira, dia 28 de junho.
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Estiveram no bate-papo conosco os atores Eduardo Moscovis e Caio Manhente, além do diretor Allan Fiterman e a produtora Elisa Tolomelli, da EH! Filmes. Eduardo Moscovis começou respondendo sobre uma forte cena onde ele, nu, chora copiosamente.
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BLAH CULTURAL: Vamos começar pela cena do choro. Você se inspirou na história do personagem ou buscou dentro de si alguma coisa para se emocionar a ponto de chegar naquele ápice?
Eduardo Moscovis: Giovanna, muito boa sua pergunta! Eu não sei lhe responder. A gente vem falando na coletiva, são detalhes, a gente realmente se aprofundou no trabalho. Viveu momentos delicados, muito profundos, muito bonitos, da gente se revelando também, mas ouvindo histórias muito “punks” e ao mesmo tempo muito lindas, muito transformadoras. À medida que você vai entrando nessa história, a preparação de um mês convivendo com essa galera, 12 horas por dia, filmando. Eu não conhecia a Cacau, assim conhecia pouco de “oba”, esse menino, Caio, o Allan. Então, quando você vê, já está chegando no final do filme e você, ali , pelado, a água caindo, e tem que dar tudo certo. E a câmera vem andando… é muita coisa acontecendo! Às vezes é o momento, às vezes é algo que você está passando na sua vida, é tudo junto! Às vezes você rouba do personagem coisas que você não está conseguindo na sua vida resolver e tem revelações através dele, ou ao contrário! Você empresta para o personagem coisas suas. A situação. Eu estava ali exposto, de frente para a Cacau, de frente para o Caio com a água caindo. Já é uma situação delicada. E se você está em um ambiente delicado, respeitoso como era nosso ambiente de trabalho, acho que o emocional fica muito aflorado, né?
Em seguida, o ator Caio Manhente, que embora não seja exatamente um novato, disse que o papel que interpretou é sim um marco para a sua ainda jovem carreira.
BLAH CULTURAL: Você acha que esse personagem marcou a sua carreira e se surpreendeu com você mesmo? Como foi esse processo?
Caio Manhente: Com certeza foi um marco, um marco de transição. Nunca havia feito algo tão forte assim, algo que exigisse tanto de mim. E aí eu acho que foi uma revelação no sentido de ver que eu sou capaz de muita coisa e também de ver que ainda falta muita coisa também. Ainda falta muito para construir. Contracenar com pessoas como o Du (Moscovis), a Claudia, a Vera, são pessoas que mostram para a gente que temos muito potencial, que a gente sabe jogar o jogo e que a gente ao mesmo tempo não sabe nada ainda. Que tem que percorrer um caminho muito grande e tem muita experiência ainda pela frente. Mas foi um filme que foi muito importante para a minha experiência profissional e experiência de vida. Não que eu fosse displicente nas outras coisas, mas é um filme que tem uma temática muito importante e delicada, e eu sei que o Thiago representa muitos garotos, que tem esse problema de diálogo com a família e passam pela mesma situação. Então foi muito importante e delicado de fazer.
BLAH CULTURAL: Então você acha esses atores considerados “gigantes” foram importantes para você se revelar como ator?
Caio Manhente: Claro, com certeza! Acho que desde sempre! Não só com o Du (Moscovis) e com a Claudia. Já tive também oportunidade de trabalhar com o (Marco) Nanini e uns 100 atores maravilhosos! Há pouco tempo fiz “Malhação” com a Deborah Secco e o Thiago Fragoso, e sempre que a gente tem contato com atores como esses, eles mostram o quanto vale a pena a própria trajetória deles, mostram o quanto vale a pena a gente se dedicar, e de cada um a gente vai sugando um pouquinho. É fundamental para o trabalho do ator essa interação.
Já o diretor Allan Fiterman comentou sobre suas inspirações para o filme e compor a bela fotografia do longa-metragem. O cineasta e a produtora Elisa Tolomelli também falaram a respeito da trilha sonora do longa.
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BLAH CULTURAL: O que o inspirou em termos de arte e direção de fotografia do filme?
Allan Fiterman: Olha, você! Gostei da sua pergunta! As referências que vêm para mim não são específicas de algum lugar, ou de algum filme. Acho que são da nossa vida, do que a gente vai passando, e cada filme é um filme. Eu digo assim: a direção não tem que estar acima do filme, a direção tem que servir ao filme. Então eu sou uma pessoa que tem uma estrada de cinema, eu dei aula de cinema e de fotografia. Se você olhar no IMDB (site norte-americano com a maior base de dados online do mundo sobre cinema e séries), eu fotografei vários filmes e estive como diretor de fotografia de vários longas. Então, a estética, a câmera, a lente, o enquadramento, tudo me motiva. O Azul Serra, que fez esse filme, que é um diretor de fotografia maravilhoso e foi um “parceiraço” nos outros filmes que eu dirigi e fotografei, mas dessa vez eu abri essa parceria para ele e foi um resultado que eu particularmente fiquei bem feliz esteticamente.
BLAH CULTURAL: Alguns momentos pareciam devaneio, sonho… era tudo mais sombrio, frio, a cor que vocês usaram, o fundo… queria saber suas inspirações nesse sentido.
Allan Fiterman: Sim, exatamente isso! Olha… está certíssima! São duas histórias que correm paralelas. Eu queria fazer o mesmo filme, mas com essas duas óticas. Da família, solitária que não se comunica, heteronormativa, cheia de problemas, e tem uma outra família escolhida pela dor, uma travesti, e tal. Aquela família cheia de cor, unida, que é boate, que ajuda a trazer isso, apesar do dia a dia daquela vida ser muito triste. A noite é muito glamorosa e traz aquele outro tom. E essa coisa dela querer ser princesa, querer cantar e tal. A imagem tem que trazer isso, tem que falar. Do outro lado, a outra família, os quadros são mais plácidos. Não chega a ser totalmente parado, tem um certo movimento, mas o enquadramento, a forma como chega a câmera na pessoa se aproxima da emoção junto com o ator.
BLAH CULTURAL: Sobre a escolha da trilha sonora e mixagem de som, que são impactantes, como foi a escolha do repertório?
Allan Fiterman: Você está perguntando duas coisas importantes. A trilha é do João Paulo Mendonça junto com Daniel Tauszig, que fez os pianos do filme e algumas composições também. O Daniel é um parceiro de muitos anos, que fez meus curtas lá atrás e parceiro de teatro, tocava ao vivo comigo, e é um maestro talentosíssimo. O João Paulo, eu já tinha trabalhado com ele em “Verdades Secretas” e trouxe ele para tentar uma parceria. A sonorização do filme, como precisava de muita sonorização ambiente, pois tinha muitas horas de silêncio, pois tudo tem que ser muito realista, pensar em como seria o som daquele apartamento, quando o ônibus passa por ali, qual o incômodo daquele vazio… quem fez a sonorização foi a Miriam Biderman que é daqui de São Paulo e tem uma carreira excepcional, já fez os maiores filmes nacionais e foi um prazer trabalhar com ela.
Elisa Tolomelli: Sobre a música, os direitos são da Donna Summer, mas não havia orçamento para comprar a canção original e adquiriram o fonograma. Essa cantora é uma brasileira chamada Luisa Landi com o timbre bem parecido com o da Dona Summer. A trilha sonora já está no Spotify e em outros aplicativos.
Vale sempre lembrar que Berenice Procura estreia nesta quinta-feira, dia 28 de junho, em circuito nacional. Leia a crítica do filme AQUI. Agora que a matéria acabou, confira o vídeo mais recente do nosso canal sobre cinema: