EXCLUSIVO | Diretor e ator de ‘Os Incontestáveis’ falam sobre o “road movie” com muito rock e psicodelia
Giovanna Landucci
Nesta quinta-feira, 9, estreia nas telonas o filme Os Incontestáveis. No início da semana, o BLAH! entrevistou Alexandre Serafini, diretor do filme, e Fabio Mozine, músico responsável pela trilha sonora e um dos protagonistas. O bate-papo ocorreu no Espaço Itaú de Cinema do Shopping Frei Caneca, em São Paulo.
CRÍTICA | ‘Os Incontestáveis’ acaba pagando pela sua ousadia
O FILME
A bordo de um Opala 73, os irmãos Bel e Mau viajam pelas estradas do estado do Espírito Santo em busca de um carro, um Maverick 77, que pertenceu a Elói, o pai que os abandonou na infância, deixando somente ressentimentos. A aventura em busca do carro os leva até a distante e esquecida cidade de Cotaxé, lugar marcado pelos conflitos de terras, fronteira, cobiça e poder.
10 Segundos Para Vencer | Filme sobre boxeador Éder Jofre ganha primeiro trailer: VEJA!
O filme apresenta uma estrutura de road movie, carregada de humor e envolvida pelo universo musical. Repleto de referências locais, rock e psicodelia, Os Incontestáveis é o primeiro longa-metragem do diretor Alexandre Serafini.
Confira a entrevista completa concedida ao BLAH!:
BLAH! – Em relação à rota criada e o processo de filmagem da road trip. Qual a sequência das filmagens? Foi diferente da elaborada para o filme na pós-edição?
Alexandre Serafini – A primeira semana a gente fez o trajeto todo do filme fazendo o road movie em si, que é a estrada. Indo até o distrito de Cotaxé, pois achei muito importante ir até lá, conhecer a região, filmando o Opala até ele chegar lá, isso durou mais ou menos uma semana. Os recheios, as sequências internas, outras cenas que não se passam na estrada foram filmadas depois. A “conversa” de onde está o carro e essas cenas subsequentes foram feitas na região da Grande Vitória, por questões logísticas e financeiras. O Road Movie foi feito com o Fabio Mozine dirigindo o Opala e uma equipe restrita, por questões orçamentárias. Já o restante das filmagens, equipes maiores, em uma região mais próxima da capital para que o orçamento fosse compatível.
Fabio Mozine – Para ser mais específico, no primeiro dia de filmagem a gente filmou a última cena que não foi em Cotaxé (Icoporanga). Uns barzinhos e algumas paradas que fazíamos com o carro foram em outras regiões.
Nos 30, 40 minutos finais do filme, há uma história paralela que tem um contexto histórico brasileiro. Há um contexto religioso, com ar sacerdotal de um líder político/religioso. Existe relação desse contexto com a escolha do Estado do Espírito Santo?
Alexandre – Sim, a escolha primeiramente foi porque eu gosto de lá e queria fazer com os talentos de locais. Desde o começo a história já tinha sido desenhada para terminar lá porque, inclusive, é uma história local que ninguém conhece. O co-roteirista, o Saulo, é historiador e me contou essa história. Essa região faz parte da Sudene e essa história sobre o Udelino é incrível. É uma região de grandes conflitos, e inclusive alvo de pistolagem.
Fabio – Até mesmo localmente é uma história pouco conhecida. E com relação à pistolagem, aquele caso do José Rainha, por exemplo, aconteceu lá.
Sobre a parceria que você fez com o Saulo para escrever o roteiro, ele estava escrevendo um livro? Como se passou a composição até chegar a ser um road movie pelo interior do Espírito Santo com essa pegada histórico-regional?
Alexandre – Ele estava escrevendo um livro com uma história que ele se perdeu e me falou que tinha esse material, que eram relatos de viagens que ele fez com uma moto. Ele disse que queria costurar isso, mas preferia ser algo com um Mustang.
Com relação à composição dos personagens, Fabio, você junto com o Will trabalharam de forma conjunta para compor as características? Sei que vocês são músicos, não são atores de formação, como foi para vocês o processo de construção desses personagens? As falas eram do próprio roteiro ou foram diálogos criados entre vocês ao longo das filmagens?
Fabio – Foi complicado porque eu não queria que ele fosse o Fabio Mozine, e sim, ter a cara do personagem. E nós tínhamos a consciência que não seria fácil do dia para a noite nos tornarmos atores e conseguir inventar voz, estilo, então foi uma tentativa de manter o meio termo ali. Não era o Bell que ele queria. Eu coloquei que não conseguiria ser isso, não tinha como um ser humano ser daquele jeito. Então eu trouxe mudanças para o personagem, pois ele era mais mal humorado ainda, por incrível que pareça.
Fabio, você gosta de carros? Ou com o filme veio um gosto que você não tinha antes?
Eu gosto, mas não nesse nível de colecionador, eu gosto de carro no geral, sempre gostei muito de carro, e eu também tenho uma história de infância com um Maverick. Eu morava lá em Vila velha, e na frente da minha casa tinha um Maverick estacionado, meu pai ficava contando pra mim sobre carros e dizia que aquele era um carrão. “Um dia eu vou ter aquele carro, esse carro é muito bom, esse motor é V8.” Eu lembro que quando eu ia pra escola na adolescência eu repetia sobre o motor ser V8, nem sabia o que era isso, mas repetia.
Sobre o Opala, Fabio nos contou uma curiosidade dos bastidores. Durante as cenas, o carro quebrou um monte de vezes, tiveram que parar para trocar as peças e ele dirigiu o tempo todo morrendo de medo. Quase atropelou uma pessoa de bicicleta durante as filmagens e não fazia ideia de como ia ser dirigir esse carro por estradas de terra.