Uma janela para chamar de minha
Danielle Meniche
Seja no ônibus, carro, bonde, metrô, trem, avião, carroça, enfim… As pessoas adoram ficar ao lado da janela.
Ela protege você das bolsas indiscretas que atrapalham a leitura do seu jornal, dos braços que vão para frente e para trás, e esbarram no seu ombro, daqueles que ficam de costas a conversar com a turminha no corredor do metrô. Você pode desviar dos olhares de inveja por estar sentado e ele ou ela não. Não precisa olhar para o nada cheio de gente.
Pessoas com o olhar distante, em momentos tão íntimos. Nas viagens no lado da janela dá para pensar bem nas coisas da vida, soluções, amores impossíveis, dá para chorar baixinho e esconder as lágrimas com o braço e a cabeça apoiados no vidro, mas não vale deixa-lo embaçado. Você também pode resgatar aquele sono que o despertador arrancou. Sacar o seu livro da bolsa e ficar tão imerso na história que corre o risco de passar do ponto, ou da estação. Ouvir música, desde que seja com fones de ouvido. São tantas opções.
Relaxar com a beleza dos cavalos perdidos na imensidão dos campos. Olhar o mar do alto da serra. A frieza das estruturas que sustentam essa cidade. O mundo minúsculo que as nuvens teimam em esconder. Olhar as pessoas. Sim… Pois apesar da solidão da viagem, do egoísmo da janela, nós somos seres curiosos e se não estamos com um livro nas mãos, celular, ou até dormindo, a opção mais interessante ainda é outro ser humano.