REVIEW | ‘Assassin’s Creed: Odyssey’ é o maior e melhor jogo da franquia

Felipe de Andrade

No dia 5 de outubro, a Ubisoft lançou mais um game da franquia Assassin’s Creed para PC e os consoles da atual geração, o décimo primeiro título principal da série. Estamos falando de Assassin’s Creed: Odyssey, que traz a tão esperada Grécia antiga como pano de fundo da jornada de Alexios e Kassandra, os dois personagens jogáveis da vez. O lançamento veio um ano depois de Assassin´s Creed Origins, que contava a origem da Irmandade dos Assassinos no período do antigo império egípcio. Contrariando um depoimento da própria Ubi, ao afirmar que a empresa faria um intervalo maior entre os lançamentos dos jogos da série, para que o estúdio e suas equipes de desenvolvimento tivessem mais tempo hábil para lançar um produto de qualidade maior, o intervalo de um ano entre Origins e Odissey surpreendeu aos fãs.

Odissey tem o maior mapa da franquia –, enredos muito bem construídos e ótimo design dos cenários históricos reconstruídos. Mas há um detalhe nessa história, enquanto Origins foi desenvolvido pela Ubisoft Montreal, responsável pelo AC Unity, Odissey foi feito pela Ubisoft Quebec de AC Syndicate. Assim, os dois estúdios tiveram tempo hábil para lançar os dois jogos em anos seguidos sem atrapalhar a qualidade dos mesmos.

Em relação aos outros, Odissey é o título da franquia que se passa no período mais distante dos dias atuais, na Guerra do Peloponeso (431 a 404 antes de Cristo), onde Esparta sai vitoriosa sobre Atenas ao final do conflito. Nesta época, a Irmandade dos Assassinos ainda não existia e isso explica a ausência da famosa Hidden Blade, marca registrada da famosa série de jogos do estúdio francês. No seu lugar lutamos com a lança do Rei Leônidas, sim, aquele mesmo que foi retratado no filme 300, baseado em um quadrinho e em  um fato real.

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Falando em Leônidas, em Assassin’s Creed: Odyssey assumimos o papel de Alexios ou Kassandra, irmãos e descendentes do antigo Rei de Esparta. Independente de qual dos dois escolhemos no início do jogo, a história que se desenrola não sofre alterações, apenas algumas adaptações referentes a qual irmão é o mais velho – sempre é o que escolhemos –, e também nos diálogos que trocam o nome nas falas direcionadas a eles. Ou seja, mesmo gameplay com qualquer um dos irmãos.

Quando ainda era só uma criança, nosso personagem é encontrado desacordado em uma praia da Cefalônia por um comerciante sem muito sucesso na vida, e criado por ele desde então, cresceu longe da família e acabou se tornando um mercenário, por causa das habilidades natas para batalha. Sem se envolver com a guerra que assola os territórios vizinhos, vivemos na ilha de Cefalônia, área que serve para um enorme tutorial que garante horas de jogatina. Lá podemos aprender tudo sobre a jogabilidade do título, como o esquema de missões principais e secundárias: caçar, comércio, nadar, utilizar jangadas, enfrentar caçadores de recompensa, se acostumar com o novo sistema que transforma Assassin’s Creed: Odyssey em um ótimo RPG que possui um mundo aberto gigantesco, com várias cidades muito bem construídas no mapa geral e sistema de equipamentos e combate mais aprofundados que o game anterior.

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Só após esse tempo jogando em Cefalônia que entramos em uma missão que nos leva para fora da ilha, é aí que aparece o título do jogo na tela – eu já tinha umas 8 horas de jogo quando aconteceu. Missão essa que nos leva para a cereja do bolo de Odissey, a primeira batalha marítima, que está melhor do que nunca na série, com direito a tubarões devorando os tripulantes do navio que afundamos em alto mar. A história do game tem início com um prólogo, onde controlamos ninguém menos que o próprio Rei Leônidas durante a Batalha das Termópilas, que ocorre em 480 A.C., que é famosa por causa do filme 300, onde 300 espartanos liderados pelo rei enfrentam o exército persa do rei Xerxes 100 vezes maior, com 30 mil soldados. Mesmo sabendo da imensa desvantagem, Leônidas não desistiu e sua vontade de vencer serviu de inspiração para Esparta e o restante da Grécia, que acaba por vencer a guerra.

Em seguida, ocorre um salto temporal que mostra os dias de hoje com Layla Hassan, que foi apresentada em Origins, ex-funcionária da Abstergo, uma companhia que caça os assassinos no presente do jogo. A cena mostra Layla descobrindo a lança de Leônidas, que contém traços de DNA tanto de Alexios quanto de Kassandra. Ela deve escolher qual das duas linhas temporais usar antes de poder voltar ao Animus, uma espécie de “Matrix” onde é possível se conectar e reviver os acontecimentos de épocas passadas por meio dessa memória biológica, tudo isso através do código genético obtido, por assim dizer. Como sempre, essas seções que ocorrem no presente são as menos importantes e empolgantes, fazendo com que haja uma quebra de ritmo no gameplay, muitas vezes com coisas desnecessárias. Nos primeiros jogos de Assassin´s Creed parecia que essas passagens levariam a existência de um game que se passaria nos dias atuais, mas esse sentimento já foi esquecido faz tempo.

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Para dar início à jornada, devemos escolher entre os irmãos, ou melhor, a odisseia épica que transformará um mercenário desconhecido, buscando assim descobrir mais sobre sua família. Um lendário herói de Esparta com um país inteiro para explorar e influenciar na guerra entre Esparta e Atenas. Enquanto isso, ocorrem encontros inesperados com figuras históricas reais como Sócrates e Pitágoras, entre outros, em cidades antigas perfeitamente recriadas e épicas batalhas no Mar Mediterrâneo. Odissey conta com o maior mapa já visto na série e abandona de vez o estilo ação e aventura para levar a franquia para o segmento de RPG de mundo aberto, que já conta com ótimas influências como The Witcher 3 e Skyrim. O game é o primeiro da série que conta com um sistema de escolhas de diálogos que pode alterar, mesmo que levemente, os rumos da história de Alexios ou Kassandra, podendo mudar a forma de como o nosso personagem passa a ser conhecido pelo mundo. E para fazer valer a exploração deste mapa gigantesco, a Ubisoft caprichou ao recriar locais históricos ou meras cidades e acampamentos com a mesma qualidade visual, contando um dos melhores designs de ambientes e direção de arte da série.

Ao contrário dos primeiros jogos que tinham um combate baseado em contra-ataques repetitivos, pouco inspirado e simplório, a jogabilidade agora é bem instintiva e mais complexa, melhorando o que já tinha sido mostrado em Origins – combates com uma grande variedade de armas com características diferentes, como espadas, lanças e martelos gigantes. Cada arma sempre tem um ataque forte e um fraco, podendo ser alternado para criar combos relativamente variados. Não é mais possível ficar defendendo durante os combates o tempo todo, para escapar de ser atingido existe a esquiva em dois níveis de distância do inimigo ou podemos aparar os golpes na hora em que são desferidos, técnica que precisa de treinamento e atenção ao momento certo. Isto se torna menos difícil do que parece com o passar do tempo e com vários combates travados. Atacar seguidamente irá causar morte certa, principalmente se os inimigos tiverem o mesmo nível ou forem de níveis mais altos que o nosso no momento da luta. Ainda é possível matar sem ser visto, tanto com arco e flecha quanto com a lança de Leônidas, mas qualquer descuido pode gerar um combate generalizado se estiver em território inimigo. Sem contar que uma recompensa pode ser posta pela nossa morte, fazendo com que mercenários caçadores de recompensas busquem pistas sobre nosso atual paradeiro para que nos cacem sem misericórdia.

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Como em um bom RPG, temos uma árvore de habilidades para liberar de acordo com que subimos de nível, como golpes novos, atirar três flechas de uma vez, aplicação de dano adicional por veneno ou fogo nas armas, habilidades passivas como uma em que é possível ver baús, passagens ocultas e destacar inimigos no raio de alguns metros. Até o famoso chute que Leônidas desfere ao grito de “This is Sparta!” no filme está lá. Assim podendo personalizar o gameplay de acordo com as preferências de quem estiver jogando. Infelizmente só é possível equipar quatro habilidades para ataques corpo a corpo e quatro para ataque à distância por vez, fazendo com que acessemos o menu mais vezes do que o necessário para alterar essas habilidades de acordo com a necessidade.

Ainda é possível personalizar todo o equipamento utilizado como armas e armaduras. Estes itens são encontrados com inimigos derrotados, em baús, enquanto exploramos o mapa ou até comprando com ferreiros ou outros comerciantes encontrados ao longo da jornada. Esses equipamentos pedem um nível mínimo para serem utilizados e seguem um sistema de raridade que varia de itens de nível comum até itens lendários, estes têm características marcantes e são diferenciados por cores como em Diablo 3, por exemplo. Todo esse equipamento pode ser melhorado em um ferreiro de acordo com os itens e as dracmas – dinheiro – necessárias para isso.

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O sistema de navegação sofreu melhorias desde que estreou em Assassin´s Creed 3, passando por Black Flag e Rogue, e é uma parte importante da nova história, já que o mapa é composto por dezenas de ilhas ao longo do território grego. E como o povo da época tinha uma vasta experiência em navegação, nada mais justo do que demonstrar isso da melhor maneira possível, com possivelmente o mar mais bonito já visto em um jogo e batalhas épicas contra embarcações inimigas. Como os navios são de suma importância, é possível torná-los melhor em vários aspectos como casco, armas, tripulação e outros para sempre tentar encarar navios maiores e mais fortes que o nosso.

Com gráficos que estão entre os melhores da atual geração dos consoles, Odissey faz bonito tanto na terra quanto no mar, que tem uma vida marítima bem realista. Com ilhas, fortes e cidades inteiras belamente criadas nos mínimos detalhes para compor o enorme mapa, o jogo conta com uma taxa constante de quadros por segundo mesmo durante os combates ou quando voamos pelo céu com Ícarus, águia de Alexios e Kassandra. Infelizmente, toda vez que utilizamos a águia e voltamos para um dos irmãos uma tela de loading bem demorada aparece quebrando a imersão e o gameplay. Agora parece ser possível escalar praticamente qualquer superfície vertical, mesmo que pareça lisa e sem rachaduras. Mesmo sendo o décimo primeiro jogo da franquia, ainda existem bugs na hora de escalar uma simples parede. Esse e outros pequenos defeitos devem ser reparados com o tempo através de atualizações feitas pela Ubisoft.

O game também faz bonito na localização para o português brasileiro com a qualidade inegável da dublagem, que conta com nomes conhecidos do grande público como Raphael Rossato, dublador oficial do Chris Pratt, o Peter Quill dos Guardiões da Galáxia e Letícia Quinto, a Saori dos Cavaleiros do Zodíaco, que dublam Alexios e Kassandra. Ainda é possível reconhecer outras vozes como a de Francisco Brêtas – Yoga de Cavaleiros e Saul Goodman de Better Caul Saul –, Mauro Ramos –  Pumbaa De O Rei Leão, Shrek, Drax de Guardiões, Sully de Monstros S.A. –, e Ricardo Juarez – que fez Kratos em God Of War.

VEREDITO

Assassin’s Creed: Odyssey é o maior e melhor jogo da franquia. Sua história foge um pouco do tema sobre a Irmandade dos Assassinos, pois se passa antes de Origins. No entanto, a série sofre uma transformação de estilo e sai da aventura para um RPG de mundo aberto que mal lembra os jogos anteriores, o que só fez bem para a franquia.

Felipe de Andrade

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