REVIEW | Sem nenhuma inovação ‘Mônica e a Guarda dos Coelhos’ é o famoso ”nada se cria, tudo se copia”
Felipe de Andrade
Meses atrás, mais especificamente em 29 de Maio, o estúdio brasileiro Mad Mimic lançou um divertido game multiplayer de um a quatro jogadores chamado No Heroes Here. Ele trazia espírito de cooperação total dos integrantes do time ou, se estivesse jogando sozinho, um grande senso de coordenação. E isso era fundamental para administrar todas as funções e personagens necessários para proteger um castelo ao mesmo tempo que montava munições, fabricava pólvora, abastecia e limpava os canhões com apenas um controle. O game era bem divertido para dizer a verdade, e o fato de ser um game BR dava aquela pontinha de orgulho.
Hoje, pouco mais de seis meses depois, em 04/12, é lançado Mônica e a Guarda dos Coelhos, pelo mesmíssimo estúdio e com uma rara parceria com Maurício de Sousa Produções. Mas hoje aquele “orgulho” já não veio, e por que será? É porque os dois jogos citados no texto têm a mesma jogabilidade, mesmos gráficos, o mesmo gameplay, o mesmo tutorial, e, detalhe, os personagens de No Heroes Here ainda são mais carismáticos do que os do jogo da Mônica.
Enfim, esse é outro game da Mônica que foi feito apenas trocando o visual de um jogo original pelo dos personagens brasileiros. O mesmo aconteceu com o Mônica no Castelo do Dragão para o saudoso Master System, que tinha como base um jogo da série Wonder Boy e foi “transformado” em um game BR em que até os inimigos que a gente enfrentava eram os mesmos.
Falando nisso, Mônica e a Guarda dos Coelhos parece ser uma sequência do jogo do antigo console da SEGA, pois logo no início da história há uma citação que parece remeter ao passado da Mônica. A mesma diz que “após defender o reino de criaturas assustadoras e dragões ferozes, Mônica observa de longe, garantindo que todos possam viver em paz”. Bom, se não for uma sequência, essas palavras foram escolhidas para que desse a entender isso, apelando para a nostalgia de quem teve a oportunidade de jogar Mônica no Castelo do Dragão em algum momento da infância.
O game começa com Mônica vendo algo caindo do céu, que logo ela descobre ser uma estrela que estava fugindo de uma nuvem de sujeira, que se perdeu e caiu na Terra. A estrela diz que precisa voltar para o céu e pede ajuda à Mônica, a grande defensora do reino e dona do poderoso coelho Sansão. Em seguida, a estrela leva Mônica até um castelo que pertencia ao grande deus Coelho, que protegia todo o reino da torre mais alta do castelo, dizendo que apenas quem tem o coração mais puro consegue abrir a porta. Mônica consegue esse feito facilmente, pois é uma das escolhidas do deus Coelho. Investigando o interior do castelo, elas encontram uma estátua do deus e decidem encontrar uma maneira de trazê-lo de volta, pois somente ele será capaz de manter a paz e limpar os céus para que a estrela volte para seu lar. A estrela então lembra de uma lenda que diz que o grande deus Coelho deixou algumas relíquias espalhadas pelos castelos do reino e que elas poderiam ser usadas para tentar ressuscitar o deus.
Investigando mais a fundo, elas descobrem um calabouço, onde estão presos os integrantes da lendária Guarda dos Coelhos e também onde estavam guardadas algumas relíquias que elas usaram para libertar alguns dos integrantes, sendo eles Cebolinha, Cascão e Magali. O restante pode ser libertado posteriormente conforme mais relíquias forem encontradas. Neste momento, o castelo é atacado por soldados feitos de sujeira e os quatro heróis partem para a ação impedindo o ataque dos monstros a todos os castelos do reino.
O jogo conta com um total de 16 personagens, sendo os 4 citados antes e mais Chico Bento, Franjinha, Jotalhão, Astronauta e mais algumas figuras conhecidas das histórias em quadrinhos de Maurício de Sousa. Como já foi dito no início do revide, a jogabilidade segue idêntica ao jogo anterior da Mad Mimic, com o estilo de castle defense, em que devemos proteger a base de ataques inimigos enquanto fabricamos pólvora e munições de três tipos diferentes de coelhos. Um causa dano, outro causa paralisia e o terceiro desacelera o avanço das hordas inimigas, utilizamos também canhões em posicionamento diferente de acordo com o mapa de cada castelo. Sempre lembrando de limpar as armas após cada tiro.
O gráfico segue mantendo o estilo de pixel art, mas com toda a roupagem da turma da Mônica, mas fica a impressão de que No More Heroes teve mais capricho em seu desenvolvimento. No quesito som, as músicas parecem ter um tom mais sério do que o necessário para um jogo da turma da Mônica. Deixo aqui também uma observação para os diferentes sons que os objetos utilizados por cada personagem faz ao fabricar munição, como o coelho da Mônica, a viola do Chico Bento, o guarda-chuva do Cascão, etc. O multiplayer para até quatro pessoas é um atrativo e um fator que faz a diferença na hora de se divertir com seus amigos em uma mesma tela. Vocês conseguirão facilmente passar um longo tempo se entretendo com um bom jogo casual, sem a violência de um jogo de luta ou um fps, por exemplo .
VEREDITO
Tendo como base No Heroes Here, a Mad Mimic se utilizou do ditado popular “nada se cria, tudo se copia” para lançar Mônica e a Guarda dos Coelhos sem nenhuma inovação, e lançou dois jogos iguais em menos de um ano. Como os dois têm o mesmo preço, fica a seu critério qual escolher. Mas nenhum dos dois vale o preço cheio.