Big Brother Brasil 2019

BBBLAH! NO AR! #3 – Big Brother Brasil 2019

Lohan Lage Pignone

BBBlah! no ar!

Terceira semana de BBB e, agora sim, temos um jogo delineado. E polarizado! Ora, ora, acharam mesmo que a produção perderia a oportunidade de incentivar a polarização esse ano? Afinal, o cenário político do Brasil, hoje, está evidentemente polarizado. Recentemente, tivemos uma eleição presidenciável que mais pareceu um campo de batalha. E como não se valer dessa deixa continental? “Bora selecionar esses participantes já matutando todo esse conflito, todo esse racha lá dentro”… “Bora agora anunciar que já rolou essa divisão”, e o Tiago Leifert fez isso, na última terça-feira. Well, well. As panelas ganharam pressão, e até nomenclaturas, no costumeiro ritual de batismo tendencioso do Mr. Edição. São elas o “Cola com os Zicardashians”, em referência às irmãs Kardashian; e o “Manifestou – Lacres com Textão”. É ou não é a mais escrachada polarização política dentro do BBB 19?

Big Brother Brasil 2019 / Globo / Reprodução

 Falemos primeiro do finado Villa Mix, agora Zicardashians: é formado por Peixinho, Tereza, miss Isabella, Maicon queijeiro, Diego/Diega laçador de cavalos. E justamente o sócio majoritário do grupo, Doctor Gustavo, o nosso Dr. Hollywood genérico, foi demitido pelo público nesta última terça-feira, com 78,94 por cento dos votos (entrando, inclusive, na lista dos recordes negativos em paredões triplos). Quebra, assim, uma tradição curiosa do BBB: a de médicos loucos que sempre vão longe e atormentam a vida dos brothers. E o kadarshian que tem se mostrado mais disposto a comprar as ações de Gustavo nessa “panela empresarial” é Diego, que jocosamente foi chamado de Diega por Hana, e que, depois disso, passou a pronunciar duzentas e trinta e três vezes por dia o nome da vegana (estagiário, faz favor de levantar esse número com exatidão e me manda pelo Twitter). Sim, gente, eu tenho um estagiário. Um estagiário-imaginário, mas tenho. Tem gente que nem imaginação tem.

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Maicon me parece o mais deslocado do grupo, do tipo modo avião; daqueles sócios que, na empresa, o voto não pesa nem pra definir a marca do pó de café que a secretária vai servir. Está em um chove-não-molha entediante com Isabella (a que comeu o pão que o diabo amassou em Milão) e não condiz com o perfil financeiro e/ou intelectual da maioria do seu grupinho. Sua conexão, ali, se dá mais por Isabella e Tereza, por quem demonstra muito carinho. Quanto à sua relação com a miss, no meu entender, há um jogo de interesse velado de ambas as partes, que nenhum dos dois quer assumir. Não há química, a coisa ali não anda, e de certa forma, o casal se aproveita desse lenga lenga pra tentar conseguir pontos com o público. Não duvido que surja ainda um papo do tipo princesa e plebeu entre eles (lembrei até da música do Negritude Jr., olha só, 90’s feelings; quem sentiu, veja o vídeo logo abaixo), e aí se dirão “de mundos muito diferentes, impossível haver um relacionamento”, e bla, bla, bla. Quando, na real, Isabella está mais para aquela que tem experimentado um queijo minas que não convém nada ao seu paladar só pra dizer que comeu e que nem tem preconceito com esse tipo de “alimento”; e Maicon, o queijeiro que aqui virou o queijo, está de olho é na piauiense Elana, a quem irei parafrasear agora uma de suas falas: “que me perdoem as magrinhas, mas como que nem uma capivara e gosto do meu corpo”. É, Elana, pelo visto tem mais gente que gosta aí dentro…

https://www.youtube.com/watch?v=ASCEs3Z45Gg

Se os kadarshians são o que possuem, digamos, tendências mais conservadoras, o grupo do “Manifestou” é claramente a esquerda da casa. E a esquerda, que já foi chamada também de “Baile da Gaiola”, começou o jogo com o pé direito. Hana líder e engatando romance com Alan good vibes, Rízia rainha do camarote da festa; um Rodrigo que, dormindo e roncando à noite incomoda muita gente, dormindo e roncando o dia todo incomoda muito mais… ainda temos, completando essa “parcela da sociedade”, Gabriela e Danrley. A parcela que, em tese, aqui fora, está à margem; lá dentro estaria dominando o mundo se o BBB fosse um tabuleiro de War. Só que, vale lembrar: quem decide, no frigir dos ovos, é o povão. E, a tirar pelo resultado das eleições, a esquerda não está com essa bola toda na realidade brasileira… até que ponto a polarização política irá influenciar no Big Brother Brasil 19? Será que a esquerda, politicamente falando, terá seu mundo utópico em um reality show?

Big Brother Brasil 2019 / Globo / Reproduzido pelo UOL

Enquanto os lacradores puxam uns papos cabeças, a dupla de loiras Paula e Hariany (Pauriany, já shippadas pela sociedade), surge com uns papos sem pé nem cabeça. Meio à deriva no jogo, essa dupla se livrou do primeiro paredão e ganhou o maior gás para a continuidade da competição. Paula, a famosa dona da porca, tem sido também dona das frases mais porcas da edição. Sua voz irritante já foi superada pelas palavras. Tiradas racistas e apologia às drogas fazem parte do seu repertório medíocre, que tem sido recortado convenientemente pelo Mr. Edição. Ficou clara a intenção do programa em rotulá-la como a autêntica e engraçadinha da casa. Paula talvez seja o melhor contraponto do grupo “Manifestou”; é a que tem mais chances de ganhar a simpatia do público e disputar o caneco, e o Mr. Edição já sacou isso. No grupo dos kardashians, falta, sobretudo, carisma. Carisma de campeão, não consigo enxergar lá. Hariany nem se fala: falta estímulo até pra soltar um pum. Já Hana pode-se dizer que seja a mais carismática da casa, mas é por demais extremada em muitas ações. Paula surge como fiel dessa balança e tal perfil tem sido gerado, principalmente, pelo trabalho da edição do programa, o que soa perigoso. Teremos a nova Emily? Bem, se sim, pelo menos o médico já rodou.

Pois bem, aguardemos como o jogo vai se desenhar na conclusão do primeiro mês do programa. Teremos surpresas como o Big Fone tocando de novo? Teremos conflitos por conta da comida e da água? Veremos!

Até o próximo BBBlah!

Lohan Lage Pignone

Lohan Lage Pignone, 31, é nascido no Rio de Janeiro (RJ) e atualmente reside em Nova Friburgo (RJ). Graduado em Letras (Port./Lit.) pela Universidade Estácio de Sá e pós-graduado em Roteiro para Cinema e TV, pela UVA. Publicou, em 2011, o livro “Poesia é Isso” (Ed. Multifoco). Assinou o roteiro e dirigiu o documentário em curta-metragem “Terra Nova, Friburgo”. Formou-se em Direção (Cinema) pela AIC.
NAN