CRÍTICA | ‘Calmaria’
Renata Teófilo
O filme Calmaria (Serinity) é um suspense que tem como protagonista Matthew McConaughey fazendo um pescador rabugento chamado Baker Dill, que sobrevive levando turistas para pescar na paradisíaca ilha de Plymouth. Ele tem como ajudante um velho amigo (Djimon Hounsou) e é obcecado em capturar um grande atum, ao qual ele dá nome de “Justiça”. O pescador tenta capturar o grande peixe a qualquer custo, da mesma forma que o capitão Ahab com sua grande baleia branca em “Moby Dick”. Essa sua obsessão faz com que ele perca clientes, o colocando numa situação de risco, já que mal consegue pagar as prestações de seu barco ou os serviços do ajudante amigo. Uma mulher mais velha (Diane Lane) é o que garante sua estabilidade financeira, já que ele – sem muito constrangimento – se deita com ela em troca de dinheiro.
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A primeira parte de Calmaria é basicamente sobre essa caçada até a chegada da misteriosa Karen (Anne Hathaway) à ilha. Como nos filmes noir, Karen é uma loira femme fatale cheia de segredos e segundas intenções. A mulher e o pescador tiveram um caso no passado e, por essa razão, ela vai à ilha suplicar para que ele a ajude a matar seu marido Frank, que a maltrata há anos. O plano dela é que Baker jogue o homem ao mar durante uma de suas viagens, tudo isso em troca de milhões de dólares. O pescador, no começo, se recusa, porém, depois de conhecer Frank pessoalmente, ele começa a se questionar. O ator Jason Clarke faz o “alvo” e seu personagem é propositalmente unidimensional: assim que chega na ilha, vemos que é detestável, machista, louco, violento e todos os defeitos mais que um ser humano pode ter. Nesse momento da trama, tudo começa a ficar meio nebuloso com o aparecimento de um vendedor que persegue o pescador e o comportamento das pessoas que convivem com ele na ilha começa a ficar estranho. O próprio Baker, que é veterano da guerra do Iraque, parece ter algum poder cognitivo que o faz se conectar com seu filho, ao qual não tem contato há muito tempo e uma certa loucura começa tomar conta dele.
O diretor e roteirista inglês Steven Knight é mais conhecido por seus roteiros para “Coisas Belas e Sujas”, de Stephen Frears, “Senhores do Crime” e “Locke”, mas aqui ele escorrega fazendo uma mistura indigesta de “O Show de Truman” com “Black Mirror” e “A Origem”, e que, no fim, descamba para uma forçada cena final melosa.
Calmaria foi filmado nas Ilhas Maurício, um arquipélago com um belo cenário natural, com um mar azul límpido que na telona do cinema deixa o público deslumbrado, sendo essa a grande atração do longa. De resto, a química entre Matthew McConaughey e Anne Hathaway não funciona, principalmente numa cena de sexo completamente desnecessária. O filme traz uns movimentos de câmera sem sentido para determinadas cenas e o personagem de Diane Lane não tem razão de estar na história. O que era para ser thriller vira um dramalhão. Já os fãs de McConaughey vão se deleitar, não por sua atuação, mas pelo fato de que ele aparece sem camisa (ou com a camisa molhada) ou nu incontáveis vezes durante a projeção.
Calmaria estreia dia 28 de fevereiro nos cinemas brasileiros e há que se lamentar o desperdício de um elenco bom numa história tão rasa, que falha em qualquer nuance que procure trazer. Tendo o roteiro tomado qualquer outro caminho, o filme poderia ser até interessante, mas quando se descobre a grande reviravolta final, todo o resto não se sustenta.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Serenity
Direção: Steven Knight
Elenco: Anne Hathaway, Diane Lane, Matthew McConaughey
Distribuição: Diamond Films
Data de estreia: qui, 28/02/19
País: Estados Unidos
Gênero: drama
Ano de produção: 2018
Duração: 101 minutos
Classificação: 14 anos