CRÍTICA | ‘Uma Viagem Inesperada’

Alvaro Tallarico

Uma Viagem Inesperada entre os traumas e o sonho do recomeço.

A película começa mostrando a cidade maravilhosa do Rio de Janeiro. Tomadas aéreas sobre o Aterro do Flamengo, seguido pelo conhecido cartão postal Pão de Açúcar… Já dá vontade de estar lá.

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Claramente a vida de Pablo (Pablo Rago) está boa, feliz. Dirigindo tranquilo, conversando com a bela namorada brasileira Lucy, vivida por Débora Nascimento. O filme é uma coprodução Brasil-Argentina, mas o Rio de Janeiro e Débora são praticamente as únicas coisas brasileiras com algum destaque.

A pacata e bem-sucedida caminhada do engenheiro argentino vivendo uma vida de sonho no Brasil é interrompida por uma ligação de sua ex-mulher. A responsabilidade chama. Seu filho Andrés (Tomás Wicz) está com problemas na Argentina. Pablo hesita, tenta fugir, mas não dá.

Foto: Boulevard Filmes / Divulgação

Tudo começa meio devagar, até desanimador, quase amador, porém, aos poucos vai melhorando e indo num crescente. Pablo vai para Argentina e segue com seu filho para Bolívar, visando reconstruir o vínculo, consertar os quebrados e encontrar novos caminhos. Parece que vai ser aquele estilo road movie, entretanto não é bem assim que ocorre. Salta o choque de gerações acontecendo e se desenrolando como um jogo de xadrez entre juventude e uma suposta experiência. Carta versus e-mail, redes sociais versus conversa ao vivo, esperteza versus distração.

O tema do bullying é peça importante no longa-metragem. Há algum tempo as escolas vêm dando maior ênfase ao enfrentamento deste problema, mesmo assim os fatos continuam ocorrendo. O filme tem isso. Mostra diversos problemas comuns da adolescência, como sexo, drogas, limites. É a arte funcionando como um canal para discutir problemas sociais. Uma Viagem Inesperada (Viaje Inesperado) busca contribuir para essa reflexão. Traumas são desenterrados e remexidos, histórias antigas dos personagens surgem mostrando as conexões e desconexões entre todos. Precisam de resgate. Pablo demonstra um egoísmo assustador em alguns momentos, como no hospital, preferindo retornar a vida de sonho do que enfrentar os acontecimentos.

Foto: Boulevard Filmes / Divulgação

Ao sairmos da cabine de imprensa, um colega disse que era o melhor drama que havia visto nos últimos tempos. Longe disso, contudo, temas relevantes são levantados. Nem sempre com profundidade, mas algumas pinceladas são certeiras e trazem sim emoção no espectador. A fotografia é OK e o filme, às vezes, se perde na continuidade.

Acima de tudo, Uma Viagem Inesperada é uma experiência válida sobre a busca por uma ponte, que possa levar para um outro lado, a um momento melhor, a novos desafios, a um local onde seja possível começar de novo. O filme estreia no Brasil em 28 de março de 2019.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Viaje Inesperado
Diretor: Juan José Jusid
Roteirista: César Gómez Copello, Juan José Jusid, Oliver Kolker
Elenco: Pablo Rago, Cecilia Dopazo, Tomás Wicz ,Valentina Etchegoyen, Mario Alarcón , Adriana Balbom, Oliver Kolker, Débora Nascimento, Facundo Posincovich, Selene Rojas Alcover
Distribuição: Boulevard Filmes
Data de estreia: qui, 28/03/19
País: Argentina, Brasil
Gênero: Drama
Ano de produção: 2019
Duração: 87 minutos
Idioma: espanhol
Classificação: 14 anos

Alvaro Tallarico

Jornalista vivente andante (não necessariamente nessa ordem), cidadão do mundo, pacifista, divulgador da arte como expressão da busca pela reflexão e transcendência humana. @viventeandante
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