CRÍTICA | ‘O Tradutor’
Cadu Costa
Rodrigo Santoro faz parte de uma geração de atores brasileiros que se estabeleceram entre os melhores de todos os tempos. Nessa lista, incluímos ele, Wagner Moura, Lázaro Ramos, Wladimir Brichta, Milhem Cortaz, Leandra Leal, Alice Braga, Taís Araújo, Adriana Esteves, entre outros. A lista é interminável. E Rodrigo é conhecido também por escolher sabiamente as obras das quais participa. Não é diferente dessa vez.
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O Tradutor (Un Traductor) é seu novo trabalho como protagonista nos cinemas. Ambientado em Havana, o filme relata os fatos envolvendo o pai dos irmãos cineastas Sebastián e Rodrigo Barriuso, que dirigem o longa. No fim da década de 1980, o pai deles, Malin (Rodrigo Santoro), um professor cubano que ensina russo, foi convocado pelo governo de seu país para traduzir as relações entre os médicos do local e um grupo de pacientes vindos da União Soviética, vítimas do desastre nuclear de Chernobyl. Essa tragédia ocorreu em 26 de abril de 1986 e foi o mais grave na história com a explosão de um reator que liberou uma imensa nuvem de resíduos tóxicos 400 vezes mais radioativa do que a bomba atômica de Hiroshima.
No filme, o personagem de Rodrigo é um sopro de esperança e força para as crianças soviéticas na luta contra o câncer. Malin percebe crianças que vivem em constante isolamento com exames diários de rádio e quimioterapia. Isso o faz enxergar mais as pequenas coisas e num movimento contraditório o afasta até mesmo de sua família visto que passa seu tempo se dedicando mais à essas crianças.
Por se tratar de uma história real e familiar, os irmãos Barriuso não tiveram problemas em montar um bom filme com um roteiro muito bem escrito e executado. Desnecessário dizer sobre o destaque de Rodrigo Santoro. O ator desfila com maestria pela tela com técnica nos idiomas russo e espanhol. Rodrigo, que já fala espanhol, teve que imergir na cultura de Cuba e da União Soviética / Rússia com aulas e pesquisas importantes sobre a história de cada lugar. Outro personagem de valor é a enfermeira Gladyz, interpretada com paixão pela atriz argentina Maricel Álvarez (Biutiful). A química com Rodrigo é tão intensa que os dois personagens dominam a tela quando aparecem.
Sobre a maioria das cenas do longa, todas são muito bem feitas, principalmente os detalhes de época como a Queda do Muro de Berlim, e junto disso, uma época de muita dificuldade econômica quando as relações com a URSS também acabaram.
Por fim, O Tradutor é um filme emocionante, onde enxergamos relações humanas que, nos dias de hoje, insistem em desaparecer. Vê-lo é acreditar na tese de que as boas pessoas ainda são maioria.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: El Traductor
Direção: Rodrigo Barriuso, Sebastián Barriuso
Elenco: Rodrigo Santoro, Maricel Álvarez, Nataliya Rodina
Distribuição: Galeria Distribuidora
Data de estreia: qui, 04/04/19
País: Cuba, Canadá
Duração: 107 minutos
Gênero: Drama
Ano de produção: 2018
Classificação: 12 anos