CRÍTICA | ‘Vingadores: Ultimato’ [COM SPOILERS]

Pedro Marco

Finalmente Vingadores: Ultimato (Avengers: Endgame) está entre nós. Desde os momentos de expectativas pós Guerra Infinita, até as primeiras impressões soltadas pela internet, muito se falava do sentimento de ter acompanhado estes heróis por 11 anos em uma história completa, bem amarrada, e agora, concluída. A saga do infinito da Marvel tem seu clímax e conclusão apoteóticos, onde público e filme amadureceram juntos ao longa das 22 produções. Mais do que nunca, um longa-metragem dos maiores heróis da Terra mostra, em seus temas e situações, que o público-alvo não é mais tão infantil. Isto é exposto seja na carga histórica que a produção conta para seu entendimento completo da trama de viagem no tempo e vingança, como pela brutal decapitação de seu antagonista nos primeiros minutos de projeção.

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Aqueles de memória mais afiada devem se lembrar de que, até alguns anos atrás, este filme que chega nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (dia 25 de abril de 2019), chamava -se “Guerra Infinita – Parte 2”. Apesar de uma série de motivações que levaram à mudança do título, o original se faz jus tanto na sua primeira cena, mostrando o que aconteceu com o Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) em paralelo com os eventos finais do longa anterior, quanto no clima de revanche presente em todo o longa.

A longa duração de 180 minutos não incomoda e pode ser considerada até mesmo uma grande tendência de mercado ao retomar tempos mais longos para contar histórias mais complexas. Neste capítulo final, temos o time original dos Vingadores (Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Hulk, Viúva Negra e Gavião Arqueiro) juntando-se aos demais super-heróis sobreviventes do estalo de Thanos para buscar sua vingança, e, quem sabe, reaver seus companheiros.

Foto: Marvel / Disney / Divulgação

Neste momento, temos algumas questões meio “fáceis”, que se resolvem em uma simplicidade que beira o incômodo, como o retorno do Homem-Formiga pelo passo errado de um rato ou a precisa localização da Benetar (nave onde se encontrava Stark e Nebulosa há 22 dias à deriva no espaço) pela Capitã Marvel.

Partindo dali, pulamos para 5 anos no futuro, onde o time, de fato, se junta para tentar voltar no tempo e coletar as 6 joias que reverterão o estalo e trarão de volta seus amigos. Se por um lado os fãs mais ferrenhos do Deus do Trovão vão se decepcionar com a ausência da Asgard flutuante na Terra, poderão aproveitar ao máximo a versão hippie de Thor que em muito referencia seu início nos Supremos. O Professor Hulk foi outra grata surpresa. Sem a necessidade de construção prévia, a nova versão do personagem surge como o perfeito alívio cômico para aquela situação dramática.

Partindo para o segundo ato, revisitar locações e épocas de vários filmes destes 11 anos foi um grande mix de surpresa e nostalgia. O êxito nas amarrações, paralelos e afins, respeitando as leis de viagem no tempo estipuladas no próprio filme, enchem os olhos e o coração mesmo do nerd mais conservador. Como prometido pelos Russo, Vingadores: Ultimato completa um arco sequente dos 3 filmes do Capitão América, referenciando cada passo dado pelo nosso sentinela da liberdade.

Foto: Marvel / Disney / Divulgação

Em sua grande extensão, que em momento algum se mostra cansativa, o longa traz uma bela homenagem aos seus membros originais, em uma passagem de bastão tão calorosa como um abraço. Sabendo esconder, surpreender e emocionar, a batalha final tem tudo aquilo que qualquer leitor de quadrinhos um dia sonhou ver em tela. Todos os momentos que nos outros filmes eram acompanhados de “faltou isso”, agora estão lá. O grito de “Avante, Vingadores”, a resposta da aposta do martelo em Era de Ultron e todas as interações que só existiam nas páginas dos quadrinhos, ganharam vida de forma orgânica e edificante.

Vingadores: Ultimato é grandioso sem ser pretensioso. E para aqueles que acham “piegas” ou, em certos momentos bobo, o filme entrega exatamente aquilo que prometeu, superando quaisquer expectativas. O estranhamento de ser o primeiro longa do estúdio sem a tradicional cena pós-crédito, o último cameo do eterno Stan Lee e vários outros detalhes, tornam um filme que era para ser apenas mais um último capítulo em um evento cinematográfico incomum.

Foto: Marvel / Disney / Divulgação

Assim como tivemos o prestigio de acompanhar historias construídas como Harry Potter e Toy Story, os 11 anos de Marvel atingiram um marco dificilmente batido. Por mais que o filme seja estranho de se rever isolado daqui alguns anos, neste momento, ele é algo único e de uma presença obrigatória.

Bem, poderíamos passar dias discutindo e relembrando cada detalhe desta obra ímpar e ainda faltaria muito sobre Vingadores: Ultimato, suas emoções, despedidas e o futuro deste universo cinematográfico histórico. Aproveite, veja, especule e se emocione sem limites ou pudores. É um filme para se rever, viver o momento e o ponto definitivo para bater no peito e se orgulhar de ser chamado de Marvete.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Avengers: Endgame
Direção: Anthony Russo, Joe Russo
Roteiro: Christopher Markus, Stephen McFelly
Elenco: Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Chris Evans, Scarlett Johansson, Benedict Cumberbatch, Don Cheadle, Tom Holland, Chadwick Boseman, Paul Bettany, Elizabeth Olsen, Anthony Mackie, Sebastian Stan, Letitia Wright, Dave Bautista, Zoe Saldana, Josh Brolin, Chris Pratt, Jeremy Renner, Evangeline Lilly, Jon Favreau, Paul Rudd, Brie Larson, Bradley Cooper, Vin Diesel, Michael Douglas, Michelle Pfeiffer, Tessa Thompson, Cobie Smulders, Samuel L. Jackson, Katherine Langford
Distribuição: Disney
Data de estreia: qui, 25/04/19
País: Estados Unidos
Gênero: ação
Ano de produção: 2015
Classificação: 12 anos

Pedro Marco

Pedro Px é a prova de que ser loiro do olho azul e com cabelos e barbas longas, não te garantem ser parecido com o Thor. Solteiro, brasiliense e cozinheiro, se destaca como autor de 7 livros, host do Pipocast, membro da Academia de Letras de sua cidade, fundador de Atlética universitária, padrinho da Helena, e nos tempos livres faz 40h semanais como engenheiro civil. Escreve sobre cinema desde que tudo aqui era mato, sendo Titanic seu filme favorito
NAN