Novo ‘Hellboy’ é fiel às HQs? Quais as diferenças para os filmes de del Toro?
Alvaro Tallarico
O novo Hellboy engloba vários arcos das histórias em quadrinhos desse herói tão único e diabolicamente “gente” boa. São eles: Clamor das Trevas, Caçada Selvagem e Tormenta e Fúria. Hum… compilar três arcos em duas horas… Tarefa hercúlea, hein? Difícil de dar certo, né?
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Hellboy vem da nona arte underground. O filme procura ser fiel ao material, os quadrinhos alternativos de Mike Mignola, pelo menos até certo ponto, já que tem várias mudanças e até atinge um tom mais “ousado” do que na encarnação anterior do personagem no cinema. Isso é interessante e notável em vários aspectos: o humor, as caracterizações.
O negócio é que os outros filmes foram dirigidos pelo Guillermo del Toro. O cara tem um estilo e uma estética únicas. Sabe dirigir fantasia e criou um belo mundo – semelhante e ao mesmo tempo distinto dos quadrinhos – usando uma pegada conto de fadas, não muito violento e com um ator que caía como uma luva, pois dava muita personalidade e peso ao personagem: Ron Perlman. O trabalho de Neil Marshall tem um estilo mais televisivo e vem 11 anos após a última adaptação cinematográfica, tentando dar outro seguimento e outra cara, claramente para recriar a franquia. Os coadjuvantes (a equipe do herói) são diferentes da escolhida por del Toro, que teve em mãos os aliados mais marcantes e queridos pelos fãs. Além de uma questão amorosa.
Nos anteriores, Hellboy é mantido em segredo, o que não ocorre agora. É mais fiel às HQs nesse sentido, como um adulto conhecido que trabalha pelo mundo. O personagem de Harbour tem um pouco mais da angústia de como encontrar o seu lugar no mundo, uma frustração.
Tanto nas HQs como no filme existe a revelação do nome Anung Un Rama. Nos quadrinhos, Hellboy é filho de uma bruxa do começo da Idade Moderna e do demônio Azzael, e foi concebido no final do século XVII. Isso é, de certa forma, trazido na película, com a mesma surpresa que existe nas HQs, que é um “pequeno” detalhe sobre a descendência de sua mãe. Ele carrega a “Mão Direita da Perdição”, a qual pode abrir as portas do apocalipse (fato não citado no filme).
Nosso herói foi trazido ao nosso plano terrestre pela iniciativa de nazistas juntamente com o bruxo Rasputin. O longa retoma essa origem mostrada em detalhes nos arcos Sementes da Destruição e Hellboy no Inferno.
Como citei antes, a produção busca ser uma adaptação (compilação) dos arcos O Clamor das Trevas, Caçada Selvagem e Tormenta e Fúria. Nestes momentos, nos quadrinhos, seu pai de criação Trevor já está morto, o que é uma grande mudança da película. Nimue (Milla Jovovich) também tem papel importante nos quadrinhos. A Rainha de Sangue está ligada diretamente às Lendas Arthurianas e ao passado de Hellboy. Ao final do arco Tormenta e Fúria, mata o herói arrancando seu coração. Já a bruxa Baba Yaga vem do folclore russo. Em uma história que leva seu nome, Hellboy atira no seu olho esquerdo. Ela retorna no arco O Despertar do Demônio, e tem destaque em O Clamor das Trevas.
Uma boa surpresa do longa é a presença do herói da infância de Hellboy, Lagosta Johnson (Thomas Haden Church), bem fiel às HQs.
No geral, o mundo de Hellboy é cheio de inspirações e referências à obra de H.P. Lovecraft e à mitologia Chutuliana. O longa bebe muito da interessante cronologia do herói – mesmo de forma corrida e largada muitas vezes – e isso é ponto positivo para o filme.
::: TRAILER
https://www.youtube.com/watch?v=IXlZGSkrzkc
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Hellboy
Direção: Neil Marshall
Roteiro: Andrew Cosby, Mike Mignola
Elenco: David Harbour, Milla Jovovich, Ian McShane
Distribuição: Imagem
Data de estreia: qui, 16/05/19
País: Estados Unidos
Gênero: ação
Ano de produção: 2017
Classificação: 16 anos