CRÍTICA | ‘Anima’ (Netflix)
Jorge Feitosa
Uma estranha movimentação.
Em um túnel de metrô, um vagão adornado com quadros transporta passageiros depois de mais um dia de trabalho. Um homem (Thom Yorke, vocalista da banda Radiohead) percebe uma mulher (Dajana Roncione). Os dois tentam se olhar, mas a timidez e o cansaço os retrai. Até que ela sai do vagão esquecendo sua maleta.
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O diretor Paul Thomas Anderson, com o auxílio da música eletrônica composta pelo próprio Yorke, narra a jornada do homem na esperança de reencontrar a mulher e devolver-lhe o objeto, em que cada cena retrata não apenas os obstáculos enfrentados, mas o próprio estado de espírito (anima) dos personagens.
A exaustão que mal lhes permite manterem-se acordados, bem como o figurino monocromático, a superação de obstáculos em que vagam por cenários oníricos, do vagão de metrô, onde a paixão se acende em vermelho, por galerias amarelas, onde o otimismo ergue dos escombros, da plataforma cinza, em que o individualismo e o excesso de informação terminam em desalento.
A coreografia muito bem pontuada deixa claro o que está acontecendo, prescindindo de diálogos, com o uso do tempo e dos cenários que remetem desde um sonho a uma aventura noturna em que um homem comum realiza a sua virtude amorosa e, enfim, descansa para mais um dia que se anuncia.
Em suma, Anima é um grande clipe musical que se abre a mais de uma interpretação. Além disso, irá tocar a fundo quem o assistir. Um pequeno, mas belo espetáculo audiovisual que mereceria ser visto em uma tela de cinema.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Anima
Direção: Paul Thomas Anderson
Elenco: Thom Yorke, Dajana Roncione
Produção: Paul Thomas Anderson, Erica Frauman, Sara Murphy, Xavier Roy
Distribuição: Netflix
Data de estreia: qui, 27/06/19
País: Estados Unidos
Gênero: –
Ano de produção: 2019
Duração: 15 minutos
Classificação: 10 anos