Abigail e a Cidade Proibida filme

‘Abigail e a Cidade Proibida’ | CRÍTICA

Alvaro Tallarico

Abigail e a Cidade Proibida é um filme russo com andamento, tempo e espaço diferentes dos estadunidenses, o que já o torna interessante de alguma forma. Em síntese é uma aventura infanto-juvenil com certo ar de HP Lovecraft, unindo toda uma caracterização meio quadrinhos, parecido muito com anime também. Inclusive, outra coisa que o filme me lembrou foi Castelo Rá-Tim-Bum.

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Dirigido por Aleksandr Boguslavsky, o longa-metragem apresenta um cenário soturno, frio, com uma fotografia coerente e sombria. A saber, possui algumas falhas de montagem, como no momento em que a protagonista descobre ter um certo grau de poder. A condução traz alguma confusão ao espectador em diversos momentos e as expectativas criadas não se realizam. Ademais, o que sobressai é que ‘Abigail e a Cidade Proibida‘ é uma fantasia baseada em uma série de livros e tem um estilo meio Harry Potter, com uns ares de X-men, tudo em uma atmosfera steampunk. Além disso, a maior relevância apresentada no filme é a óbvia crítica a regimes ditatoriais, expressa, por exemplo, na frase que Jonathan Foster (Eddie Marsan trazendo densidade e elevando a qualidade do longa) diz para sua filha Abigail:

Às vezes para ser humano tem que dizer não, mesmo sendo para o rei

Abigail e a Cidade Proibida (1)
ABIGAIL E A CIDADE DAS NUVENS

Engraçado que a exibição na cabine de imprensa foi dublada, e, assim que o título surgiu na tela e o narrador bradou em alto e bom som Abigail e a Cidade Proibida, já ouvi algumas expressões de reclamação. A dublagem foi muito bem realizada pela LEXX Comunicação, porém, o som original é de suma importância para a experiência cinematográfica. No geral, os diálogos são simples e os personagens coadjuvantes pouco ou nada desenvolvidos. A relação de pai (Jonathan Foster) e filha (Abigail) é o que há de melhor nesse filme que poderia ser mais curto.

A cidade das nuvens que aparece faz lembrar imediatamente Lando Calrissian em Star Wars. Definitivamente é um filme que bebe em muitas fontes, mas, acima de tudo, advoga a favor da tolerância e contra o preconceito e qualquer cerceamento de liberdade. Estrelado por Tinatin Dalakishvili como Abigail Foster e Gleb Bochkov, Rinal Mukhametov, Artyom Tkachenko e Ravshana Kurkova compondo o restante do elenco, Abigail e a Cidade Proibida chama atenção principalmente pelos cenários e figurinos em um universo paralelo muito parecido com alguns mundos reais.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Abigail
Direção: Aleksandr Boguslavsky
Roteiro: Aleksandr Boguslavskiy, Dmitriy Zhigalov
Elenco: Tinatin Dalakishvili, Gleb Bochkov, Rinal Mukhametov, Artyom Tkachenko e Ravshana Kurkova
Distribuição: PlayArte
Data de estreia: 12/09/19
País: Rússia
Gênero: aventura, fantasia
Ano de produção: 2018
Duração: 130 minutos

Alvaro Tallarico

Jornalista vivente andante (não necessariamente nessa ordem), cidadão do mundo, pacifista, divulgador da arte como expressão da busca pela reflexão e transcendência humana. @viventeandante
NAN