‘Os 3 Infernais’ | CRÍTICA
Cadu Costa
Filmes de terror são maravilhosos. Mesmo os ruins. É incrível se criar algo tão amedrontador, sinistro, horrível, até repugnante para se criar medo, suspense ou horror num ambiente controlável. Temos dezenas de diretores e autores que nos entregaram verdadeiras obras-primas desde Hitchcock (Psicose, 1960) à Jordan Peele (Corra!, 2017). No entanto, Rob Zombie não é um deles.
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O nosso amado rockstar, que era muito melhor à frente do White Zombie, e que adora uma desgraceira trash, resolveu nos entregar mais uma de suas obras. O problema é que ninguém pediu esse Os 3 Infernais (3 From Hell).
A trama
Descrito como o terceiro capítulo de uma saga iniciada em “A Casa dos 1000 Corpos” (2003) e sua sequência “Rejeitados pelo Diabo” (2005), Os 3 Infernais continua a história de Capitão Spaulding (Sid Haig), Baby Firefly (Sheri Moon-Zombie) e Otis Driftwood (Bill Moseley).
A saber, no novo filme, os assassinos da Família Firefly sobrevivem ao final de “Rejeitados pelo Diabo”, à cadeia, à pena de morte e, pasmem, voltam para mais uma rodada de matanças. Dessa vez, no México. Ah, mas, dessa vez, não estão sós, já que um meio-irmão com o nome de Midnight Wolfman (Richard Brake) aparece do nada e ainda são caçados por uma gangue de bandidos mexicanos.
Roteiro sem pé nem cabeça
Alguém entendeu esse roteiro? Alguém se importa na verdade? Rob Zombie, que não nos decepciona no quesito de decepcionar, traz mais uma das suas bombas e, claro, o que sabe fazer de melhor: mortes violentas, gore, sangue e histórias péssimas e bizarras. É facilmente o pior filme do ano.
O que nos entristece porque Zombie já foi capaz de entregar bons filmes. O seu remake de “Halloween” (2007) foi muito interessante. A origem de seu Michael Myers foi sinistra. O sangue e as vísceras correram soltos com qualidade.
Além disso, seu já citado “Rejeitados pelo Diabo” também foi um bom filme e com um final para a família Firefly simplesmente fantástico. Contudo, no entanto, todavia, mais uma vez, o diretor-cantor-de-rock-bizarro tem problemas com as sequências que normalmente são amplamente desnecessárias. E certamente Os 3 Infernais é mais uma dessas.
Versão da Família Manson?
A sensação é de que Zombie tentou transformar seus personagens na sua versão da Família Manson. Ou ainda meter uma filosofia de boteco disfarçada de crítica social nos diálogos de personagens que ninguém se importa. Ao invés de tentar dar uma de Oliver Stone e seu “Assassinos por Natureza” – roteiro de 1994 de ninguém menos que Quentin Tarantino – Rob Zombie poderia se desligar de sua arrogância estética e se concentrar no que pode, de fato, apresentar: terror gore com boas tomadas e uma história decente.
Primeiro filme póstumo de Sid Haig
Aliás, a nota triste é por Os 3 Infernais ser o primeiro filme póstumo lançado de Sid Haig, morto por conta de pneumonia e problemas do coração em setembro deste ano. O ator viveu o palhaço assassino Capitão Spaulding. Durante as filmagens, Haig adoeceu muito e Zombie, temendo perder o dinheiro dos investidores que não financiariam a obra sem o veterano ator, deu um final para o personagem, bem como introduziu outro parente maluco. Assim, não só manteve seu título, como não substituiu Haig e ainda vendeu a obra como último trabalho do astro falecido. Coisa que também não é, diga-se: há pelo menos mais dois filmes de Sid Haig vindo por aí.
‘Por quê? Pra quê?’
Por fim, Os 3 Infernais é trash do ruim. Com muita mulher nua, bem como sangue espalhado, pretensões a cada fotografia e uma vontade de rir e perguntar “Por quê? Pra quê?”. De fato, o melhor estilo Rob Zombie de ser. Certamente tem quem goste.
Enfim, Os 3 Infernais estreou nesta quinta, 24 de outubro.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: 3 From Hell
Direção: Rob Zombie
Elenco: Sheri Moon Zombie, Bill Moseley, Richard Brake
Distribuição: Paris
Data de estreia: qui, 24/10/19
País: Estados Unidos
Gênero: terror
Ano de produção: 2019
Duração: 111 minutos
Classificação: 14 anos