‘Midway: Batalha em Alto Mar’ | CRÍTICA
Cadu Costa
Dizem que a Segunda Guerra Mundial ainda possui muitas histórias para serem contadas no cinema. No entanto, a velha fórmula dos anos 90 e 2000 com muitos efeitos visuais e patriotismo americano exacerbado está cansada e superada (Eu ouvi um ‘Amém’ 🙌?). Enfim, é necessário trazer novos modos de contar essas histórias como fizeram Mel Gibson (Até o Último Homem, 2016), Christopher Nolan (Dunkirk, 2017) e o maravilhoso Clint Eastwood, com seus filmes complementares A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima, ambos de 2006.
A Batalha de Midway
Definitivamente, não seria o diretor de O Dia Depois de Amanhã (2004) e da franquia Independence Day (1996 e 2016), Roland Emmerich, que conseguiria a proeza de contar fazer isso. Conhecido por sua incrível capacidade que tem de, através de seus filmes, destruir o mundo e seus cartões postais, Emmerich vem agora nos contar sua versão da famosa Batalha de Midway, ocorrida no Oceano Pacífico em 1942 entre americanos e japoneses.
O antecedente desse conflito começa em dezembro de 1941 com a Marinha Imperial Japonesa atacando de surpresa a base militar Pearl Harbor, localizada em uma ilha do Havaí no território americano. Com o acontecido, os EUA anunciaram sua entrada na Segunda Guerra Mundial. A saber, esse fato também já foi tema do filme Pearl Harbor, de 2001, com Ben Affleck e Josh Hartnett.
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Seis meses depois, em junho de 1942, aconteceu a resposta americana com a Batalha de Midway, conflito entre aviões e embarcações do Japão e dos EUA que durou três dias. Aliás, até hoje, a disputa é considerada por alguns historiadores como um dos pontos importantes para o fim da Segunda Guerra.
Americanos salvadores. De novo. E de novo.
Mas em Midway: Batalha em Alto Mar (Midway), a sensação é de que ninguém aguenta mais um relato da “heroica” participação americana e de que, sem eles, Hitler estaria dominando o planeta e todo mundo estaria, ou falando alemão ou em campos de concentrações. Sério que ainda existe saco para mais uma historinha dessas? E o filme ainda buscou lançamento na semana do Dia dos Veteranos nos EUA. Resumindo: ou você é americano ou vai ficar bem sem paciência para mais um “Americans Save The Day… Again”.😒
O diretor Roland Emmerich enche o longa com ação, tecnologia de CGI a doer as vistas e efeitos sonoros de navios e aviões para causar a vontade de fugirmos para uma cobertura e esperarmos tudo isso passar. Logo no começo do filme, ao nos dizer que tudo é baseado em fatos reais e com a maior fidelidade possível, já ficamos na dúvida, vide o histórico do realizador.
Sem humanismo ou emoção
Emmerich tem até alguma calma pra mostrar o patriotismo de bandeira e até pra retratar os japoneses de forma bastante igualitária, ao contrário de tantas outras produções. Mas seu filme nunca lida com o custo humano na guerra e a morte de tantos jovens. Além disso, seus melhores atores são desperdiçados ou colocados em papéis secundários completamente mal escritos. Não tem humanismo, não possui emoção. Em suma, se trata de uma grande, barulhenta e aborrecida aula de história.
Aliás, qual a relevância de um filme de guerra nos dias de hoje, tendo em conta tudo aquilo que já foi feito por diretores mais renomados? Fica a dica pra Roland Emmerich voltar pros filmes de alienígenas e desastres ambientais destruindo a Terra. Pelo menos ali ele soava mais divertido e honesto.
Enfim, Midway: Batalha em Alto Mar é estrelado por um elenco de peso, com Patrick Wilson, Woody Harrelson, Ed Skrein, Darren Criss, Luke Evans, Aaron Eckhart, Nick Jonas e Dennis Quaid. A saber, no Brasil, sua estreia está programada para o dia 21 de novembro.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Midway
Direção: Roland Emmerich
Elenco: Luke Evans, Patrick Wilson, Dennis Quaid
Distribuição: Diamond Films
Data de estreia: qui, 21/11/19
País: Estados Unidos, China
Gênero: ação
Ano de produção: 2019
Classificação: 14 anos