Resenha de Show | Ratos de Porão e Dead Fish no Circo Voador
Larissa Frade
Em comemoração aos 5 anos de existência do A Grande Roubada, surgida em 2009 com o intuito de agitar a cena rock no Rio de Janeiro, e pela quinta vez consecutiva no Circo Voador, contou com a participação de duas bandas de renome do rock nacional: os capixabas do Dead Fish e a sumidade do Punk Rock nacional Ratos de Porão.
A abertura da noite ficou a cargo do duo paulistano de grindcore Test. Para quem freqüenta shows grandes de metal no Brasil já pode tê-los visto tocando em filas de shows ao lado de uma van. Formada por Barata na bateria e João Kombi na guitarra a banda faz um excelente som, muito mais pesado do que muita banda extrema que conhecemos. Infelizmente, quando cheguei ao local, a banda já estava na metade do seu show, mas o pouco que vi foi de muita competência e agradou as pessoas que já se encontravam no local (demonstrando que a banda possui fãs bem ardorosos).
Enquanto o palco era preparado, o DJ Wagner Fester tocava grandes clássicos internacionais. Nessa primeira parte foi dada prioridade aos clássicos internacionais como Offspring, The Mighty Mighty Bosstone, etc.
Depois de um intervalo de 20 minutos e ao som de “Ei, Dead Fish, vai tomar no…” sobe ao palco os capixabas do Dead Fish. Abrindo o show com a música Siga, do seu sexto álbum “Zero e Um”, a banda mostrou ao que veio: agitar o público. O vocalista Rodrigo Lima, de um inegável carisma, agita o público com cada pulo e movimentação que faz.
O show seguiu com Sonhos Colonizados e Armadilhas Verbais, mas foi em Desencontros que o público foi à loucura! A pista do Circo Voador já havia se transformado em uma grande roda e vários crowdsurfing seguiram desde então. Outros pontos altos do show foram: Cidadão Padrão (onde o vocalista perguntou quem também iria fazer o exame da Ordem dos Advogados), Um Homem Só (que a muito tempo não entrava no repertório), Mulheres Negras e Molotov (onde foi feita uma referência a prisão de manifestantes que passaram 40 dias na prisão por estarem portando garrafas de vinagre durante os eventos de 2013). Infelizmente o som foi ficando ruim na parte final do show, com a voz estourando nos autos falantes. Após uma hora de um competente e agitado show, a banda fechou com Sonho Médio e saiu sob o mesmo som pelo qual foi recebido (“Ei, Dead Fish, vai tomar no…”).
Mais uma vez sobe ao palco o DJ Wagner Fester, dessa vez tocando grandes clássicos nacionais (muitos dos quais me fizeram relembrar minha infância). Sendo o auge dessa discotecagem Pânico em SP dos Inocentes, onde várias pessoas nessa hora cantavam e dançavam na pista.
Agora, a grande atração da noite: Ratos de Porão. Lançando o seu novo álbum “Século Sinistro”, a banda abre o show com as faixas Conflito Violento e Viciado Digital (ambas do lançamento).
Depois dessas duas novas porradas, João Gordo declama a plenos pulmões “Tamo lançando o disco novo, mas não vamos encher o saco com música nova, o negócio é música velha!” e tocam uma versão aceleradíssima de Ascensão e Queda do álbum Anarkophobia, de 1991 (álbum esse da época em que o RDP foi chamado de traidor do movimento por enveredar por um som mais metal).
O show prosseguiu com vários clássicos até a música Grande Bosta (também parte do novo álbum), onde João Gordo aproveitou o tema da música e, sarcasticamente, faz uma analogia sobe a derrota do Brasil para a Alemanha na Copa do Mundo de 2014. Nessa mesma música uma menina da platéia sobe ao palco e mostra os seios (para delírio dos homens presentes – fato que se repetiu mais uma vez durante a música Beber até Morrer). Em Diet Paranóia houve o discurso contra o preconceito (com João falando inclusive do preconceito contra gordos e relembrou seus 190 quilos!). Outra música extremamente ovacionada pelo público foi AIDS, POP, Repressão que foi cantada em uníssono por todos os presentes. A primeira parte do show terminou com Terra do Carnaval. Depois de uma pausa de menos de 1 minuto (menor intervalo que eu já vi na minha vida para um BIS!!) a banda volta para tocar mais três músicas, fechando o show com Crise Geral, do álbum Cada Dia Mais Sujo e Agressivo. João Gordo, Jão, Boka e Juninho provam a vitalidade da banda e que eles ainda tem muito para nos oferecer.
O que nos resta dizer? Parabéns à Grande Roubada Produções pela excelente produção e o evento e que muitos outros venham!
Set list:
Dead Fish
- Siga
- Sonhos Colonizados
- Armadilhas Verbais
- Desencontros
- Paz Verde
- Zero e Um
- Queda Livre
- Hitveraneio / 678 Passos
- Asfalto
- Viver
- Cidadão Padrão
- Autonomia
- A Urgência
- Tão Iguais
- Um Homem Só
- Proprietários do 3 M
- Bedreligis/Jogo Jogo
- Mulheres Negras
- Venceremos
- Molotov
- Iceberg
- Bem Vindo ao Clube
- Afasia
- Sonho Médio
Ratos de Porão
1 – Conflito Violento
2 – Viciado Digital
3 – Ascensão E Queda
4 – Vivendo Cada Dia Mais Sujo E Agressivo
5 – Crucificados Pelo Sistema
6 – Anarkophobia
7 – Vida Animal
8 – Grande Bosta
9 – Morrer
10 – Não Me Importa
11 – Cérebros Atômicos
12 – Difícil de Entender
13 – Arranca Toco
14 – Atitude Zero
15 – Stress Pós-Traumático
16 – Diet Paranoia
17 – Crocodila
18 – Igreja Universal
19 – Beber Até Morrer
20 – AIDS, Pop, Repressão
21 – Plano Furado II
22 – Amazônia Nunca Mais
23 – Terra do Carnaval
Bis
24 – Sentir Ódio e Nada Mais
25 – A confirmar
26 – Crise Geral
GALERIA DE FOTOS