Evanescence traz de volta sua magia em ‘The Bitter Truth’
Cadu Costa
Descontando o Synthesis, de 2017, que era uma coleção de faixas existentes retrabalhadas para adicionar elementos orquestrais e eletrônicos e apresentava apenas duas novas canções, The Bitter Truth marca o primeiro álbum de estúdio do Evanescence em uma década. É muito tempo de espera para uma banda com tão fiel base de fãs. No entanto, eles não perdem por esperar. Afinal, Amy Lee e cia. voltaram tão bons como nos velhos tempos.
A trajetória da carreira do Evanescence sempre foi meteórica. Após, a inclusão das músicas ‘Bring Me To Life’ e ‘My Immortal’ na trilha sonora do subestimado filme Demolidor, de 2003 (eu adoro o filme, adoro o Ben Affleck no papel, me julguem), seu álbum de estreia Fallen foi um dos mais vendidos do século 21. Com quase 20 milhões de cópias vendidas, o disco trazia uma amálgama brilhante de new metal. Além disso, fez a banda se tornar uma das maiores do mundo quase da noite para o dia.
Seu segundo álbum, The Open Door, lançado em 2006, foi um sucesso comercial. Entretanto, desviou-se um pouco do som de Fallen. Demorou mais cinco anos para o terceiro álbum chegar, com a formação da banda mudando notavelmente durante o período. Disputas com gravadoras, períodos de hiato e outras mudanças de pessoal se seguiram. Parecia, por um tempo, que o Evanescence nunca poderia retornar.
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Conforto, catarse e nova perspectiva
Apesar da transcendental vocalista Amy Lee há muito tempo ser o único membro fundador e força criativa remanescente da banda, o Evanescence traz conforto, catarse e uma nova perspectiva em The Bitter Truth. O álbum é mais poderoso, emocional e politicamente carregado do que se poderia imaginar.
Após a introdução fantasmagórica de ‘Artifact / The Turn’, a bateria de Broken Pieces Shine nos atinge como um soco no estômago ao dar o peso e a sensação de uma voz que é instantaneamente reconhecível.
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‘The Game Is Over’ tem mudanças de ritmos gloriosas e um grande refrão. Enquanto ‘Feeding The Dark’ e ‘Better Without You’ são similarmente enormes, sobrepondo grandes guitarras com elementos industriais e nu metal.
Mas há momentos mais suaves também, principalmente na comovente ‘Far From Heaven’, uma balada de piano contundente que mostra Amy cantando sobre seu falecido irmão Robby: “Mais uma noite / O que eu não daria para estar com você / Por mais uma noite ”.
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Mudança das letras
Contudo, a perspectiva de mudança das letras do Evanescence é mais óbvia em ‘Use My Voice’. Como Amy explicou na época de seu lançamento no ano passado, a música fala quando a corrida presidencial se tornou realmente desagradável e o movimento Black Lives Matter se viu diante de uma parede de ignorância tanto quanto recebeu apoio. Embora não diretamente influenciado por esses eventos em sua escrita, a canção também fala de perceber que falar e fazer parte da solução às vezes é tão importante quanto oferecer reflexão e conforto.
Ao quebrar sua própria quarta parede e mostrar sua forma de ver as coisas, Amy Lee faz uma declaração desafiadora e fortalecedora. O fato dela, uma artista muitas vezes enigmática, ter sentido a necessidade de seguir tal caminho apenas mostra como a banda consegue se reinventar sem deixar seu legado de lado.
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Por fim, The Bitter Truth é um disco que consegue recapturar a magia de uma banda que atingiu seu pico comercial há quase vinte anos. É nostálgico, mas também é atual, destacando que, apesar de todos os altos e baixos pelos quais passaram, o Evanescence não perdeu o entusiasmo. Ainda são emocionantes, um pouco exagerados mas também ousados e um tanto familiares.
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