Billie Eilish The World’s A Little Blurry documentário crítica

Documentário sobre Billie Eilish traz um olhar intimista da vida da artista

Fernanda Fernandes

Dirigido por R. J. Cutler, o documentário Billie Eilish: The World is a Little Blurry acompanha a cantora Billie Eilish nos palcos e na vida pessoal. O principal enfoque do filme documental é o período de gravação e divulgação do álbum de estreia da adolescente: When we all fall asleep, where do we go?.
Primeiramente, é importante lembrar que antes do álbum que a mostrou para o mundo, Billie Eilish lançou o EP intitulado Don’t Smile at Me. O disco contém a faixa “Ocean Eyes”, primeiro single lançado pela cantora em 2015 no SoundCloud. Contudo, é bastante simbólico que a primeira cena do documentário seja composta por uma gravação da Billie (aos 13 anos) e seu irmão Finneas gravando a música no quarto dele. 
Seguidamente, vemos a família comemorando que a música foi tocada numa rádio americana. O longa-metragem corta para três anos depois, trazendo momentos em que a cantora interage com fãs, enquanto ela comenta sobre a visão dela das pessoas que ouvem as músicas que ela faz. 
É primordial ressaltar que não existe um nome para o fandom da Billie Eilish por uma escolha pessoal dela de considerar que massificar seus fãs por um só nome acabaria com a intimidade que ela criou com eles ao longo do tempo. Como ela mesma diz no documentário: Não são meus fãs, são parte de mim”.
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Voz de uma geração

Contudo, um dos pontos-chave da Billie Eilish durante todo o documentário é o fato de que ela dá voz para toda uma geração por meio da formai intimista com que trata os assuntos das suas músicas. 
“When we all fall asleep, where do we go?” foi composto e gravado completamente do quarto de Finneas O’Connell, na casa em que moram em Los Angeles. Dessa forma, é possível perceber por todas as cenas que foram gravadas na residência da cantora que o que ela compõe é muito pessoal para ela. Exatamente da maneira que é para os outros. Além disso, Billie desenha as suas canções enquanto compõe. Portanto, boa parte das ideias até mesmo dos videoclipes foram pensadas por ela e pelo irmão com o apoio dos pais. 
Enquanto Eilish pensa no conceito do que seria o clipe da faixa “When the party’s over”, a mãe dela, Maggie Bird, está sendo a modelo para a gravação da ideia dela. Deste momento em diante notamos que os pais de Billie e Finneas são essenciais para o sucesso dos irmãos.
Curiosidade: o efeito dos olhos escorrendo um líquido preto em “When the party’s over” foi feito por meio de dois pequenos canos posicionados no canto interno do olho da cantora.
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Limites

Paralelamente a isso, também vemos os momentos em que a dupla está compondo a tão conhecida música “Bad Guy”. Ao mesmo tempo em que acompanhamos Eilish estudando para o teste de direção, também notamos que a adolescente optou por não omitir mais a Síndrome de Tourette* das gravações em que aparece.
Outro ponto interessante da adolescente é que notamos que ela realmente se coloca à prova para fazer o que ama fazer. Durante a turnê de seu álbum de estreia, Billie fraturou uma perna e, ainda assim, insistia em pular e dançar em seus shows porque não queria apresentar uma performance pela metade. Desse modo, vemos Eilish aprendendo um pouco sobre os seus limites.
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“Nossa família era uma canção do caralho”

Como citei anteriormente, a família da Billie Eilish é um dos principais pilares dela como pessoa. Foram seus pais que a ensinaram a cantar, tocar e compor. Além disso, a apoiaram no desejo de cantar e compor (embora ela não goste de compor e nem de ser pressionada). Eles também a apoiaram durante sua depressão e o lado ruim que a fama pode trazer.
Em muitos momentos, Maggie Bird questiona as escolhas de Eilish com seu álbum de um jeito saudável para gerar uma reflexão. Assim como, a ajuda a não desistir de certos compromissos por estar cansada de obrigações. É possível perceber que o que a mantém no lugar e sempre saudável são os pais lhe dando o devido suporte.
Ademais, a relação dela com o irmão Finneas é fenomenal e intimista, os dois se completam de certa forma. E como ela mesma disse: “Nossa família era uma canção do caralho”.
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O Namorado

Aliás, mais um ponto que chama a atenção no longa-metragem é o relacionamento dela com o namorado, denominado Q. Ao longo do filme, vemos como a relação deles decai por conta de como ela precisava mais da companhia dele e ele não queria lidar com as questões que afetavam o namoro. Aos poucos, eles se afastam e o relacionamento chega ao fim. No entanto, podemos acompanhar como isso a afetou durante um período importante da vida profissional: o lançamento do álbum de estreia.
De fato, o que torna Billie Eilish a nova sensação da música é o fato de que ela fez arte com o que toda uma geração vive, sem perder a simplicidade e relação com as pessoas que a escutam. Ao mesmo tempo, sem sustentar um papel exemplar a se seguir e com bastante carisma e esforço. Portanto, o documentário Billie Eilish: The World is a Little Blurry, de R. J. Butler, consegue capturar isso muito bem quando mescla os acontecimentos profissionais e pessoais dela de forma leve e autêntica
A cantora ganhou cinco Grammys  em 2020 por When we all fall asleep, where do we go?:  Gravação do Ano, Álbum do Ano, Artista Revelação, Canção do Ano e Melhor Álbum Vocal de Pop. O documentário sobre Billie Eilish foi lançado em fevereiro de 2021, marcando o fim da era When we all fall asleep, where do we go?. Desde então, a cantora lançou os singles “Your Power” e “Lost Cause”, pertencentes ao seu próximo álbum Happier Than Ever, previsto para 30 de julho de 2021.
*A síndrome de Tourette é um transtorno neuropsiquiátrico hereditário caracterizado por diversos tiques físicos e vocais.
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TRAILER DO DOCUMENTÁRIO SOBRE BILLIE EILISH

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FICHA TÉCNICA

Título original do documentário: Billie Eilish: The World is a Little Blurry
Duração: 140 min
Data de estreia: sex, 26/02/21
Direção: R. J. Cutler
Elenco: Billie Eilish, Finneas O’Connell, Maggie Baird, Patrick O’Connell
Onde assistir ao documentário ‘Billie Eilish: The World is a Little Blurry’: Apple TV+
País: Estados Unidos
Idioma: inglês
Gênero: Documentário
Ano de produção: 2020
Classificação: 14 anos

Fernanda Fernandes

Jornalista, tagarela, baixinha e que não vive sem um bom filme, livro ou dorama no fim do dia.
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