Pedro e Inês filme crítica

‘Pedro e Inês’, a trágica história de amor portuguesa

Ana Rita

Agora Inês é morta! Essa expressão bastante conhecida vem da trágica história de amor portuguesa entre Inês de Castro e Dom Pedro I, um ‘Romeu e Julieta’ português. Lembro-me de quando conheci essa triste história nas aulas de Literatura na escola, quando estudava o Movimento Humanista, com as crônicas de Fernão Lopes.
Dom Pedro I, enquanto ainda príncipe, conheceu e se apaixonou pela nobre galega Inês de Castro. Entretanto, a jovem era dama de companhia de Constança, princesa que iria se casar com D. Pedro. O romance, no entanto, não foi aprovado pelo rei Afonso IV, que, com receio da interferência da família Castro na coroa portuguesa, mandou que seus conselheiros executassem Inês de Castro. Com a morte da amada, D. Pedro I ficou enfurecido e transtornado, prometendo vingança por Inês.
Tomada posse, o agora rei D. Pedro ordenou que arrancassem o coração dos conselheiros como forma de vingança. O rei português mandou que desenterrassem Inês de Castro. Assim, já morta, foi coroada como rainha, com nobres portugueses obrigados a participarem da cerimônia do beija-mão ao cadáver.
O filme Pedro e Inês toma algumas liberdades na história, afinal, se baseia no romance A Trança de Inês, de Rosa Lobato. A saber, na produção cinematográfica, são três histórias diferentes em três tempos distintos. Sempre com uma tragédia amorosa entre Pedro e Inês, vividos pelos atores Diogo Amaral e Joana de Verona, respectivamente.

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Três histórias, o mesmo amor

Dessa forma, acompanha-se essas três histórias. No passado, presente e futuro. Elas são um tanto quanto distintas, mas seguem uma narrativa semelhante, mostrando que o amor não descansa, sendo essa disposição da obra. Abordam esse amor atemporal partindo da perspectiva do apaixonado e triste Pedro, fazendo-se uso de monólogos, com desabafos e declarações de amor a Inês.
Esses monólogos todos não se encaixam de forma fluida no filme, sendo paralelo às três narrativas, mostrando o estado de loucura e amor trágico que ainda existe em Pedro. São como quatro narrativas dentro da mesma obra. Contudo, não são bem desenvolvidas em suas duas horas. Isso só torna tudo cansativo e permite que o espectador se perca nos contos paralelos.
Quando se conhece a lamentável história de amor entre os dois, espera-se durante todo o filme pelo clímax, a morte da jovem. Mas, por se tratar de uma obra ficcional cinematográfica, esse desfecho pode ser diferente. Ainda não se sabe como será trabalhada.
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Desenvolvimento ruim

Aliás, o filme Pedro e Inês também desenvolve três desfechos fatais para as três histórias. Todas em paralelo, sendo o momento da obra que alcança um tom mais sombrio. Com exceção da paralela do futuro, as cores na fotografia se tornam mais frias, com mais azul, beirando a um suspense, aumentando gradativamente a tensão, principalmente na história do presente.
Mas é nas versões medieval e contemporânea que o protagonista atinge sua loucura. Pedro conta sua perspectiva em um hospital psiquiátrico durante todo o filme. Assim, com o desfecho trágico, após ver Inês sem vida, se recusa a largar a amada. Em seguida, coloca o corpo em um carro para levar consigo o amor da sua vida.
A história que se passa no futuro, às vezes, parece não se levar a sério. Com momentos estranhos e uma ambientação futurística até caricata e solta, sem muito desenvolvimento.
Com esse vai e vem no filme Pedro e Inês, as histórias, mesmo que diferentes, se tornam extremamente repetitivas. A ligação entre o casal não é bem desenvolvida. Além disso, certos saltos temporais não permitem uma lógica e aproximação de quem vê. 
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Tragédia Romântica

Com momentos transcendentais, o filme possui seus simbolismos. Seja pela presença de uma luz mais forte e direcionada na fotografia em certos momentos, expondo a melancolia sentida por Pedro devido a esse amor perdido, morto e trágico.
Pedro e Inês é um apaixonado manifesto de um amor que terminou de forma infeliz e fatal. As angústias e essa intensa dor de Pedro é trabalhada e até bem desenvolvida. É notório o que a morte da amada causou ao protagonista. A culpa que sente carregar, a perda do filho que viria a nascer, a traição vinda do pai (ou da ex-mulher no outro paralelo), tudo é perceptível. Além disso, sentimos o sofrimento e depressão a qual ele se afunda.
O problema está em sentir e notar o amor e a conexão entre Pedro e Inês, que não são desenvolvidos no filme. São apenas expostos e até mencionados nos longos monólogos do protagonista.
Portanto, Pedro e Inês é aquele filme que tinha uma história boa, conhecida e importante, mas parece que não soube conduzi-la por suas duas horas. Perde-se nos monólogos e na afirmação do amor e da melancolia que sente Pedro, mas Inês parece estar em segundo plano, servindo apenas para justificar o porquê dessa dor e agonia que atormenta o personagem principal.
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Trailer do filme Pedro e Inês

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Elenco do filme Pedro e Inês

Diogo Amaral
Joana de Verona
Vera Kolodzig
João Lagarto

Ficha Técnica

Título original do filme: Pedro e Inês
Direção: Antônio Ferreia
País: Brasil, França, Portugal
Data de estreia: qui, 08/07/21
Onde assistir ao filme ‘Pedro e Inês’: nos cinemas
Gênero: Drama
Duração: 120 minutos
Distribuição: Pandora Filmes

Ana Rita

Piauiense, nordestina e estudante de Arquitetura, querendo ser cinéfila, metida a crítica e apaixonada por cinema, séries, arte e música. Siga @trucagem no Instagram!
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