‘Uma Noite de Crime – A Fronteira’, uma ótima ideia mal aproveitada
Cadu Costa
O que um novo filme Uma Noite de Crime deve fazer em um mundo pós-Trump? A resposta, ao que parece, é “Go Big Or Go Home” (“Seja Grande ou Vá Pra Casa”). Considerando que o original de 2013 ofereceu um thriller distópico em pequena escala com Ethan Hawke e uma premissa pegajosa – um feriado nacional sancionado pelo governo em que todos os crimes são legalizados por 12 horas – a franquia (cinco filmes e uma série) construiu uma ideia política que divide opiniões nesse mundo cada vez mais polarizado.
Uma Noite de Crime – A Fronteira (The Forever Purge) estreia num momento onde não é raro um filme mainstream surfar no zeitgeist – termo alemão que diz “espírito da época” – onde ele explora um pouco da raiva incipiente presente. Principalmente pós-invasão do Capitólio ocorrida em janeiro deste ano após a derrota de Donald Trump, o longa tinha tudo para entregar algo além do cowboy no pôster – personagem-símbolo trumpista – e dar uma rejuvenescida na série.
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Sinopse de Uma Noite de Crime – A Fronteira
Contudo, isso não ocorre e vamos falar rapidamente o porquê. Tudo começa pela história onde os imigrantes mexicanos Juan (Tenoch Huerta) e Adela (Ana de la Reguera) cruzam ilegalmente para o Texas. Dez meses depois, Adela encontrou trabalho em uma fábrica e Juan, por sua vez, é empregado de uma fazenda em um rancho pertencente ao decente, mas rabugento Caleb Tucker (Will Patten), seu filho xenófobo Dylan (Josh Lucas) e sua doce filha Harper (Leven Rambin).
Eles estão todos prestes a fechar as escotilhas para a noite anual de “Expurgo”, na qual os cidadãos da América são encorajados a desabafar em uma orgia de violência e destruição. A reviravolta em Uma Noite de Crime – A Fronteira é que os instigadores do banho de sangue anual, os Trumpianos “Novos Pais Fundadores da América”, finalmente avaliaram mal as forças que desencadearam.
Doze horas de anarquia indiscriminada nunca seriam suficientes para os extremistas que eles invocaram. Esses “patriotas” decidiram desafiar a NFFA declarando um “Expurgo para sempre” – para durar até que a América seja “purificada das minorias”.
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Premissa boa, mas execução ruim
Ótima premissa, não? O problema é que a execução não é nem sombra do que poderia ter sido. A mensagem é sobre o patriotismo não ser nada mais do que uma bela desculpa para justificar o ódio e a violência, assim como a Bíblia. Mas faltou criatividade nas cenas de ação, um problema que atinge muitos filmes desde a década passada. Os ‘jumpscares’ também foram completamente desnecessários e é seguro dizer que aquelas máscaras não assustam mais ninguém, né? Parece mais uma competição besta de quem faz as máscaras mais elaboradas pra usar naquela noite.
Mas é interessante observar o quanto de loucura podemos liberar ao colocar loucos no poder. Se o desenvolvimento da narrativa deixou pouco e um gostinho de que dava pra ser mais, ao menos que possamos identificar os perigos reais que existem hoje. No Brasil atual onde um presidente é idolatrado por neonazistas e faz ataques diários contra a democracia, importante entender a ideia de Uma Noite de Crime – A Fronteira. Porque se forem deixar pra depois, pode ser tarde demais.
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Trailer de Uma Noite de Crime – A Fronteira
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Uma Noite de Crime – A Fronteira: elenco do filme
Ana de la Reguera
Tenoch Huerta
Will Patton
Josh Lucas
Leven Rambin
Cassidy Freeman
Alejandro Edda
Ficha Técnica
Título original do filme: The Forever Purge
Direção: Everardo Gout
Roteiro: James DeMonaco
Data de estreia: qui, 02/09/21
Onde assistir ao filme ‘Uma Noite de Crime – A Fronteira’: nos cinemas
País: Estados Unidos
Gênero: terror
Duração: 103 minutos
Ano de produção: 2021
Classificação: 16 anos