Cry Macho é o filme mais reflexivo de Clint Eastwood

Não é de hoje que Clint Eastwood vem, de certa maneira, refletindo sobre o seu passado. Mais precisamente sobre os personagens que interpretou e o transformaram no astro consagrado, assim como no diretor conceituado que ele é hoje. Mas Cry Macho é de longe o seu filme mais reflexivo e introspectivo e que, de certa maneira, o reconstrói como um idoso consciente muito diferente da personalidade macho alfa dos antigos papéis que o imortalizaram. E, convenhamos, ter essa atitude aos 91 anos é algo louvável, provando que sempre temos tempo e devemos rever nossas atitudes independente da idade que temos.

Ninguém na história do cinema personificou a figura do “machão”, como Eastwood. Seja como caubói nos westerns de Sérgio Leone, seja como o policial Harry Callahan, ou como o fuzileiro naval Thomas Highway, entre outros personagens. Republicano e conservador, ele vem há algum tempo evitando o radicalismo, mostrando que tanto ele quanto as instituições e comportamentos que sempre defendeu não são perfeitas e precisam evoluir.

• ‘Mais que Vencedores’ é cafona, raso e previsível
• ‘A 200 Metros’ é um olhar ousado para uma das disputas mais polêmicas do nosso século
• ‘Lindo de Morrer’ é uma jornada tão absurda quanto comovente

No entanto, em Cry Macho é onde ele obtém o maior sucesso nessa releitura iniciada em Gran Torino (onde ele questiona a relação com os imigrantes), passando por O Caso Richard Jewell (onde ele questiona imprensa, fake news e instituições sólidas para ele como a polícia e o FBI). Aqui, em suma, ele renega a figura do machão, inclusive debocha do nome do galo de briga (o Macho, do título do filme), quando o pequeno Rafo (Eduardo Minett) explica a origem do nome do seu animal de estimação.

Sinopse

Cry Macho conta a história de Mike Milo (Clint Eastwood), um ex-astro de rodeio e criador de cavalos fracassado. Em 1979, um ano após ser demitido, aceita uma proposta de trabalho do seu ex-chefe Howard Polk (Dwight Yoakam) para cobrir uma dívida do passado. Em suma, ele precisa buscar no México o jovem filho do ex-chefe (Rafo) que atualmente vive com a mãe. Forçada a tomar o caminho de volta para o Texas, a dupla improvável enfrenta, assim, uma jornada inesperadamente desafiadora, durante a qual o cavaleiro cansado do mundo encontra conexões inesperadas e seu próprio senso de redenção.

Encontros e desencontros

Não espere cenas de ação ou conflitos impactantes de westerns tradicionais. Cry Macho é um filme introspectivo, sobre descobertas, encontros e desencontros. Onde dois personagens estão construindo uma relação e descobrindo não apenas sobre um e o outro, mas também sobre si mesmos. Assim, Eastwood nos brinda com um filme, a princípio, simples, mas com muitas camadas que são desenvolvidas no decorrer de sua trama. Apesar de não ser um dos seus melhores trabalhos, é certamente um dos mais louváveis e maduros de sua longa e grandiosa carreira.

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Ficha técnica – Cry Macho

Título original: Cry Macho
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Nick Schenk, N. Richard Nash
Elenco: Clint Eastwood, Dwight Yoakam, Fernanda Urrejola, Eduardo Minett, Horacio Garcia Rojas, Natalia Traven
Data de estreia: qui 16/09/2021
Onde assistir: somente nos cinemas
País: Estados Unidos
Gênero: drama, thriller, road movie
Duração: 105 minutos
Ano de produção: 2021
Classificação: 12 anos