Tony Bennett Lady Gaga crítica do álbum Love For Sale

Tony Bennett e Lady Gaga entregam o sublime do jazz em ‘Love For Sale’

Cadu Costa

A ‘Mother Monster’ Lady Gaga e o ícone da música norte-americana Tony Bennett num disco de jazz cantando clássicos de Cole Porter? Sim, é possível e é muito bom. E nem foi a primeira vez. Vem que o ULTRAVERSO te conta o que achou desta parceria pra lá de inusitada.

Love for Sale é o segundo álbum colaborativo entre Tony Bennett (seu 61º álbum de estúdio) e Lady Gaga após Cheek to Cheek, de 2014. Foi lançado em 30 de setembro de 2021, pela Columbia e Interscope Records. “I Get a Kick Out of You” foi lançado como o primeiro single do álbum em conjunto com seu anúncio oficial em 3 de agosto de 2021, seguido por duas apresentações ao vivo no Radio City Music Hall em Nova York.

Covers de Cole Porter

Gravado entre 2018 e início de 2020, Love For Sale consiste em dez covers de Cole Porter, a quem o disco é uma homenagem. E essa parceria Porter-Bennett-Gaga é uma delícia de ouvir. Fora que resumem bem os quase 80 anos de carreira de Bennett. São artistas extraordinários, uma amizade bonita e um álbum para lá de divertido.

Se a palavra “clássico” tivesse uma personificação, seria algo muito parecido com Bennett e seus 95 anos de idade com uns 70 de carreira. Já Lady Gaga, com 35 anos e sete álbuns lançados, é conhecida por romper com as regras, desde as batidas diferentes aos vestidos de carne. Contudo, Stefani Joanne Angelina Germanotta – seu nome verdadeiro – tem um pequeno passado no jazz. E esse encontro com Bennett permitiu que essa personagem fosse, felizmente, reavivada. Aliás, a cantora de Chromatica (2020) já anunciou algumas datas em Las Vegas dedicadas ao estilo.

Parceria antiga

Tony Bennet e Lady Gaga começaram essa parceria em 2011 para o álbum Duets II, da lenda do jazz. Em 2014, juntaram-se novamente, mas para um álbum inteiro, o já citado Cheek to Cheek, que alcançou o topo da Billboard 200, a principal parada de discos dos Estados Unidos. Não demorou para que pudessem novamente nos agraciarem com mais pérolas. No meio de uma pandemia, a idade avançada do cantor e à doença de Alzheimer com a qual Bennett luta desde 2016, Love for Sale pode ser considerado, desde já, um registro histórico.

A começar por “Night and Day”, a segunda do disco, onde Bennett e Gaga trilham por nos impactar já de início com seus alcances vocais impressionantes. Uma surpresa quase nula na verdade pra quem já conhece bem a carreira dos dois. Mas é “Love For Sale”, a canção homônima do álbum, que vem o destaque maior. Neste momento, soa tão contemporâneo ouvir sobre amores fogosos e rápidos, mas também dos perigos que estes trazem. Musicalmente, pode não ser inesquecível, mas é um bom resumo do tom e estilo que podemos esperar da colaboração.

Nomes históricos da música

E apesar de ser justamente um álbum colaborativo, Tony Bennett e Lady Gaga cantam sozinhxs em algumas faixas, como “So in Love” e “Do I Love You”. Mas Love For Sale prima mesmo pelos momentos que têm juntos como “Just One Of Those Things” e “I Get A Kick Out Of You”, outro hit bastante conhecido. É onde percebemos ainda mais que as vozes dos dois encaixam na perfeição.

Mesmo com a idade sendo perceptível na voz de Bennett, não deixa de ser uma grande som. Além disso, qualquer dúvida que restasse sobre se Lady Gaga conseguia, de fato, cantar jazz é absolutamente dizimada. A artista consegue transformar-se numa personagem completamente independente da diva pop que enlouquece seus ‘little monsters’

Por fim sobre o disco Love For Sale, Lady Gaga ainda afirmou: “Tony me deu a inspiração de ter toda a atenção do estúdio novamente. Ele me lembrou que eu sou uma artista.”

Sim, Lady Gaga, você é. E, ao lado do lendário Tony Bennett, provou ser das grandes.

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Ouça Love For Sale, com Tony Bennett e Lady Gaga

Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
NAN