Alceu Valença traz todo o seu intimismo em ‘Senhora Estrada’
Cadu Costa
Alceu Valença é mais do que um poeta atemporal. É um senhor do destino, um trovador andarilho por diversas gerações. Que conhece o sabor da paixão, das caminhadas do coração e as soluções que o amor encontra pra seguir existindo. E tudo isso com aquele sotaque nordestino com gosto de Brasil de verdade. E é nesse espírito que o cantor lançou na última sexta-feira (19), nas plataformas digitais de música, seu novo álbum chamado Senhora Estrada.
O disco conta com 11 faixas e é o terceiro trabalho disponibilizado pelo pernambucano ainda em 2021. O confinamento devido a pandemia da Covid-19 fez o artista se reconectar seu lado voz e violão, num clima mais intimista, assim como em Sem Pensar no Amanhã e Saudade, seus dois trabalhos anteriores. Mais uma vez também, o músico retoma as lembranças da origem de sua trajetória.
“Remete a São Bento do Una, cidade onde nasci, e que tem uma coisa muito ibérica. A minha convivência com os aboiadores do mato, os sanfoneiros da minha cidade. Vem o embolador, vem o violeiro, vem a feira, todas essas lembranças”, explica Alceu.
Tem até música de Luiz Gonzaga: “Quando eu vim do sertão / Seu môço, do meu Bodocó” (canta trecho de “Pau de Arara”). “Mergulhei no meu universo, na minha infância e na minha influência primal”, completa o artista.
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Luiz Gonzaga
E Senhora Estrada já se inicia com Alceu Valença relembrando o rei do baião com a doçura de suas melhores criações, em personalíssimas versões de “Pau-de-Arara” e “Sala de Reboco”. Seu violão enaltece o legado de Luiz Gonzaga e aproxima ainda mais o artista da imortalidade da música brasileira.
Seguimos com “Pé de Rosa”, composição de Alceu para álbum Forró Lunar, onde celebramos o amor nos arrasta-pés da vida: “Pra quem sofre de dor de cotovelo, remédio é forró, xote e baião”.
Também vindo de Forró Lunar, temos “Xote delicado”, música onde Alceu exalta o amor pela esposa, Yanê Valença, autora das fotos promocionais do álbum Senhora Estrada.
Destaques
Mas os grandes destaques vão para “Flor de Tangerina”, canção de 2002 onde só conseguimos sorrir ou chorar por conta dos amores passados ou não; bem como “Coração Bobo”, um baião feito em homenagem a Jackson do Pandeiro, feito aqui somente para emocionar o coração do vagabundo.
O disco fecha com a canção homônima “Senhora Estrada”, única inédita, onde Alceu Valença louva a companheira fiel do destino itinerante do cantador popular.
Livro e turnê
Além disso, Alceu Valença planeja lançar um livro em 2022 com poemas e crônicas que ele produziu na estrada ao longo dos anos. Se depender de sua agenda, o artista deve acumular mais material para um segundo livro nos próximos tempos. Afinal, ele está voltando a viver na estrada. Tem shows marcados no Brasil até dezembro para, em janeiro, embarcar para uma turnê na Europa.
Em fevereiro, é esperado no Carnaval, especialmente em São Paulo – onde lidera o bloco Bicho Maluco Beleza – e Olinda. Também vislumbra mais shows para o primeiro semestre, já planejando as festas juninas para recuperar o tempo perdido sem o amor de seu público.
Então, se depender do amor que ofereceu em 2021 com sua trilogia de discos, podemos esperar uma catarse nessas apresentações. E não será suficiente. Afinal “todo o tempo que eu tiver pra mim é pouco pra dançar com meu benzinho numa sala de reboco”.
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