Maurício Barros Não Tá Fácil pra Ninguém crítica do álbum foto de marcos hermes

Maurício Barros, do Barão Vermelho, mostra talento em álbum solo

Wilson Spiler

Com 40 anos de estrada – a maior parte deles no Barão Vermelho, onde ainda permanece firme e forte -, o tecladista Maurício Barros se lança, enfim, em carreira solo com o álbum Não Tá Fácil pra Ninguém. Aliás, o disco chega às principais plataformas digitais de música nesta sexta-feira (26) e o ULTRAVERSO teve a oportunidade de ouvi-lo de forma antecipada.

Apesar de pouca gente saber, Maurício já obteve muito êxito como compositor. Autor de sucessos como “Amor pra recomeçar” e “Por Você” (ambas com Frejat e Mauro Santa Cecília); assim como “Puro Êxtase” (com Guto Goffi); o músico traz agora um lado que, ao que parece, não cabia em nenhum de seus projetos.

Pesos pesados

Das dez faixas de Não Tá Fácil pra Ninguém, duas são assinadas apenas pelo próprio Maurício Barros, o álbum é recheado de parcerias, como Arnaldo Antunes, Fausto Fawcett, Otto e Mauro Santa Cecília. As canções trazem ainda participações de Dadi e Marcelinho Da Lua. Os músicos Mauricio Negão (da banda de Ney Matogrosso) e Lourenço Monteiro (Marcelo D2) tocam em todas as faixas.

E o músico não economizou para estrear em voo solo. Para masterizar o trabalho, convidou ninguém menos que o norte-americano Brian Lucey, que trabalhou com nomes como Elvis Costello, Liam Gallagher e Arctic Monkeys, por exemplo. O projeto gráfico do álbum ficou a cargo do artista plástico Raul Mourão e do designer Marcelo Pereira.

Mix de estilos musicais

Em Não Tá Fácil pra Ninguém, Maurício Barros passeia por diversos estilos musicais sem perder o apelo pop/rock que tanto o caracterizou durante a carreira. O álbum abre com a power ballad “Alô Alô Humanidade”, parceria com Fausto Fawcett de letra existencialista: “Vida insaciável irreversível, inevitável. Festa imprevisível”.

Em seguida vem “Mania”, um pop solar com Mauro Santa Cecília, seu parceiro antigo, e a poeta Bruna Beber.  O rock aparece de mãos dadas com o eletrônico em “Senti que Dancei”. Por outro lado, “Como Você Está?” é um pop rock com letra romântica e confessional.

O blues, tão identificado com o Barão Vermelho da década de 80, dá as caras na reflexiva “A Rua e Eu”, composta com Gian Fabra, parceiro dos tempos de Buana 4 (banda que Maurício liderou entre 1988 e 1991), que também toca baixo na faixa.

O amor também é o tema da delicada balada “Zanzando”, parceria com Arnaldo Antunes. “Não vou ficar esperando nem açúcar, nem afeto. Nem me desesperando por seu desprezo discreto”, canta o artista.

Esperança e resistência

“Abra Essa Porta”, parceria com Otto (que canta o coro) é a sétima faixa é também a primeira música de trabalho lançada no fim de outubro. Uma improvável mistura de folk-rock com eletropop e bateria marcada remetendo ao maracatu. É, certamente, a melhor música do álbum, com uma letra reflexiva e extremamente motivacional: “Abra essa porta, perca o seu medo”. A escolha da canção para divulgar o novo trabalho é de uma felicidade tão grande que só músicos do naipe e experiência de Maurício conseguem.

Numa onda totalmente diferente, a faixa-título “Não Tá Fácil pra Ninguém” é um belíssimo samba em parceria com Rogério Batalha; enquanto “Já Me Sinto Bem” é um ska interessante. O álbum fecha com “Não Desista”, balada indie rock, que tem uma das letras mais contundentes do álbum: “Não desista, porque ainda não chegou a hora, é preciso resistir”, exclama Maurício, indo ao encontro do que muitos brasileiros andam precisando cantar.

Com o álbum Não Tá Fácil pra Ninguém, Maurício Barros prova que há vida além do Barão Vermelho. Embora a banda não tenha chegado ao fim – e esperamos que nunca venha esse dia -, a hora que precisar de um hiato, ainda resta muito fôlego para o experiente músico.

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Ouça o álbum Não Tá Fácil pra Ninguém, de Maurício Barros

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
NAN