‘Branco no Branco’ peca pelo excesso de minimalismo

Fábio

Vencedor da Palma de Ouro em Cannes em 2009, A Fita Branca, do diretor austríaco Michael Haneke, é um filme que, de maneira muito sutil, mostra as raízes do movimento que mais tarde culminaria no nazismo alemão. Em nenhum momento há uma referência direta a um dos piores momentos da história que culminou no assassinato de mais de seis milhões de judeus. No entanto, algumas ações pequenas que somadas a outras e ao contexto do filme nos permite entender que ali é o começo de tudo.

Infelizmente não é o que acontece em ‘Branco no Branco’, produção que era a candidata do Chile a ser uma das concorrentes ao Oscar 2022 na categoria Melhor Filme Internacional. Aqui, a sutileza e o minimalismo são excessivos, fazendo com que o espectador demore ou até esmo não perceba qual o principal tema do filme.

Branco no Branco

A história

Em Branco no Branco, acompanhamos Pedro (Alfredo Castro) contratado para fotografar Sara (Esther Vega), a jovem noiva do Sr. Potter, dono das terras locais que não aparece para tirar a foto do próprio casamento por ser “um homem ocupado demais”. Sem uma data definida para a cerimônia, cabe ao fotógrafo ficar abrigado no congelante vilarejo, aguardando uma definição do seu novo patrão.

A medida que o tempo passa, ele desenvolve uma atração pela jovem, que acaba despertando a atenção dos outros empregados e, obviamente, do seu patrão. Isolado, acaba conhecendo a brutalidade do seu empregador e passa a entender o que acontece naquelas terras.

A fotografia

Uma das melhores qualidades em Branco no Branco é sua belíssima fotografia, que, em suma, acompanha os olhares de Pedro, captando todos os detalhes e nuances do local. Seja em ambientes fechados ou abertos, ela é trabalhada cuidadosamente para situar o espectador, assim como mostrar em detalhes o que se passa aos seus olhos.

Pena que o filme se resume basicamente a este excelente trabalho e a de algumas atuações do seu elenco (principalmente a dupla formada por Castro e Esther). Quando ele resolve finalmente abordar os temas que ele pretende discutir, ele não obtém sucesso. Isso porque o objetivo era mostrar como o convívio com a violência vai transformando o sensível Pedro em uma pessoa mais dura e indiferente a brutalidade cometida pelos seus “companheiros de trabalho”.

Mas o diretor trabalha de maneira extremamente superficial e não permite ao espectador acompanhar essa mudança de personalidade do protagonista. Uma pena, porque se isso fosse melhor explorado, seria bem possível que o Chile não apenas tivesse um representante no Oscar, e sim um possível vencedor.

Branco no Branco

Aliás, vai comprar algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa

Ficha técnica – Branco no Branco

Título original: Blanco en Blanco
Direção: Théo Court
Roteiro: Théo Court, Samuel M. Delgado
Elenco: Alfredo Castro, Lars Rudolph, Lola Rubio, Esther Vega, David Pantaleón, Ignacio Ceruti
Data de estreia: sex, 21/01/2022
Onde assistir: Filmicca
País: Espanha, Chile, França, Alemanha
Gênero: drama
Duração: 100 minutos
Ano de produção: 2019
Classificação: 16 anos

Fábio

Santista de Nascimento, flamenguista de coração, paulistano por opção. Jornalista, assessor de imprensa viciado em cinema, série, HQ, música, games e cultura em geral.
NAN