‘Kimi: Alguém Está Escutando’ traz um Soderbergh em má forma
Wilson Spiler
Steven Soderbergh é um diretor conhecido por obras marcantes; por bem, como Contágio (2011), Sexo, Mentiras e Videotape (1989), A Lavanderia (2019); ou por mal, como Solaris (2002) ou até Traffic (2000), este último marcado mais pela surpreendente indicação ao Oscar 2001 como Melhor Filme.
A verdade é que estamos lidando com um cineasta provocativo, que não faz seu trabalho apenas de forma burocrática e ao menos tenta produzir algo diferente. É o que acontece com o filme Kimi: Alguém Está Escutando (Kimi), que estreou recentemente no catálogo da HBO Max.
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História do filme Kimi
O longa se passa durante a pandemia Covid-19 em Seattle, nos Estados Unidos. Zoë Kravitz é Angela Childs, uma funcionária de tecnologia agorafóbica descobre evidências de um crime violento enquanto revisa um fluxo de dados, e é recebida com resistência e burocracia quando tenta reportá-lo à sua empresa.
Para se envolver, ela percebe que deve enfrentar seu maior medo ao se aventurar para fora de seu apartamento e para as ruas da cidade, que estão cheias de manifestantes depois que a prefeitura aprova uma lei que restringe os movimentos da população em situação de rua.
Kimi, que dá nome ao filme, é uma espécie de Alexa ou Siri, ao qual estamos acostumando a conviver – e depender. Mas, segundo o próprio fabricante do produto, a diferença em quem o produz. De acordo com o dono da empresa, não há algoritmos tentando entender o que pensamos, mas pessoas reais analisando os pedidos, ou seja, escutando tudo o que desejamos e fazemos.
O que é agorofobia?
A doença é bem aprofundada no filme – e agravada por causa da pandemia. Afinal, a personagem principal só fica trancafiada dentro de casa, se comunicando basicamente por mensagens de texto e pela internet, e ainda posta uma vida fake nas redes sociais, escondendo o transtorno.
Angela vive uma enorme dificuldade de sair na rua (até para fazer uma simples visita ao dentista) e, diante do problema ao qual enfrenta, passa por um conflito angustiante entre o dever e o medo.
Pegando no tranco e no drama
O problema de Kimi: Alguém Está Escutando é que demora a engrenar e a protagonista resolve, com apenas uma ligação, fazer o que ela se recusava anteriormente: deixar o seu apartamento. De fato, ela passa por todo um sofrimento por conta do caso do possível assassinato, mas a resolução parece simples demais para alguém que tem um distúrbio tão grave.
Mas Soderbergh consegue criar um clima de suspense interessante, com todos sendo suspeitos ao mesmo tempo, seja por cometerem ou acobertarem o crime. Além disso, há outras surpresas acerca de Angela que aprofundam o drama da personagem principal e, claro, da história em si.
Mas o desenvolvimento da narrativa acaba se perdendo, com os bandidos sendo de segunda categoria e algumas cenas de pura vergonha alheia. O final, então, descamba quase para um pastelão, resolvendo tudo num simples passe de mágica.
A bem da verdade, Soderbergh tentou fazer mais uma vez algo diferente, mas escorregou aqui e entrega um de seus piores trabalhos, o que vindo dele, já está bem acima da média de muitos diretores.
Onde assistir ao filme Kimi: Alguém Está Escutando?
A saber, o filme Kimi: Alguém Está Escutando está disponível para assinantes da HBO Max. Aliás, vai comprar algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.
Trailer do filme Kimi: Alguém Está Escutando, da HBO Max
Kimi: Alguém Está Escutando (HBO Max): elenco do filme
Zoë Kravitz
Rita Wilson
India de Beaufort
Emily Kuroda
Byron Bowers
Ficha Técnica
Título original: Kimi
Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: David Koepp
Duração: 89 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: suspense, ficção científica
Classificação: 16 anos