filmes dirigidos por mulheres

Filmes dirigidos por mulheres para assistir o ano inteiro

Ana Rita

Uma maneira de dedicar o espaço necessário para as mulheres no cinema é simples. Consumam e indiquem filmes dirigidos por mulheres. Temos a ideia equivocada de que a mulher também está sendo valorizada apenas por protagonizarem filmes que ocupam os grandes circuitos. Quando, na esmagadora maioria das vezes, são filmes dirigidos e escritos por homens.

Um exemplo é o diretor espanhol Pedro Almodóvar. Por mais que eu goste de Almodóvar, é evidente que seus trabalhos são geralmente filmes sobre mulheres. E, mesmo que se preze por sua valorização, continua sendo a visão de um homem. Ciente da minha responsabilidade como mulher que escreve sobre filmes, o mínimo que me incube é indicar filmes dirigidos por mulheres presentes em alguns streamings no Brasil.

Confiram e assistam!

Filmes disponíveis na FILMICCA:

Primeiramente, o mundo do cinema não é tão inclusivo com relação às mulheres, e isso é óbvio. Quando conhecemos trabalhos de mulheres diretoras geralmente são sempre os mesmos nomes. Mas há, sim, muitas diretoras por aí, seja em atividade ou que foram responsáveis por grandes obras no cinema. No streaming Filmicca, algumas diretoras talvez não tão ‘convencionais’ estão presentes (vale a conferida no catálogo), como Chantal Akerman, Vera Chytilová, Jacqueline Audry, Lynne Ramsay.

A plataforma conta atualmente com um especial da diretora belga Chantal Akerman, com obras primas como: ‘Je, Tu, Il, Elle’, ‘Não É Um Filme Caseiro’ e ‘Jeanne Dielman’. Chantal foi uma daquelas diretoras que mudou a história do cinema. Foi a pioneira do cinema experimental feminista, com longas e curtas inovadores e espetaculares. Além disso, seu cinema tem como objeto principal a mulher e ainda traz muitas questões pessoais da diretora.

Aproveitando a indicação de Jane Campion ao Oscar de Melhor Direção em 2022 por “Ataque dos Cães”, ela recebeu a mesma indicação por “O Piano”. Presente no catálogo da Filmicca, “O Piano” é um daqueles filmes de tirar o fôlego. E um marco por ser o primeiro filme dirigido por uma mulher a ganhar a Palma de Ouro no Festival de Cannes.

Filmes disponíveis no Globoplay/Telecine:

A diretora francesa Céline Sciamm é sem dúvidas um dos maiores nomes do cinema na atualidade. Com um dos melhores filmes do século, ‘Retrato de Uma Jovem em Chamas’. Na plataforma, também estão presentes outros incríveis filmes seus: “Tomboy” e “Lírios d’Água”.

Nesse sentido, outra indicação no serviço é Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre, dirigido por Eliza Hittman. Que é uma das maiores injustiças do Oscar de 2021.

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Filmes disponíveis na HBO Max:

Eu sei que todo mundo conhece “Matrix” e que a maioria já assistiu. Portanto, não é uma indicação inédita. Mas, ainda assim, é um dos trabalhos mais marcantes no cinema contemporâneo. Da mesma forma que revisitar esses filmes é descobrir novos detalhes (e mais críticas para esse mundo caótico).

A trilogia foi dirigida pelas irmãs Wachowski, duas mulheres trans. E duas das maiores diretoras atualmente. “Matrix” é aquele filme que até nas camadas mais superficiais nos entrega reflexões impressionantes. Confesso que amo a saga e o último, Matrix: Resurrection, dirigido apenas por Lana, ganhou meu coração também. Todos os filmes estão disponíveis no HBO Max.

Filmes dirigidos por mulheres e disponíveis na Netflix:

O cinema brasileiro é um dos maiores do mundo, mas infelizmente não é reconhecido como deveria. Aproveitando que a Netflix é a maior plataforma de streaming do mundo, vão aqui três indicações de filmes nacionais dirigidos por mulheres.

Juliana Rojas é um importante nome no terror brasileiro atualmente, e isso não é à toa. A saber, suas duas obras mais conhecidas estão presentes no catálogo da Netflix: Sinfonia da Necrópole (um dos meus filmes nacionais favoritos, tem terror, comédia, musical e muita crítica) e As Boas Maneiras.

A outra dica é Animal Cordial , dirigido por Gabriela Amaral. A obra é recheada de metáforas, muita crítica, e como se espera de um bom terror, muito sangue. Um destaque especial para a atuação esplêndida de Luciana Paes.

Filmes disponíveis na MUBI:

Agora, como falar de cinema feito por mulheres e não citar uma das maiores diretoras da história do cinema? Agnès Varda é o nome de maior peso nessa lista. A diretora francesa é, em minha opinião, a peça mais importante da Nouvelle Vague Francesa. Para quem quer conhecer cinema ou ver aquele filme espetacular, conhecer a filmografia de Varda é fundamental.

A MUBI tem, em seu catálogo, um especial da diretora, o “Voilà Varda”. Vale a conferida em todos os filmes, mas fica a dica de: “Resposta das mulheres: Nosso Corpo, Nosso Sexo”, “Os Catadores e Eu” e “Os Panteras Negras”. Longas que são grandes obras do cinema e que trazem o ativismo da vida de Varda.

Aproveitando o excelente catalogo da MUBI, indico também “Farewell Amor”, primeiro longa da diretora Ekwa Msangi, que traz uma abordagem pessoal a respeito da imigração de angolanos nos Estados Unidos. Por fim, encerro com a dica de “Atlantiques”, um curta documentário de 2019 da diretora e roteirista Mati Diop.

Sem celebração ou comemoração

Seja como for, essa lista não tem data de validade. As mulheres não devem ser valorizadas apenas no dia 8 de março. Não é momento de celebração e comemoração, mas sim, de reflexão e valorização.

Por fim, a mulher no cinema não deve ter participação temporária. Não é figurante, não é personagem B. Acima de tudo, a luta da mulher – também no cinema – é ser ouvida e vista. Por mais que não pareça, o mundo não é apenas dos homens. E o cinema também não deve ser.

Valorizem o cinema feito por mulheres! Assistam a  filmes dirigidos por mulheres!

Ana Rita

Piauiense, nordestina e estudante de Arquitetura, querendo ser cinéfila, metida a crítica e apaixonada por cinema, séries, arte e música. Siga @trucagem no Instagram!
NAN