‘Madalena’ é muita contemplação e pouca objetividade
Bruno Oliveira
O filme Madalena estreou nos nossos cinemas em dezembro de 2021 e agora já se encontra disponível na Netflix. Ele foi escolhido uma das 10 melhores produções nacionais de 2021 pela ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e tem a direção do estreante Madiano Marcheti, que, até então, só havia dirigido curtas.
Embora a obra queira nos chamar a atenção de que o Brasil é o país que mais mata transexuais e travestis no mundo todo, não acredito que tenha tido a melhor abordagem para isso.
A trama
Em Madalena, acompanhamos Luziane (Natália Mazarim), Cristiano (Rafael de Bona) e Bianca (Pâmella Yulle). Nenhum dos três se conhecem, mas todos eles têm a Madalena do título em comum. Além disso, moram na mesma cidade e por pontos de vista bem diferentes acabamos conhecendo como cada um irá lidar com o sumiço da personagem-título do longa. Tudo isso dividido em três histórias diferentes que não se misturam em nenhum ponto.
Madalena possui uma duração de 85 minutos e cada história tem cerca de 25 a 30 minutos. É de fato, uma ideia muito interessante, que já ganha o espectador de cara. No entanto, logo na primeira história, já comecei a me sentir cansado. Isso porque o longa é muito contemplativo. Temos várias imagens lindas, mas nada realmente eficiente que faça a história avançar. Conhecemos pessoas comuns em seus cotidianos, com diálogos muito naturais, mas que não dizem muito a que vieram.
Pode ser que essa vagarosidade tenha a ver com o fato de que a maioria das pessoas não se importam realmente com o sumiço de uma pessoa trans. Se for isso, tudo bem, o filme, então, consegue acertar em cheio. Mas sinto que foi apenas uma narrativa escolhida pelo diretor.
Não temos um encerramento fechadinho e nem uma direção do que acontece com cada um desses protagonistas. Eles apenas existem e continuam suas vidas normais. Existe um pesar em todos eles, mas é apenas isso.
Ideia boa, mas sem desfecho direto
Me sinto um pouco culpado por não gostar de Madalena. Como se não tivesse entendido a proposta do filme e isso, de certa forma, faz com que me sinta burro. Uma narrativa mais direta talvez tivesse me deixado melhor com a obra. Não posso mudar o fato de como o diretor quer conduzir a narrativa, apenas aceitá-la. Como disse anteriormente, achei a ideia muito boa, mas não gostei de seu resultado final.
Madalena fala muito sobre a morte de transexuais, mas sinto que não o desenvolve o suficiente para um bom desfecho em relação a isso. Alguém que caiu de paraquedas aqui pode terminar o longa e nem saber sobre o que se tratava.
Conclusão
Apesar de não ter gostado muito, ainda recomendo assistir ao filme Madalena. Essa afirmação pode soar um pouco contraditório. Até entendo esse pensamento, mas posso explicar. A minha percepção de um assunto como esse pode não ter sido captada como deveria e talvez o público tenha maior perspicácia.
Acho uma temática muito válida para os dias de hoje, ainda mais com o Brasil liderando essa estatística vergonhosa. Por isso, volto a afirmar que apesar de não ter gostado, é uma obra que deve sim ser apreciada.
Onde assistir ao filme Madalena?
A saber, o filme Madalena já se encontra disponível para os assinantes da Netflix. Aliás, vai comprar algo na Amazon? Então apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.
Trailer do filme Madalena, da Netflix
Madalena (Netflix): elenco do filme
Natália Mazarim
Rafael de Bona
Pâmella Yulle
Ficha Técnica
Título original do filme: Madalena
Diretor: Madiano Marcheti
Roteiro: Tiago Coelho, Thiago Gallego e Madiano Marcheti
Duração: 85 minutos
País: Brasil
Gênero: drama
Classificação: 12 anos