Terno Rei volta ao Circo Voador em noite de reencontro
Fabricio Teixeira
Não dá pra dizer que as coisas não andam boas para a Terno Rei. Depois de tocar no segundo dia do Lollapalooza 2022, bem como serem confirmados como atração do Primavera Sound, em novembro, Ale Sater (voz e baixo), Bruno Paschoal (guitarra), Greg Vinha (guitarra) e Luis Cardoso (bateria) desembarcaram no Rio de Janeiro no último sábado (07) para reencontrar o público carioca depois quase três anos.
Da última vez que tocou no Circo Voador, o Terno Rei estava rodando o Brasil com Violeta (2019). Dessa vez, o carro-chefe da apresentação era o quarto registro de estúdio, intitulado Gêmeos. O álbum foi lançado em março deste ano e teve uma boa recepção tanto da crítica quanto do público. Isso, de fato, que explica a banda ter encontrado a lona mais tradicional do Rio de Janeiro bem cheia no sábado.
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Show de abertura de Gabriel Ventura, ex-Ventre
Antes mesmo da Terno Rei subir ao palco do Circo Voador, o público já dava os primeiros sinais de que a noite seria quente. Isso porque o show de abertura ficou por conta do guitarrista, compositor e produtor Gabriel Ventura. O ex-integrante da banda Ventre estava acompanhado de Felipe Duriez no baixo, e de Patrick Laplan na bateria.
O power trio fez bonito – mesmo com a qualidade do som não estando das melhores – ao mostrar ao vivo o belíssimo Tarde, lançado em março deste ano. O disco é o primeiro trabalho solo de Gabriel, desde o fim da Ventre, e arrancou muitos aplausos e elogios do público, que compareceu em peso para prestigiar a banda de abertura. Um fato, aliás, que o artista reparou e prontamente agradeceu.
Uma roupagem cada vez mais pop
E se o show do último sábado no Circo Voador foi uma prova de fogo para saber a aceitação de Gêmeos pelo público carioca, a Terno Rei passou com louvor! Para um álbum lançado recentemente, a empolgação do público tornava impossível distinguir o que era música nova e o que era um hit “antigo” da banda. Antigo entre aspas, porque das 21 músicas escolhidas para a apresentação, nove eram do Violeta – ficaram de fora apenas Roda Gigante e Amor-Perfeito-, deixando Vigília (2014) e Essa Noite Bateu Como Um Sonho (2016) inteiros de fora.
E a escolha de um setlist apenas com dois dos quatro álbuns da banda até que fez sentido. Afinal, Gêmeos segue o caminho de Violeta na construção de uma sonoridade mais pop. A execução das músicas ao vivo, com inserções eletrônicas precisas e um desenho melódico delicado cria uma atmosfera que nos transporta para os anos 1990. Além disso, mostra que os trabalhos não foram produzidos por mero acaso. O show prova que os dois álbuns têm uma narrativa poética que parece conversar.
Amadurecimento musical
Embora a Terno Rei já tenha seus mais de 10 anos de estrada, é notável que, da turnê do Violeta para a do Gêmeos, a banda passou por um processo de amadurecimento. Em parte isso é visto pelo teor das composições, mas é ao vivo que se percebe que o grupo está mais maduro em cima do palco. A quilometragem ganha recentemente parece ter feito bem ao quarteto, que se entrega sem medo para o público, mas sabe fazer escolhas arriscadas – como deixar dois de seus álbuns de fora do setlist.
Sem apostar em virtuosismos e pretensões de genialidade, a banda investe na simplicidade, e na sinceridade de um trabalho que conversa direto com quem está ali ouvindo e faz a banda crescer cada vez mais na cena indie. A amizade entre os integrantes adiciona uma leveza muito bem vinda ao show, e cria um laço com o público, que se entregou do início ao fim da apresentação. Para os fãs da Terno Rei, o show de sábado no Circo Voador foi um reencontro pelo qual valeu a pena esperar.
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