50 Anos de James Bond – Parte 19: “007 – O Mundo Não é o Bastante”
Pedro Lauria
Se existisse de fato um “Deus do Cinema” ele, com absoluta certeza, faria com que 007 – O Mundo Não é o Bastante fosse o último filme da franquia (calma, calma, digo pré-reboot). Não que esteja falando de uma obra primorosa que fizesse jus aos grandes filmes do espião – ela não é.
Porém é inegável que o décimo nono filme da franquia reúna tudo aquilo que fez a série se tornar a mais duradoura da história do cinema: Bond girls maravilhosas (talvez as mais bonitas da franquia), vilões disformes, invenções mentirosas, cenas de ação exageradas e… Q. Sim, Desmond Llewlyn, o ator que detém o recorde absoluto de aparições e que aqui faz a sua última.
Quem vê o ator, de 85 anos, poderia pensar que seu falecimento decorreu de uma saúde frágil. Pelo contrário. O ator nos deixou após um acidente de carro. E, por mais irônico que seja, seu último filme da franquia tem um tom de despedida que torna tudo ainda mais bonito. Então, quando Q apresenta R (John Cleese) e se despede dizendo que “é sempre necessário um plano de fuga” e sumindo por um elevador, se trata de uma bela coincidência e não de algo premeditado.
A história de 007 – O Mundo não é o Bastante se baseia em um apanhado que envolve traição, síndrome de Estocolmo, anarquismo e vingança – em um roteiro simples e bem estruturado. A história começa com a morte de um rico magnata em plena sede do MI6 e que acaba por ter implicações pessoais para Bond e para M (que aqui ganha um pouco mais de destaque).
A trama, interessante, tem em seus personagens seus maiores trunfos e maiores problemas. Enquanto Electra King (interpretada pela belíssima Sophie Marceau) carrega o filme nas costas ao fazer uma das mais complexas Bond Girls de todos os tempos, Robert Carlyle pouco pode fazer a respeito do anarquista Renard, que não tem carisma (essencial para os vilões da série) e nem profundidade (normal para a série). Vale ainda citar a doutora vivida por Denise Richards que não podia ser mais bonita e, ao mesmo tempo, inverossímil e completamente inútil para o desenvolvimento da história.
A direção de Michael Apted (diretor da melhor e mais famosa série de documentários que existe: 7 Up) é boa, nos rendendo incríveis cenas de ação (as mais exageradas da série), mas se mostrando falha em seu clímax. A luta final entre Bond e Renard carece de uma maior carga de tensão (um exemplo: a ameaça de que tudo explodiria por informações expositivas, pouco nos faz temer), a geografia da cena é extremamente confusa e a morte do vilão é broxante.
Entretanto, o decepcionante final (que se prolonga até a pouco inspirada última frase de Bond) não espelha o resto do filme. Com um bom ritmo, baseado na alternância entre boas cenas de ação e cenas que ajudam a movimentar a narrativa, 007 – O Mundo Não é o Bastante é um filme que poderia facilmente encerrar o legado do “Bond Clássico” e nos evitar o constrangimento que viria a seguir. Mas os “Deuses do Cinema” parecem não existir…
Ps. A música “The World is Not Enough” do Garbage é uma das mais marcantes da série. E isso diz muito.
BEM NA FITA: História interessante; Electra King; Belíssimas Bond Girls; Despedida de Q; Excelente tema
QUEIMOU O FILME: Final fraquíssimo; Vilão sem carisma; A personagem de Denise Richards
FICHA TÉCNICA:
Diretor: Michael Apted
Elenco: Pierce Brosnan, Judy Dench, Sophie Marceau, Robert Carlyle, John Cleese, Denise Richards, Robbie Coltrane e Desmond Llewelyn
Produção: Albert R. Broccoli
Roteiro: Neal Purvis, Robert Wade e Bruce Feirstein
Fotografia: Robert Elswit
Montador: Jim Clark
Porém é inegável que o décimo nono filme da franquia reúna tudo aquilo que fez a série se tornar a mais duradoura da história do cinema: Bond girls maravilhosas (talvez as mais bonitas da franquia), vilões disformes, invenções mentirosas, cenas de ação exageradas e… Q. Sim, Desmond Llewlyn, o ator que detém o recorde absoluto de aparições e que aqui faz a sua última.
Quem vê o ator, de 85 anos, poderia pensar que seu falecimento decorreu de uma saúde frágil. Pelo contrário. O ator nos deixou após um acidente de carro. E, por mais irônico que seja, seu último filme da franquia tem um tom de despedida que torna tudo ainda mais bonito. Então, quando Q apresenta R (John Cleese) e se despede dizendo que “é sempre necessário um plano de fuga” e sumindo por um elevador, se trata de uma bela coincidência e não de algo premeditado.
A história de 007 – O Mundo não é o Bastante se baseia em um apanhado que envolve traição, síndrome de Estocolmo, anarquismo e vingança – em um roteiro simples e bem estruturado. A história começa com a morte de um rico magnata em plena sede do MI6 e que acaba por ter implicações pessoais para Bond e para M (que aqui ganha um pouco mais de destaque).
A trama, interessante, tem em seus personagens seus maiores trunfos e maiores problemas. Enquanto Electra King (interpretada pela belíssima Sophie Marceau) carrega o filme nas costas ao fazer uma das mais complexas Bond Girls de todos os tempos, Robert Carlyle pouco pode fazer a respeito do anarquista Renard, que não tem carisma (essencial para os vilões da série) e nem profundidade (normal para a série). Vale ainda citar a doutora vivida por Denise Richards que não podia ser mais bonita e, ao mesmo tempo, inverossímil e completamente inútil para o desenvolvimento da história.
A direção de Michael Apted (diretor da melhor e mais famosa série de documentários que existe: 7 Up) é boa, nos rendendo incríveis cenas de ação (as mais exageradas da série), mas se mostrando falha em seu clímax. A luta final entre Bond e Renard carece de uma maior carga de tensão (um exemplo: a ameaça de que tudo explodiria por informações expositivas, pouco nos faz temer), a geografia da cena é extremamente confusa e a morte do vilão é broxante.
Entretanto, o decepcionante final (que se prolonga até a pouco inspirada última frase de Bond) não espelha o resto do filme. Com um bom ritmo, baseado na alternância entre boas cenas de ação e cenas que ajudam a movimentar a narrativa, 007 – O Mundo Não é o Bastante é um filme que poderia facilmente encerrar o legado do “Bond Clássico” e nos evitar o constrangimento que viria a seguir. Mas os “Deuses do Cinema” parecem não existir…
Ps. A música “The World is Not Enough” do Garbage é uma das mais marcantes da série. E isso diz muito.
BEM NA FITA: História interessante; Electra King; Belíssimas Bond Girls; Despedida de Q; Excelente tema
QUEIMOU O FILME: Final fraquíssimo; Vilão sem carisma; A personagem de Denise Richards
FICHA TÉCNICA:
Diretor: Michael Apted
Elenco: Pierce Brosnan, Judy Dench, Sophie Marceau, Robert Carlyle, John Cleese, Denise Richards, Robbie Coltrane e Desmond Llewelyn
Produção: Albert R. Broccoli
Roteiro: Neal Purvis, Robert Wade e Bruce Feirstein
Fotografia: Robert Elswit
Montador: Jim Clark
Pedro Lauria
Em 2050 será conhecido como o maior roteirista e diretor de todos os tempos. Por enquanto, é só um jovem com o objetivo de ganhar o Oscar, a Palma de Ouro e o MTV Movie Awards pelo mesmo filme.NAN