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Eu Traidor crítica do filme do Star Plus 2022

‘Eu, Traidor’ desperdiça tempo com fator primordial do filme e afasta espectadores

Bruno Oliveira

É muito difícil ver um filme em que o protagonista possui uma índole duvidosa. Se torna impraticável afeiçoar-se a ele e uma tarefa maçante tentar buscar algo que nos faça ter uma conexão mesmo que mínima para podermos torcer por ele. No filme Eu, Traidor (Yo, Traidor) lidamos com esse problema. Em seus primeiros 10 minutos já entendemos que ele não é uma pessoa boa e isso é só o início. O grande trabalho de roteiro é nos fazer ficar com ele até a sua redenção final, mas isso demora e acabou por me perder.

Sinopse

Máximo Ferradas (Mariano Martínez) é o herdeiro e filho mais novo de uma poderosa família do ramo de pescadores. Após forçar a venda da empresa por trás de seus familiares, ele exige sua herança e vai para terras distantes para se consolidar em seu próprio negócio. O jovem se instala em Perla del Mar, uma vila de pescadores onde acaba conhecendo um empresário do qual acaba se aliando para seus propósitos pessoais. Como nada é fácil, ele irá encontrar problemas na presença de um estimado pescador da região e se apaixonar por Maite, filha de um pescador do qual ele não se dará bem.

Eu, Traidor traz a saga de um homem ambicioso que, aparentemente, não mostra nenhum remorso pelas coisas que vai fazendo em seu caminho. O fato de enganar a sua família no início já nos mostra a que veio. O irmão mais velho não demora muito para entender as tramoias do irmão e rapidamente o chama de “traidor”. Nome que está estampado no título dessa obra. Isso já demonstra completamente a sua personalidade e nos mostra que ele não é uma pessoa boa.

Ascensão e queda

A partir desse ponto, damos início a um daquelas histórias de ascensão e queda de um indivíduo. A ambição traz o sucesso, o sucesso o leva à ascensão e, logo depois, a queda. Quando esse último atributo chega, vem pra valer a ponto de deixar nosso protagonista em uma depressão profunda. O problema é que quando esse momento aparece, ninguém se importa. Ele foi tão inescrupuloso até esse ponto que, na verdade, acabamos torcendo para isso.

É nesse momento que nasce o ponto de virada, mas já estamos falando de seus 20 minutos finais de projeção. Eu não estava mais me importando com o personagem e nem tive o sentimento de pena por ele ter perdido alguém que começou a amar. Me sinto frio o suficiente por dizer isso, mas é a verdade. O protagonista é malicioso o tempo todo e o roteiro pede que fiquemos do lado dele. Essa transição acabou por ser malfeita para mim e, definitivamente, não funcionou.

Conclusão

Eu, Traidor não é ruim, mas também não é nada excepcional. O filme acaba sendo assistível e indico para uma tarde morosa sem ter o que fazer. O cinema argentino tende a ser um dos meus preferidos, mas esse aqui fica um pouco longe do nível de qualidade de seus conterrâneos.

O fato de não nos identificarmos com o protagonista prejudica bastante e o ponto de virada se dá tardiamente. A obra até poderia ser mais envolvente como uma pessoa ruim, daquelas que gostamos mesmo assim, mas a verdade é que é bem sem graça mesmo.