‘Dahmer: Um Canibal Americano’ é perturbador ao extremo

Uma das coisas mais difíceis de aceitar (talvez a mais difícil) é a de que ‘Dahmer: Um Canibal Americano’ é baseado em uma história real. A minissérie que está em cartaz na Netflix é de longe a produção mais perturbadora do ano e desaconselhável para pessoas sensíveis e que não tenham estômago forte. Ela conta a história de Jeffrey Dahmer (interpretado com maestria por Evan Peters), um serial killer inescrupuloso, que assassinou e estuprou 17 jovens, em sua maioria negros, latinos e asiáticos dentro do seu apartamento.

No entanto, o mais assustador dessa história é o descaso das autoridades em relação a “ascensão” de Dahmer. Principalmente pelo desinteresse em investigar ou prestar atenção nas denúncias de uma vizinha que desde o princípio suspeitava de que crimes estavam acontecendo naquele lugar.

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Racismo

O motivo fica bem claro quando olhamos para os detalhes que estão em nossa frente. Dahmer era branco. Suas vítimas eram negras, latinos e asiáticos. A vizinha que insistia em chamar a polícia, Glenda Cleveland (em uma interpretação soberba de Niecy Nash), era negra. Em outras palavras, as autoridades não se importavam nem com as reclamações ou com os desaparecimentos das vítimas. Afinal, estes não eram brancos.

Por outro lado, os criadores Ryan Murphy e Ian Brennan tentam redimir esse racismo estrutural dando importância e narrando a história por meio dos olhares das vítimas e da vizinha ao invés de focar apenas no assassino.

Um dos melhores episódios, inclusive, é sobre uma dessas vítimas. Um jovem negro, homossexual, deficiente auditivo, cheio de sonhos e vindo de um ambiente familiar extremamente acolhedor, estável e saudável que, infelizmente, teve o azar de encontrar com Dahmer em seu caminho.

Jeffrey Dahmer

Aliás, outro grande acerto da minissérie é abrir um leque de possibilidades para tentar quais motivos levaram Jeffrey Dahmer a se tornar esta criatura repugnante retratada nesta produção. Ao invés de tratá-lo apenas como um monstro ou uma aberração que simplesmente nasce desse jeito, ela vai além.

 Levantando, assim, questões importantes que sugerem que a criação em um ambiente familiar tumultuado, medicamentos pesados tomados pela mãe durante a gestação e o isolamento social podem contribuir para transformar uma pessoa com tendências psicóticas em um serial killer.

Sem alívio

Isso não quer dizer que Dahmer: Um Canibal Americano alivia ou tentar humanizar o personagem transformando-o em um pobre coitado. Muito pelo contrário, ela deixa bem claro de que Dahmer é uma criatura inescrupulosa, que premeditava seus crimes, não tinha compaixão por ninguém e que não tinha nenhum remorso.

Mesmo que seu pai Lionel (em uma atuação maravilhosa de Richard Jenkins) tenta se culpar por abandoná-lo com a mãe quando se separou e por tê-lo criado com certa frieza e distanciamento, a série deixa bem claro que este pode ter sido um dos fatores, mas jamais o único, que o transformou neste psicopata.

Por fim, sendo repetitivo, trata-se de uma produção voltada para quem tem estômago forte. Embora não tenha muita cena violenta explícita, as descrições em detalhes vão deixar pessoas sensíveis em choque. E com razão.

Ah e para os saudosistas dos anos 80, uma surpresa. A madrasta de Dahmer é interpretada pela atriz Molly Ringwald, a eterna ‘Garota de Rosa-Shocking’.

Onde assistir a série Dahmer: Um Canibal Americano?

A saber, a série Dahmer: Um Canibal Americano está disponível para assinantes da Netflix.

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Trailer da série Dahmer: Um Canibal Americano, da Netflix

Dahmer: Um Canibal Americano (Netflix): elenco da série

Evan Peters
Richard Jenkins
Niecy Nash
Molly Ringwald

Ficha Técnica

Título original: Dahmer – Monster: The Jeffrey Dahmer Story
Criação: Ryan Murphy, Ian Brennan
Direção: Jennifer Lynch, Paris Barclay, Clement Virgo, Gregg Araki, Carl Franklin
Roteiro: Ryan Murphy, Ian Brennan, David McMillan, Reilly Smith, Janet Mock, Todd Kubrak
Temporada: 1
Episódios: 10
Duração: 55 minutos
País: Estados Unidos
Gênero: drama, suspense, policial
Ano: 2022
Classificação: 18 anos