‘Gotham Knights’ decepciona pela falta de originalidade

Felipe de Andrade

Finalmente, após o jogo sofrer com atrasos, conseguimos colocar as mãos no questionado o jogo do Batman sem o Batman (!?). Estamos falando de ‘Gotham Knights’, que pode ser traduzido como os Cavaleiros de Gotham. No entanto, o ar de grandeza só fica pelo título mesmo, infelizmente.

 O jogo foi desenvolvido pela WB Games Montreal. Trata-se do mesmo estúdio responsável pelo criticado ‘Batman Arkham Origins’, o primo feio da espetacular franquia Batman Arkham, da Rocksteady. Eles, somados aos jogos do Homem-Aranha, da Insomniac, permeiam várias listas dos melhores jogos de super-heróis já feitos.

Gotham Knights

O Jogo

Gotham Knights é um jogo de ação com diversos elementos de RPG e possui grandes leques de habilidades destraváveis para cada personagem. Além disso, tem a personalização de alto nível para cada um dos membros da bat-família. Mas cadê o Batman? Você pode estar se perguntando.

O Batman está morto! Sim, é isso mesmo. Neste universo o Cavaleiro das Trevas preferiu morrer a perder a vida e deixou a responsabilidade de cuidar de Gotham para seus pupilos. A equipe é formada por Robin, Asa Noturna, Batgirl e Capuz Vermelho. Em algum momento, todos já foram treinados pelo próprio Batman ao ponto de conseguirem preparo suficiente para que assumissem seu lugar caso uma situação dessas ocorresse. Sem dar grandes spoilers, eu posso dizer que o vilão que causou a morte do morcego aparece nos filmes da trilogia de Christopher Nolan.

Personagens

 Apesar de termos quatro personagens disponíveis para jogar, escolher um ou outro entre eles não cria grandes mudanças no desenrolar da história, missões ou até mesmo nas conversas com personagens secundários. O máximo que acontece é que as linhas de diálogos dos quatro mudam de acordo com o personagem escolhido. Afinal, isso embute a personalidade de cada um dos Cavaleiros, tentando criar alguma diferenciação entre eles. Exemplos disso são as dezenas de palavrões e esbravejos proferidos pelo Capuz Vermelho. Enquanto isso, o Asa Noturna é mais calmo e centrado, lembrando até o próprio Batman em seu modo de agir.

Gotham Knights

Jogabilidade

É muito provável que você vá jogar com o mesmo personagem do início ao fim do game. Pois irá se identificar mais com algum Cavaleiro ou com sua árvore de habilidades do que com os outros, já que o jogo segue sendo basicamente o mesmo com qualquer um deles. Inclusive os comandos são exatamente iguais para todos. Em outras palavras, com botões para correr, esquivar, abaixar para ataques furtivos, ataques curtos e de longo alcance (ou fracos e fortes). Assim como realizar parkour, agarrar e interrogar inimigos, além de fazer uso do arpéu, uma das principais mecânicas de locomoção durante a campanha.

Este último não lembra nem de longe o que utilizamos na franquia de jogos do Batman. Lá este item era primordial para a locomoção pelos cenários e combate, além dessa ferramenta ter sido construída de forma prática e perfeita. Já aqui, funciona de forma precária, muitas das vezes mirando em plataformas erradas, e carecendo da liberação de habilidades complementares para que possa ser minimamente útil.

Influências

Entretanto, Gotham Knights não herdou aspectos apenas do jogos do Batman. É possível notar a influência de jogos como Marvel Spider-Man, Assassin’s Creed, Mad Max, God of War, Guardiões da Galáxia, e até mesmo da franquia de luta Injustice, com sua personalização de alto nível para cada membro da bat-família.

No QG da equipe, após destravar novos uniformes, é possível usar o novo set completo ou vestir partes deles de acordo com a sua preferência, tipo colocar a máscara de um traje com as luvas de outro e o peitoral de um terceiro, administrando os bônus que cada parte proporciona.

Gotham Knights

Campanário

 A base de operações é chamada de Campanário e é como se fosse uma versão menor da bat-caverna. Não por estar debaixo da terra, e sim por oferecer menos recursos, segundo o próprio Morcego. Nela, podemos interagir com a equipe; fazer uso da personalização citada acima; realizar treinamentos; analisar pistas de crimes; criar e modificar itens, armas e equipamentos; destravar novas habilidades; escolher missões; realizar manutenção da moto; e ainda jogar um jogo antigo de arcade presente na instalação, mas que parece deslocado do resto do jogo.

Bike

E falando na moto, eu posso dizer que ela parece não se encaixar bem na gameplay do jogo. Se em Arkham Knight o batmóvel é questionado até hoje, este jogo trás uma moto que nem chega perto do quesito qualidade gameplay do carro em questão.

Ela simplesmente aparece do nada quando acionada com o apertar de um botão, brotando na nossa frente como se estivesse camuflada ou invisível nos perseguindo pelo mapa o tempo todo, ajudando a quebrar a imersão no jogo.

Ainda sobre a moto, seu design é estranho demais e nada prático, e outra coisa negativa é que pilotar com ela pela cidade não traz emoção alguma, além de possuir controles ruins e não passar sensação de velocidade. Digo, apesar dos efeitos sonoros e visuais, parece que ela não acelera mais a partir de certa velocidade, e ainda possui uma física estranha, deixando um quê de que o sistema não foi polido o suficiente.

Gotham Knights

Sistema de jogo

O sistema de jogo nos força a ficar saindo e voltando para o Campanário por diversas vezes. Pois sempre que saímos iniciamos a patrulha noturna, onde podemos realizar missões primárias e secundárias (que são obrigatórias aqui), impedir crimes, interrogar criminosos buscando informações sobre crimes maiores de super-vilões, realizar desafios e caçar colecionáveis. Não há passagem de tempo aparente e nem limite de tempo para explorar a cidade cada vez que saímos do QG, existe apenas alguma mudança de clima de vez em quando.

Ao voltar para a base haverá uma breve avaliação de desempenho no somatório de conquistas, realizações e de experiência obtida, que pode ser utilizada para liberar novas habilidades e melhorar equipamentos, para sair em outra patrulha na noite seguinte.

Repetição

Isto é basicamente o que faremos durante todo o jogo, tornando-o extremamente repetitivo. Sair, espancar criminosos, conseguir pistas para o crime grande, impedir esse crime, de vez em quando esbarrar com um ou outro vilão do Batman e fazer tudo de novo. Até mesmo os crimes disponíveis são poucos variados, com ameaça de bomba, arrombamento e resgate de reféns ocorrendo a todo momento.

Uma forma de tentar reduzir a repetição contínua e dar algum gás no gameplay é através do Multiplayer Online, que faz uso do lema “dividir e conquistar”. Aqui, cada personagem realiza objetivo diferente durante as missões e, também, permite explorar uma área maior do mapa ao mesmo tempo em que compartilham a experiência e itens ganhos durante a sessão conjunta, elevando o grau de dinamismo e diversão do game. Infelizmente até mesmo esse ponto positivo possui um lado obscuro, pois só é possível jogar com mais um amigo por vez, mesmo com o jogo disponibilizando quatro personagens jogáveis.

Comparação

Comparando novamente com os jogos do Batman, fica perceptível que a jogabilidade foi completamente baseada neles. Temos até uma versão da visão de detetive, chamada aqui de Realidade Aumentada que funciona da mesma forma de antes, destacando todos os pontos de interesse que podem estar no nosso campo de visão, além de ser usada durante investigação de cenas de crimes, analisando digitais, materiais e resolvendo puzzles por exemplo.

O combate e a movimentação também se espelharam nos jogos da Rocksteady, fazendo uso de combos, esquivas, contra-ataques, saltos, uso de equipamentos e finalizações. Sendo que aqui, como em todo o resto, faltou um pouco de atenção por parte dos desenvolvedores.

Falta fluidez

Fica aparente a todo momento a falta de fluidez de movimentos, como se a animação de cada ataque não encaixasse com o golpe seguinte direito, causando uma sensação estranha que quebra a imersão totalmente. O mesmo pode ser percebido durante a exploração entre os saltos pelo cenário, o uso do parkour e ao se pendurar com o arpéu.

Com relação ao visual do game podemos dizer que ele não é de nova geração, apesar das versões de PS4 Xbox One terem sido canceladas. Algo aconteceu durante seu desenvolvimento, para que o título deixasse de ser cross-gen, e mesmo nos consoles atuais é possível perceber que os gráficos estão aquém do esperado.

Gotham City

Aqui temos a maior versão já feita de Gotham City para videogames, que é dividida em cinco áreas controladas por gangues e super-vilões com características próprias tanto no design quanto na personalidade. Seu tamanho pode ser desproporcional a qualidade visual, já que temos uma cidade grande para ser explorada que não é tão bonita e detalhada assim.

A qualidade do design dos personagens varia muito dependendo da sua importância dentro do game, com os Cavaleiros de Gotham trajando dezenas de uniformes ricos em detalhes e muito bem feitos, e os super-vilões também ficaram bem legais na tela com suas novas versões. Os criminosos comuns, assim como os membros de gangues possuem visuais que cumprem o seu papel, devido ao fato de possuírem uma variedade razoável e não se repetirem tanto na mesma tela.  Os pontos baixos ficam por conta dos NPCs e dos próprios 4 personagens principais quando estão sem seus uniformes, já que parecem ter vindo de 2 gerações atrás, destoando de todo o resto do game de forma negativa.

Seleção de desempenho

Gotham Knights também não possui modos de seleção de desempenho, como acontece com a grande maioria dos jogos da atualidade. Assim, ele dá opções de resolução e números de quadros variáveis, rodando em 30 quadros por segundo apenas. Assim, temos diversos momentos mostrando quedas nesta taxa aparentemente sem motivos, o que pode irritar bastante.

A saber, a trilha sonora é um dos pontos altos do jogo. E isso se dá por por dois compositores de peso na indústria de games respondendo pela trilha sonora. Eles são responsáveis pelas trilhas de jogos das franquias Horizon, Killzone e Little Big Planet, ambos exclusivos dos consoles PlayStation.

As músicas combinam muito bem com o universo do homem morcego. Elas trazem, em suma, temas por vezes sombrios ou heróicos. Além disso, contam com algumas faixas licenciadas de artistas da atualidade, o que pode não agradar alguns jogadores.

Veredito

 Gotham Knights busca seu lugar em meio aos órfãos da franquia Batmam Arkham, mas ficando abaixo em qualidade no geral. Sua gameplay competente, bem como sua história pouco inspirada dão lugar a repetição e tédio com o passar do tempo, que através do multiplayer pode garantir alguma sobrevida ao título injetando um pouco de diversão que, ainda asssim, se esvai com o tempo. Super-vilões são sub aproveitados e, assim, não inspiram interesse algum dos fãs de Batman, fazendo com que o jogo perca o seu maior chamariz.

Trailer – Gotham Knights

Prós

  • Localização em PT-BR
  • Universo do Batman
  • Cidade grande a ser explorada
  • Boa trilha sonora

Contra

  • Câmera mal posicionada durante os combates
  • Física estranha
  • Combate desbalanceado
  • Performance ruim e quedas de quadros
  • Sincronia labial inexistente

Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:

https://app.orelo.cc/uA26

https://spoti.fi/3t8giu7

Felipe de Andrade

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Créditos Galáticos:

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